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quarta-feira, 27 de março de 2013

M A G I A Uma história de amor


Cansada de rezar a Santo Antônio, a jovem balzaquiana quebrou a imagem de gesso e apelou para outro protetor. Chamou para uma séria conversa o seu anjo da guarda  e deu-lhe um ultimato: estipulou um prazo para conhecer o futuro marido: o último dia de maio.
 Sucederam-se os dias - ela ia conhecendo pessoas no trabalho, no clube, nas lidas diárias. A cada encontro, casual que fosse, perguntava-se: será este? - e pedia ao anjo um sinal, que tardava.
Chegado o último dia de maio, eis que na sua sala está o vizinho, velho conhecido de infância, a pedir emprestado o jornal.
O  anjo atendera enfim às suas preces. Era ele! Claro que, antes de ser marido, deveria ser namorado, e como fosse ele seu namorado (embora ele ainda não o soubesse), ela corou, fez-se tímida, sorriu o mais encantador dos sorrisos e desmanchou-se em gentilezas - café, biscoitos, música...
E como fosse ele seu namorado (embora ele ainda não o soubesse), ela o convidou para o almoço de domingo e decorou a casa com flores e deixou o baralho bem à vista, um convite para prolongarem a tarde preguiçosa.
E como fosse ele  seu marido (embora  ele ainda não o soubesse), ela confiou nele, confidenciou-lhe as idéias mais secretas, contou-lhe seus sonhos.
E  como fosse ele seu marido (embora futuro, e embora ele ainda não o soubesse), ela abandonou-se mulher, como um fruto maduro de outono a ofertar a polpa  saborosa e nutritiva.
Ele a colheu tão naturalmente que ela nem percebeu  em que momento exato a vida penetrou em suas entranhas, demoliu seus pré-conceitos e lançou-a em chamas em seus braços acolhedores de homem.
E não que ela quisesse fazer-se de moderna, contrariar os rígidos princípios de sua educação católica ou mudar  o seu comportamento, porque, afinal, nos dias de hoje etc... - é que, como fosse ele seu marido (embora futuro e embora ele ainda não o soubesse), ela despetalou-se, flor, e esparramou-se em ondas sobre o leito.
E o milagre aconteceu.
E hoje, sendo ele de fato de papel passado o seu marido bem amado, uns olhos de feiticeira piscam para ela com malícia do outro lado do espelho e lhe confessam, despudorados, que o anjo da guarda não teve nada a ver com a história. 




A mulher perfeita


Nasrudin bem que a queria
Nasrudin conversava com um amigo, que lhe perguntou:
- Então, mullah, nunca pensaste em casamento?
- Já pensei. Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, cheguei a Damasco, e conheci uma mulher espiritualizada e linda; mas ela não sabia nada das coisas do mundo. Continuei a viagem, e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era uma moça bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.
- E por que não casaste com ela?
- Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.

Da tradição Sufi




O lenhador e a raposa


Ele não pensou duas vezes
wpe37.gif (4620 bytes)Um lenhador acordava às 6 da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, só parando tarde da noite. Ele tinha um filho lindo de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança. Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando do bebê. Ao anoitecer, a raposa ficava feliz com a sua chegada.
Os vizinhos do lenhador alertavam que a raposa era um bicho, um animal selvagem, e portanto não era um animal confiável, e quando sentisse fome comeria a criança. O lenhador dizia que isso era uma grande bobagem, pois a raposa era sua amiga e jamais faria isso. Os vizinhos insistiam: “Lenhador, abra os olhos! A raposa vai comer seu filho. Quando ela sentir fome vai comer seu filho!”
Um dia o lenhador, exausto do trabalho e cansado desses comentários, chegou em casa e viu a raposa sorrindo como sempre, com sua boca totalmente ensangüentada. O lenhador suou frio e, sem pensar duas vezes, acertou um machado na cabeça da raposa. Desesperado, entrou correndo no quarto. Encontrou seu filho no berço, dormindo tranqüilamente, e ao lado do berço uma cobra morta.




Quanto você vale?


- Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?
O professor, sem olhá-lo, disse:
- Sinto muito meu jovem, mas não posso te ajudar, devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez depois. 
E fazendo uma pausa, falou:
- Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois talvez possa te ajudar.
- C...claro, professor, gaguejou o jovem, que se sentiu outra vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor. O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao garoto e disse:
- Monte no cavalo e vá até o mercado. Devo vender esse anel porque
tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível. 
O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.
Depois de oferecer a jóia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação e seu professor e assim podendo receber ajuda e conselhos. Entrou na casa e disse:
- Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel. 
- Importante o que disse, meu jovem, contestou sorridente o mestre. - Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vendê-lo e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.
O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse:
- Diga ao seu professor, se ele quiser vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel. 
O jovem, surpreso, exclamou:
- 58 MOEDAS DE OURO!!!
- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo poderia oferecer cerca de 70 moedas , mas se a venda é urgente...
O jovem correu emocionado para a casa do professor para contar o que ocorreu.
- Sente-se, disse o professor, e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, disse:  
- Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um expert. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor???
E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.
- Todos somos como esta jóia. Valiosos e únicos e andamos pelos mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem.



As sete maravilhas do mundo


E ela estava com vergonha de dizê-las
Um grupo de estudantes estudava as sete maravilhas do mundo. No final da aula, foi pedido aos estudantes que fizessem uma lista do que consideravam as sete maravilhas. Embora houvesse algum desacordo, começaram os votos:
1) O Taj Mahal
2) A Muralha da China
3) O Canal do Panamá
4) As pirâmides do Egito
5) O Grand Canyon
6) O Empire State Building
7) A Basília de São Pedro
Ao recolher os votos, o professor notou uma estudante muito quieta. A menina não tinha virado sua folha ainda. O professor então perguntou a ela se tinha problemas com sua lista. A menina quieta respondeu:
- Sim, um pouco. Eu não consigo fazer a lista, porque são muitos.
O professor disse:
- Bem, diga-nos o que você já tem e talvez nós possamos ajudá-la.
A menina hesitou, então leu:
- Eu penso que as sete maravilhas do mundo sejam:
1 - Ver
2 - Ouvir
3 - Tocar
4 - Provar
5 - Sentir
6 - Rir
7 - E amar ...
A sala então ficou completamente em silêncio...



Um Cachorrinho Especial

Diante de uma vitrine atrativa, um menino pergunta o preço dos filhotes à venda.
"Entre 30 e 50 dólares", respondeu o dono da loja.
O menino puxou uns trocados do bolso e disse:
"Eu só tenho 2,37 dólares, mas eu posso ver os filhotes?"
O dono da loja sorriu e chamou Lady, que veio correndo, seguida de cinco bolinhas de pêlo. Um dos cachorrinhos vinha mais atrás, mancando de forma vísível.
Imediatamente o menino apontou aquele cachorrinho e perguntou:
"O que é que há com ele?"
O dono da loja explicou que o veterinário tinha examinado e descoberto que ele tinha um problema na junta do quadril, sempre mancaria e andaria devagar.
O menino se animou e disse:
"Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!"
O dono da loja respondeu:
"Não, você não vai querer comprar esse. Se você realmente quiser ficar com ele, eu lhe dou de presente."
O menino ficou transtornado e, olhando bem na cara do dono da loja, com o seu dedo apontado, disse:
"Eu não quero que você o dê para mim. Aquele cachorrinho vale tanto quanto qualquer um dos outros e eu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhe dou 2,37 dólares agora e 50 centavos por mês, até completar o preço total."
O dono da loja contestou:
"Você não pode querer realmente comprar este cachorrinho. Ele nunca vai poder correr, pular e brincar com você e com os outros cachorrinhos."
Aí, o menino abaixou e puxou a perna esquerda da calça para cima, mostrando a sua perna com um aparelho para andar.
Olhou bem para o dono da loja e respondeu:
"Bom, eu também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que entenda isso."




