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terça-feira, 23 de outubro de 2012

A PSICANÁLISE É EM ESSÊNCIA UMA CURA PELO AMOR !


SOBRE O AMOR
“ A Psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor.”
                                                             Freud,  numa carta a Jung.

            Qual o lugar do amor na Psicanálise? Esta é a pergunta que a psicanalista Olivia Bittencourt Valdivia faz em seu artigo: “ A Linguagem Interminável dos Amores”, e que tomamos como nossa. Como podemos diferenciar o amor transferencial do amor cotidiano? Existe um amor transferencial e um amor cotidiano distintamente? Será que o amor transferencial não nos dão pistas sobre o amor cotidiano ou ainda será que o amor cotidiano não nos dão pistas sobre o amor e ódio transferenciais?
            “ Freud humano e apaixonado nos deixa os mapas de sua exploração. Em seu percurso amoroso e sensual e autorizado pôr uma longa experiência clínica, há muito se interrogava sobre a vida amorosa dos homens. Em fins do século passado tentando entender a histérica percebeu que talvez ela quisesse dizer alguma coisa com o seu  corpo. Alguma coisa que não conseguia dizer com palavras. E a histérica falou do sexo, do amor, do ódio e da culpa. Freud sem querer, inaugurou o lugar da Psicanálise, que é na verdade o lugar de uma relação de amor. Nesta relação a libido refaz seus caminhos até a possibilidade de uma relação de amor com o analista, que abre esta possibilidade para a vida do analisando. Freud revolucionou a compreensão da noção de sexualidade colocando o sexual no registro do pulsional, estabelecendo a idéia de uma impossibilidade de satisfação, só encontrada  através da fantasia.”[1]
            No rastro da sexualidade caminha o amor ou, como queiram, no rastro do amor caminha a sexualidade. Assim como a meta da pulsão é satisfazer-se a meta do amor é encontrar-se.
            Aristófanes nos conta que nossa antiga natureza não era tal como a conhecemos hoje e sim diversa. Os seres humanos encontravam-se divididos em três gêneros e não apenas dois - macho e fêmea - como agora. Havia um terceiro gênero que possuía ambas características e que era dotado de uma terrível força e resistência e, além disso, de uma imensa ambição; tanto que começaram a conspirar contra os deuses. Zeus e as demais divindades viram-se então tendo que tomar providências para sanar tal insubordinação; tinham a alternativa de extinguir a espécie com um raio, como haviam feito com os gigantes, porém perderiam também as homenagens e os sacrifícios que lhes advinham dos humanos. Pôr um outro lado permitir tal insolência pôr mais tempo era impensável. Resolveu-se então parti-los ao meio, desse modo não  só se enfraqueceriam como também aumentariam de número. Assim foi que até hoje, divididos como estamos,  que cada um infatigavelmente procura a sua outra metade.
            Essa busca incessante aparece no discurso de nossos analisandos das mais diversas  formas, todos desejam, em última instância ser amados. Todas as histórias narradas podem ser lidas  como histórias de amor. Numa composição binária: atividade e passividade, sadismo e masoquismo, paixão e recato, procura e espera, amar e ser amado, cada um à sua maneira e todos numa mesma composição, desenvolvem o drama de suas paixões num palco cercado pôr quatro paredes.
            “A energia de Eros (libido), faz referência a tudo o que pode sintetizar-se como amor, incluindo : o amor a si mesmo, aos pais, aos filhos, à humanidade, ao saber e aos objetos abstratos. Nele convergem pulsões parciais de ternura, ciúme, inveja e desejos sexuais orientados para os mesmos objetos. O amor é , assim, apresentado como uma ampliação do conceito de sexualidade e ao mesmo tempo ancorado na inadequação radical dos objetos à satisfação sexual, vinculada a um fator de desprazer  inerente `a sexualidade humana.”[2]
            Freud à partir dos três ensaios sobre a sexualidade, vai descrevendo o processo de sexuação/subjetivação humana, como uma tentativa de convergência das pulsões sexuais infantis (perverso polimorfo) à uma organização genital adulta, na qual estaria presente a possibilidade de reprodução. Na organização genital adulta, as pulsões se unificariam sobre o primado da genitalidade e reencontraria então a fixidez e a finalidade aparentes do instinto. Sabemos, entretanto, que este encontro/reencontro é da ordem do mítico. A pulsão nunca se satisfaz; não pela “inadequação radical dos objetos”, como coloca Olivia, mas pela inadequação da sua própria proposição - satisfazer-se.