terça-feira, 26 de março de 2013

A Princesa Obstinada

Um certo rei acreditava que o correto era que lhe haviam ensinado e aquilo que pensava. Sob muitos aspectos era um homem justo, mas também uma pessoa de idéias limitadas.
Um dia reuniu suas três filhas e lhes disse:
- Tudo o que tenho é de vocês, ou será no futuro. Por meu intermédio vieram a este mundo. Minha vontade é o que determina o futuro de vocês, e portanto o seu destino.
Obedientes e persuadidas da verdade enunciada pelo pai, duas das moças concordaram. Mas a terceira retrucou:
- Embora a minha posição me obrigue a atacar as leis, não posso acreditar que meu destino deva ser sempre determinado por suas opiniões.
- Isso é o que veremos – disse o rei.
Ordenou que prendessem a jovem numa pequena cela, onde ela penou durante alguns anos. Enquanto isso o rei e suas duas filhas submissas dilapidaram bem depressa as riquezas que de outro modo também seriam gastas com a princesa prisioneira.
O rei disse para si mesmo:
"Essa moça está encarcerada não por vontade própria, mas sim pela minha. Isto vem provar, de maneira cabal para qualquer mentalidade lógica, que é minha vontade e não a dela que está determinando seu destino."
Os habitantes do reino, inteirados da situação de sua princesa, comentaram:
- Ela deve ter feito ou dito algo realmente grave para que um monarca, no qual não descobrimos nenhuma falha, trate assim a sua própria filha, semente viva de seu sangue.
Mas ainda não haviam chegado ao ponto de sentir a necessidade de contestar a pretensão do rei de ser sempre justo e correto em todos os seus atos.
De tempos em tempos o rei ia visitar a moça. Conquanto pálida e debilitada pelo longo encarceramento, ela se obstinava em sua atitude.
Finalmente a paciência do rei chegou a seu derradeiro limite:
- Seu persistente desafio – disse à filha – só servirá para me aborrecer ainda mais, e aparentemente enfraquecerá meus direitos caso você permaneça em seus domínios. Eu poderia matá-la, mas sou magnânimo. Assim, me limitarei a desterrá-la para o deserto que faz divisa com meu reino. É uma região inóspita, povoada somente por animais selvagens e proscritos excêntricos, incapazes de sobreviver em nossa sociedade racional. Ali logo descobrirá se pode levar outra existência diferente daquela vivida no seio de sua família; e se a encontrar, veremos se a preferirá à que conheceu aqui.
O decreto real foi prontamente acatado, e a princesa conduzida à fronteira do reino. A moça logo se encontrou num território selvagem e que guardava uma semelhança mínima com o ambiente protetor em que havia crescido. Mas bem depressa ela percebeu que uma caverna podia servir de casa, que nozes e frutas provinham tanto de árvores como de pratos de ouro, que o calor provinha do Sol. Aquela região tinha um clima e uma maneira de existir próprios.
Depois de algum tempo ela já conseguira organizar sua vida tão bem que obtinha água de mananciais, legumes da terra cultivada e fogo de uma árvore que ardia em chamas.
"Aqui", murmurou para si própria a princesa desterrada, "há uma vida cujos elementos se integram, formando uma unidade, mas nem individual ou coletivamente obedecem às ordens de meu pai, o rei."
Certo dia um viajante perdido, casualmente um homem muito rico e ilustre, encontrou a princesa exilada, enamorou-se dela e a levou para seu país, onde se casaram.
Passado algum tempo os dois decidiram voltar ao deserto, onde construíram uma enorme e próspera cidade. Ali, sua sabedoria, recursos próprios e sua fé se expandiram plenamente. Os ‘excêntricos’ e outros banidos, muitos deles tidos como loucos, harmonizaram-se plena e proveitosamente com aquela existência de múltiplas facetas.
A cidade e a campina que a circundava se tornaram conhecidas em todo o mundo. Em pouco tempo eclipsara amplamente em progresso e beleza o reino do pai da princesa obstinada.
Por decisão unânime da população total, a princesa e seu marido foram escolhidos como soberanos daquele novo reino ideal.
Finalmente o pai da princesa obstinada resolveu conhecer de perto o estranho e misterioso lugar que brotara do antigo deserto, povoado, pelo menos em parte, por aquelas criaturas que ele e os que lhe faziam coro desprezavam.
Quando, de cabeça baixa, ele se acercou dos pés do trono onde o jovem casal estava sentado e ergueu seus olhos para encontrar os daquela soberana, cuja fama de justiça, prosperidade e discernimento superava em muito o seu renome, pôde captar as palavras murmuradas por sua filha: 
- Como pode ver, pai, cada homem e cada mulher têm seu próprio destino e fazem sua própria escolha.
Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish




O Membro Isolado



 Um membro de um determinado grupo ao qual eu prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso, deixou de participar. Após algumas semanas, o líder do grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante de um brilhante fogo. Supondo a razão para a visita, o homem deu-lhe boas-vindas, conduziu-lhe a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto esperando. O pastor se fez confortável mas não disse nada. No silêncio sério, contemplou a dança das chamas em torno da lenha ardente. Após alguns minutos, o líder examinou as brasas, cuidadosamente apanhou uma brasa ardente e deixou-a de lado. Então voltou a sentar-se e permaneceu silencioso e imóvel. O anfitrião prestou atenção a tudo, fascinado e quieto. Então diminuiu a chama da solitária brasa, houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou de vez. Logo estava frio e morto. Nenhuma palavra tinha sido dita desde o cumprimento inicial. O líder antes de se preparar para sair, recolheu a brasa fria e inoperante e colocou-a de volta no meio do fogo. Imediatamente começou a incandescer uma vez mais com a luz e o calor dos carvões ardentes em torno dela. Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse: "Obrigado tanto por sua visita quanto pelo sermão. Eu estou voltando ao convívio do grupo" Autor desconhecido
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A Serpente

Certa vez um caçador passava por uma mina quando viu uma serpente presa sob uma pedra enorme. Ao vê-lo a serpente pediu: - Por favor, ajude-me. Levante a pedra. - Não posso ajudar você, pois vai me devorar com certeza – respondeu o caçador. O réptil tornou a pedir ajuda, prometendo ao homem que não o comeria. Ele então libertou a serpente, que logo fez um movimento em sua direção como se fosse atacá-lo. - Você não prometeu que não me comeria se a ajudasse? – perguntou o homem. - Fome é fome – respondeu-lhe a serpente. -Mas – disse o caçador – se você faz alguma coisa errada que tem a fome a ver com isso? O homem então sugeriu que submetessem o assunto à opinião de outros. Entraram no bosque, onde encontraram um cachorro. Perguntaram-lhe se achava que a serpente devia comer o homem. - Uma vez pertenci a um homem – disse o cão. – Ele caçava lebres e sempre me dava a melhor carne para comer. Agora que estou velho, e nem posso apanhar uma tartaruga, ele quer me matar. Assim como recebi mal em troca de bem, a serpente deveria fazer a mesma coisa. Declaro que ela deveria comer você. -Você ouviu sua sentença – disse a serpente ao homem. Decidiram porém que ouviriam três opiniões e não apenas uma, e seguiram adiante. Pouco depois encontraram um cavalo e lhe pediram que julgasse o caso. - Acho que a serpente deveria comer o homem – disse o cavalo, e continuou: - Certa vez tive um amo. Ele me alimentou enquanto eu podia viajar. Agora que estou fraco, e não posso executar minhas tarefas, ele quer me matar. - Já temos dois juízos unânimes – disse a serpente. Um pouco mais adiante cruzaram com uma raposa. - Cara amiga – disse o caçador, - preciso da sua ajuda. Estava passando por uma pedreira quando vi esta enorme serpente às portas da morte, presa sobre uma rocha. Pediu-me que a libertasse; fiz o que pedia, e agora ela quer me comer. - Se devo dar minha opinião – respondeu a raposa, - voltemos ao lugar do ocorrido para analisar a situação de modo mais real. Voltaram a pedreira, e a raposa, para reconstituir os fatos, pediu que a pedra fosse colocada em cima da serpente. Assim foi feito. - Era assim que você estava?- perguntou a raposa. - Sim – respondeu a serpente. - Muito bem – disse a raposa. – Ficará assim pelo resto da vida. Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish

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Vendo com outros olhos

Um dia um pai de família rica levou seu filho para viajar ao interior com o firme propósito de mostrar quanto as pessoas podem ser pobres. Eles passaram um dia e uma noite na fazenda de uma família muito pobre. Quando retornaram da viagem o pai perguntou ao filho: - Como foi a viagem? - Muito boa, papai! - Você viu como as pessoas podem ser? - o pai perguntou. - Sim. - E o que você aprendeu? - o pai perguntou. O filho respondeu: - Eu vi que nós temos um cachorro em casa, e eles têm quatro. Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim; eles têm um riacho que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada com luz, eles têm as estrelas e a lua. Nosso quintal vai até o portão de entrada, eles têm uma floresta inteira. Quando o pequeno garoto acabou de responder, seu pai ficou estupefato. O filho acrescentou: - Obrigado pai, por me mostrar o quanto "pobres" nós somos! MORAL DA HISTÓRIA Tudo o que você tem depende da maneira como você olha para as coisas. Se você tem amor, amigos, família, saúde, bom humor e atitudes positivas para com a vida, você tem tudo! Se você é "pobre de espírito", você não tem nada! Autor desconhecido

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Os sons do silêncio

Um rei mandou seu filho estudar no templo de um grande mestre com o objetivo de prepará-lo para ser uma grande pessoa. Quando o príncipe chegou ao templo, o mestre o mandou sozinho para uma floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever todos os sons da floresta. Quando o príncipe retornou ao templo, após um ano, o mestre lhe pediu para descrever todos os sons que conseguira ouvir. Então disse o príncipe: "Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo na grama, o zumbido das abelhas, o barulho do vento cortando os céus..." E ao terminar o seu relato, o mestre pediu que o príncipe retornasse a floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu a ordem do mestre, pensando: "Não entendo, eu já distingui todos os sons da floresta..." Por dias e noites ficou sozinho ouvindo, ouvindo, ouvindo..., mas não conseguiu distinguir nada de novo além daquilo que havia dito ao mestre. Porém, certa manhã, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira antes. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. Pensou: "Esses devem ser os sons que o mestre queria que eu ouvisse..." E sem pressa, ficou ali ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria ter certeza de que estava no caminho certo. Quando retornou ao templo, o mestre lhe perguntou o que mais conseguira ouvir. Paciente e respeitosamente o príncipe disse: "Mestre, quando prestei atenção pude ouvir o inaudível som das flores se abrindo, o som do sol nascendo e aquecendo a terra e da grama bebendo o orvalho da noite..." O mestre sorrindo, acenou com a cabeça em sinal de aprovação, e disse: "Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma grande pessoa. Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança ao seu redor; entender o que está errado e atender as reais necessidades de cada um. A morte do espírito começa quando as pessoas ouvem apenas as palavras pronunciadas pela boca, sem se atentarem no que vai no interior das pessoas para ouvir os seus sentimentos, desejos e opiniões reais. É preciso, portanto, ouvir o lado inaudível das coisas, o lado não mensurado, mas que tem o seu valor, pois é o lado mais importante do ser humano..." Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish

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sábado, 23 de março de 2013

Reorganizando o tempo III

Texto tirado do livro “Timeshifting – reorientando o tempo” – Ed. Rocco, de Stephan Rechtschaffen, médico que fundou o Omega Institute em Nova York. Lidar com as experiências usando mais profundidade: um estudo sobre os frequentadores do Zoológico Nacional de Washington revelou que o tempo médio que as pessoas passam olhando qualquer exposição de animais não ultrapassa dez segundos. Por que ir ao zoológico, então? Melhor folhear um livro ilustrado, não é verdade? Um guia me explicou que as pessoas reclamam que os hipopótamos sempre estão submersos; na verdade, a média de submersão vai de 90 segundos a um máximo de cinco minutos. Entretanto, a pressa de se ir adiante não deixa o visitante aproveitar o motivo da visita.

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Das coisas claras

Chego ao vilarejo de San Martin de Unx, em Navarra, e consigo localizar a mulher que guarda a chave da bela igreja românica que existe neste povoado quase em ruínas. Muito gentilmente, ela sobe comigo pelas ruelas estreitas, e abre a porta. A escuridão e o silêncio do templo medieval me comovem. Conver­so um pouco com a mulher – e a certa altura comento que, embora seja meio-dia, pouco se pode ver das belíssimas obras de arte que estão ali dentro. “Só podemos ver os detalhes ao amanhecer”, diz a mulher. “Conta a lenda que era isto que os construtores desta igreja queriam nos ensinar: que Deus tem sempre uma hora certa para nos mostrar sua glória”.