            A pulsão cega, muda e perdida, encontra seus olhos, sua boca e seu rumo no discurso amoroso. O discurso amoroso que, diga-se de passagem,  não recobre somente aquilo que entendemos como os belos gestos ou as belas palavras, mas também os mais odiosos gestos e as mais estúpidas palavras.
            “ O discurso amoroso (odioso) sufoca o outro, que não encontra lugar algum para a sua própria fala nesse dizer maciço. Não é que eu o impeça de falar, mas sei como fazer para deslizar os pronomes : Eu falo e você me ouve, logo nós somos (Ponge). Às vezes, com terror, me conscientizo dessa inversão: eu que me acreditava puro sujeito  (sujeito submisso: frágil, delicado, miserável) , me  vejo transformado em coisa obtusa, que avança cegamente, que esmaga tudo sob seu discurso: eu que amo, sou coisa indesejável, faço parte do rol dos importunos: aqueles que pesam, atrapalham, abusam, complicam, pedem, intimidam (ou apenas simplesmente: aqueles que falam). Me enganei monumentalmente.
(O outro fica desfigurado pelo seu mutismo,  como nesses sonhos terríveis onde certa pessoa amada aparece com a parte inferior do rosto inteiramente apagada, sem boca; eu que falo , também fico desfigurado: o solilóquio faz de mim um monstro, uma língua enorme.)”[3]
            Este amor revelado num dizer maciço assemelha-se ao dizer psicótico; parece-me que a condição do amor psicótico não leva em conta a distância dos corpos, esta distância que aprendemos a respeitar e que às vezes  nos parece insuportável: “A gente sabe guardar distância: à mesa, no trabalho, na rua, existe um espaço devido. Se me aproximo demais, coro, desculpo-me. Por que tal distância? Eu quero companhia e quero solidão, mas a distância convencional é menor que a pedida pelo desejo de estar comigo e muito maior que a proximidade consoladora dos amigos que faltam.”[4]
            A loucura não seria mesmo essa anulação da distância que sabemos guardar uns dos outros? Não seria ela mesma um espécie  de verborragia que não levando em conta os espaços entres as palavras inaugura uma outra linguagem? Linguagem que se estrutura para além ou aquém dos sentidos  alcançados pelos eixos de referência usuais com os quais caminhamos? Caligaris dizia que se os neuróticos organizam-se segundo um mapa terrestre, os psicóticos se organizariam segundo um mapa estrelar!
            Mas seria mesmo só da loucura todas estas atribuições? Me parece que o ser apaixonado também almeja algo parecido: fazer de dois - um.  O ser apaixonado elege o seu amado`a condição de único, onipresente em seus pensamentos e em seu corpo. Onipotente em suas capacidades. Me parece que o ser apaixonado alcança o impossível, e por ser o impossível, não perdura. O impossível é dar nome a algo inominável, é se apropriar de algo inapropriável.
            “Por uma lógica singular, o sujeito apaixonado percebe o outro como um Tudo (a exemplo de Paris outonal), e , ao mesmo tempo, esse Tudo parece comportar um resto que não pode ser dito. E o outro tudo que produz nele uma visão estética: ele gaba a sua perfeição, se vangloria  de tê-lo escolhido perfeito; imagina que o outro quer ser amado como ele próprio gostaria de sê-lo, mas não por essa ou aquela de suas qualidades, mas por tudo, e esse tudo lhe é atribuído sob a forma de uma palavra vazia, porque Tudo não poderia se inventariado sem ser diminuído: Adorável! não abriga nenhuma qualidade, a não ser o tudo do afeto. Entretanto, ao mesmo tempo que adorável diz tudo, diz também o que falta ao tudo;  quer designar esse lugar do outro onde meu desejo vem especialmente se fixar, mas esse lugar não é designável; nunca saberei nada; sobre ele minha linguagem vai sempre tatear e gaguejar para tentar dizê-lo, mas nunca poderá produzir nada além de uma palavra vazia, que é como o grau zero de todos os lugares onde se forma o desejo muito especial que tenho desse outro aí (e não de um outro).”[5]
            Discutindo sobre o conceito de objeto (a), na teoria lacaniana, Nasio se pergunta: “Quem é o outro, meu parceiro, a pessoa amada? Quando Freud escreve que o sujeito faz o luto do objeto perdido, ele não diz ‘da pessoa amada e perdida’ e sim do ‘objeto perdido’. Por que? Quem era a pessoa amada que se perdeu? Que lugar ocupa para nós a ‘pessoa’ amada? Mas, será realmente uma pessoa?/  Coloquemo-nos no lugar do analisando, que deitado no divã, pergunta a si mesmo: ‘Quem é essa presença atrás de mim? É uma voz? Uma respiração? Um sonho? Um produto do pensamento? Quem é o outro?’ A psicanálise não responderá que o ‘outro é...’, mas se limitará a dizer: ‘ para responder a essa pergunta, construamos o objeto (a).’ A letra (a) é uma maneira de nomear a dificuldade; ela surge no lugar de uma não resposta”.[6]
            De uma certa maneira poderíamos dizer que o apaixonado mimetiza a letra (a)  na pessoa amada. O ser amado passa a ser a causa animadora dos desejos do ser apaixonado. Na ilusão de um ser total, completo, no qual nada falta, que lhe pode dar tudo e negar nada. Numa perspectiva lacaniana, o ser amado concebido desta maneira estaria no registro do (A) , grande Outro não barrado. Podemos ver aqui, uma suposta causa de inúmeros sofrimentos de amor, onde o ser apaixonado tenta alcançar no outro algo impossível, um gozo impossível. O assassinato ‘por amor’ talvez reflita um anseio, uma tentativa desesperada, de atingir o outro em sua  imaginada, desejada ‘essência’.
            A desejada captura da ‘essência do outro’ na verdade refere-se à uma  busca de nós mesmos; uma procura não apenas de uma suposta  unidade perdida, como também da força determinante, pulsional que nos atravessa e nos constitui. Nos constitui como seres estranhos a nós mesmos. Talvez o ser apaixonado reproduza inconscientemente a alienação primordial ao Outro, numa tentativa de metabolizar (ao estilo da repeticão traumática) esta experiência infantil alienante/constitutiva. Um mergulho na própria imagem especular.
             Nossas associações nos levam a pensar nas indicações de Freud quanto aos tipos de escolhas objetais sob as quais uma pessoa pode amar; seriam elas do tipo narcísico e do tipo anaclítico. Nunca encontramos essas categorias em seu estado puro, mas sim mescladas , sobressaindo um pouco mais desta do que daquela. Na paixão o que talvez se destaque seja o amor narcisista, o qual corresponderia à :  a) o que ela própria é, b) o que ela própria foi,  c) o que ela própria gostaria de ser, d) alguém que foi uma vez parte dela mesma. Na atitude afetuosa dos pais para com os filhos, onde Freud reconhece uma revivência e reprodução do  próprio narcisismo infantil dos pais, estaria um   modelo de amor, entre um homem e uma mulher adultos, do qual falávamos.
            Como Freud postula existiria ainda o modelo de relação por apoio ou anaclítico. A escolha objetal por apoio  se constrói à partir dos modelos das primeiras satisfações sexuais que se derivam da satisfação adquirida pelas pulsões do ego ou de auto-preservação. Entretanto, nos fica a pergunta, se não há ai também um  modelo predominantemente narcísico de ralação, pois como falávamos acima, os cuidados dos pais para com os filhos, se baseiam, desde a idade mais precoce, em princípios puramente narcísicos: “A criança terá mais divertimento que seus pais;  ela não ficará sujeita às necessidades que eles reconheceram como supremas na vida. A doença, a morte, a renúncia ao prazer, restrições à sua vontade própria não a atingirão;  as leis da natureza e da sociedade serão ab-rogadas em seu favor; ela será mais um vez realmente o centro e o âmago da criação - ‘Sua majestade o Bebê’, como outrora nós mesmos nos imaginávamos.”[7]
            Será que estas categorias, anaclítica e narcísica, realmente fazem algum sentido para nós? 
            Será que o amor não é sempre um amor narcísico? 
            Cabe neste momento passarmos a fazer uma distinção entre o amor e a paixão, entre o que concebemos como amor no sentido mais “pleno” da palavra e o amor como sentimento fugaz,  esvanecente. 
            Pudemos localizar apenas um aspecto do amor  quando  definíamos o ser amado no lugar do (A), grande Outro não barrado, ou seja  do outro que tem, que possui o que dá,  do outro supostamente completo. O amor propriamente dito, se situa diante do Outro destituído do que dá,  do grande Outro barrado, (A), em outras palavras do outro reconhecido em sua castração. Seria neste espaço que encontraríamos não mais a paixão, mas sim o amor.
            Eu sei do meu desejo de capturar o outro e fazer dele a minha semelhança, eu sei que meu desejo me transborda e não reconhece diques, eu sei que por ‘amor’ sou capaz de matar  para me fazer existir.
            No amor passa-se a saber não só sobre o próprio desejo, mas também sobre O desejo e que frente a ele não há um, e sim, dois. Quem disser que cabe só ao psicótico “esquecer” que existe um outro distinto, com uma lógica que lhe é peculiar , autônomo e independente em sua própria maneira de desejar e construir o mundo, com certeza nunca terá se apaixonado.
            Sócrates no ‘Banquete’, leva seus ouvintes à conclusão  de que o amor não pode ser belo; pois ama-se sempre aquilo que lhe falta e o amor, que ao belo sempre ama, (quem ama o feio, bonito lhe parece) só pode então ser destituído de beleza. Neste sentido o amor mostra uma de suas facetas  mais narcísicas: a pessoa dirige seu amor ao que ‘ela própria gostaria de ser’, e porque não dizer como Sócrates : ‘ ao que ela própria gostaria de possuir.’
            Entretanto Diotima fará Sócrates avançar em sua retórica sobre o amor...de uma maneira belíssima discorrerá por axiomas que irão chegar a um resultado mais belo ainda.  Não é por ser o amor destituído de beleza que ele seja necessariamente feio (narcísico?) dirá. O amor parece ser um intermediário entre os homens e os Deuses.
            Equivalendo o amor ao bem, comenta algo assim: os homens desejam o bem, mas não desejam só o bem e sim possuir o bem - e possuir o bem seria antes possuir o bem para sempre. A fim de que desejariam possuir o bem para sempre?   “Em concreto, qual o efeito que eles (os amantes) visam (desejando possuir o bem para sempre), sabes dizer-me?”
            Sócrates coloca : “Se o soubesse, não estaria aqui a admirar a tua ciência, Diotima, nem seguiria  as tuas lições para me instruir nessas matérias...”
            Pois bem, Diotima diz : “o alvo do Amor não é de fato o Belo”, como supõe Sócrates, mas sim “Gerar e criar no Belo!”  E gerar concretamente, pois para o ser mortal esta é a única via de se perpetuar e imortalizar:[8] “o Amor  tem igualmente em vista a imortalidade[9]
            Gostaria de acentuar com esta passagem que Diotima aponta para uma possibilidade de amar que ultrapassa a esfera pessoal e culmina com a criação, a qual se contrapõe à repetição.
            O amor em Freud nos leva a pensar o amor como repetição, estamos inseridos numa cadeia de imagos, marcados pelas impressões infantis, das quais não podemos nos furtar. “Quando amamos não fazemos mais que repetir; encontrar o objeto é sempre reencontrá-lo e todo o objeto de amor é substitutivo de algum objeto fundamental prévio à barreira do incesto.”[10]
            Em seu artigo, Olivia coloca que, em contraposição à Freud, a boa  nova de Lacan foi mostrar que “há possibilidade de novos amores possíveis”, “Lacan define o amor como aquilo que vem em suplência da relação sexual. Na impossibilidade da relação sexual ligada ao Real, há uma reversão simbólica permitindo ao sujeito a ilusão de que a relação sexual é possível. Na medida em que é momentânea, não consegue manter a certeza e se dá outra reversão imaginária que se revela como amor ”[11]
            Penso que Diotima nos mostra   como o amor transcende o amor imaginário, através do ‘gerar no Belo’ e amplia assim as possibilidades de suplência da ‘relação sexual’.
            Poderíamos ainda seguir discutindo sobre város temas que se abrem quando falamos do amor, por exemplo quanto a especificidade do amor do homem e do amor da mulher, que penso terem qualidades (e defeitos!) próprios, mas temos que nos reconhecer castrados também em relação à nossa criação.
            Quanto a disposição inicial   em discutir  as singularidades do amor de transferência do amor cotidiano não creio  que tenhamos feito muitos avanços. Miller discutindo sobre o amor de transferência, numa das conferências de Caraquenhas, nos mostra como esta distinção parece um tanto quanto arbitrária quando olhada com mais cuidado, pois se reconhecermos o amor de transferência como “uma repetição estereotipada das condutas inscritas no sujeito, dispostas a ressurgir quando se lhes dá ocasião” , isto, como diz Miller “é certo para todo amor”.[12]
            Assim como o amor não é algo do dia a dia, a entrada em análise também não. Porém quando esta acontece é indicação que aquela já se tornou possível, ou será ao contrário? A associação livre tem algo de uma postura alienada em relação ao outro ao qual se dirige a fala. Um pouco como a fala do apaixonado que com o seu discurso busca um sentido e um continente para sua emoção. O analista como suporte e condicionador da fala do seu analisando, aposta no inconsciente, transmitindo a idéia e a comprovação impírica, de que no limite da fala , da palavra, pode ser encontrada a verdade sobre o Outro que representa a si mesmo. Diríamos que o analista tem a função de balizador do gozo[13] do Outro, isto quer dizer que não só serviríamos como testemunhas da castração como também seríamos um eixo de referência às modalidades do sujeito gozar.

            Deixamos de lado, influenciados pela tortuosidade e dispersividade que o próprio  tema provoca, talvez uma das discussões principais deste trabalho, a saber: De que amor se trata , quando Freud , afirma que ‘a psicanálise é em essência uma cura pelo amor’! Freud cientista, Freud céptico quanto à própria natureza do homem[14], nos deixa um pouco embaraçados com uma afirmação como esta. Talvez tenhamos que dar atenção ao interlocutor a quem se dirige a frase com o fim de justificá-lo (desculpá-lo)? Mesmo assim, de que maneira?
            Todavia temos ainda a possibilidade de acreditar que o amor a que se refere Freud não é o amor judaico-cristão do qual descendemos, mas sim uma outra espécie de amor. Uma outra espécie de ‘aproach’.
            Mas, que espécie de amor/aproximação é esta?
            Diríamos que  a isto  que Freud dá o nome de amor  poderia  ser pensado como todas as nossas condutas que, conscientemente ou não, sintetizam a nossa ética, que num resumo um tanto grosseiro, significam:  saber que o sofrimento é algo inerente à condição humana, que não podemos viver no lugar do outro algo que lhe é próprio, que não podemos apartar o sofrimento de quem quer que seja , no máximo, acompanhá-lo.


BIBLIOGRAFIA

.  Valdivia, Olivia Bittencourt;  “A Linguagem Interminável dos Amores”;  Jornal do Federal  Nº34; 1993.
. Freud, Sigmund;  “Obras Completas”;  Ed. Imago; 1969.
. Platão;  “O Banquete”;  Edições 70;  1991.
. Alain Miller, Jacques;  “ Percurso de Lacan - Uma Introdução”;  Ed. Zahar;  1994.
. Barthes, Roland;  “Fragmentos de Um Discurso Amoroso”;  Ed. Franciso Alves;  1995.
. Herrmman, Fabio;  “Andaimes do Real - Livro I”;  Ed. Brasiliense;  1991.
. Nasio, J.-D.;  “Cinco Lições Sobre a Teoria de Jacques  Lacan”;  Ed. Zahar;  1993.
.  Souza, Paulo Cézar (organizador);  “Freud & O Gabinete do Dr. Lacan”;  Ed. Bras.;  1990.
. Milan, Betty;  “O que é Amor”;  Ed. Brasiliense;  1991 

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