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Dos livros

Continuo hoje a lista iniciada há algum tempo, com os livros sérios a respeito da busca espiritual. O Oculto, Colin Wilson (Ed. Francisco Alves): um vasto, inter­essante, e não-preconceituoso panorama histórico das sociedades secretas, fraternidade, magos, alquimistas, e santos. Jung e o tarot, Sallie Nichols (Ed. Pensamento): a autora estabelece uma relação entre a visão psicanalítica e a visão mágica; que arriscado! Mas terminou escrevendo um texto bril­hante. O rosto materno de Deus, Leonardo Boff (Editora Vozes): análise séria – e farta documentação histórica – da presença feminina na experiência religiosa. Boff, geralmente identificado com a árida teologia da libertação, mostra aqui todo o brilho de seu lado devocional. Pena que seja difícil encontrar este livro

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Do tédio

Chega sexta-feira, você chega em casa, e pega alguns jornais que não pode ler durante a semana. Liga a TV sem som, coloca um disco. Usa o controle remoto para passar de uma estação a outra, enquanto tenta ler algumas páginas dos jornais e revistas, e prestar atenção na música que está tocando. Os jornais não trazem nenhuma novidade, a programação da TV é repetitiva, e você já ouviu este disco dezenas de vezes. Sua mulher está cuidando das crianças, sacrificando o melhor da sua juventude, sem entender direito porque está fazendo isto. Uma desculpa passa por sua cabeça: “bem, a vida é isto mesmo”. Não, a vida não é isto mesmo. A vida é entusiasmo, é o eterno deslumbrar-se com o milagre dos dias e das noites. Pense onde você deixou seu entusiasmo escondido. Pegue sua mulher e seus filhos, e vá atrás dele, antes que seja tarde demais. O amor nunca impediu ninguém de seguir seus sonhos.

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Da culpa

Certo padre pregava em sua igreja o rigor que Deus usava com quem não seguia as normas da Igreja. Impediu que freqüentassem sua paróquia os divorciados, os que viviam maritalmente, os que faziam sexo fora do casamento cristão. E impunha a si mesmo um regime de absoluta castidade. O sacristão aplaudia tudo, e ficou muito triste no dia em que o padre morreu. “Quando eu tiver que deixar esta terra quero ir para junto daquele homem santo”, pedia. Ao morrer, Deus atendeu seu pedido. Assim que chegou no outro mundo, encontrou o padre. Só que – para sua surpresa – com uma linda mulher em seu colo! “Deus é justo”, gritou o sacristão. “Depois de toda uma vida de sacrifício, o senhor está sendo recompensado no Paraíso!”. “Não seja tolo!” gritou o padre. “Isto não é o Paraíso, e não estou sendo recompensado. Ela está sendo castigada junto comigo!”.

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sexta-feira, 22 de março de 2013

O Rei, o Sufi e o Cirurgião

Na antigüidade um rei da Tartária foi pescar acompanhado pelos nobres da corte. No caminho cruzaram com um abdal (um sufi errante, ‘um transformado’ ), que proclamava em voz alta: - Àquele que me der cem dinares retribuirei com um conselho que lhe será útil. O rei se deteve e disse: - Abdal, que bom conselho me dará em troca de cem dinares? - Senhor, primeiro ordene que me sejam dados os cem dinares, e imediatamente o aconselharei – respondeu o abdal. O rei assim fez, esperando dele alguma coisa realmente extraordinária. Mas o dervixe se limitou a dizer-lhe: - Meu conselho é: ‘Nunca comece nada sem ter pensado no resultado final do que for fazer.’ Ao ouvir estas palavras, não só os nobres, mas todos os que estavam presentes riram com gosto, comentando que o abdal tivera razão ao tomar o cuidado de pedir o dinheiro adiantado. - Vocês não tem razão – objetou o rei – em rir do excelente conselho que o abdal acaba de me dar. Certamente ninguém ignora o fato de que se deve pensar antes de fazer alguma coisa. Mas todos cometemos o erro de esquecer isso, e as conseqüências são trágicas. Eu dou muito valor ao conselho do dervixe. Procedendo de acordo com suas palavras, o rei decidiu não apenas ter o conselho sempre presente, mas mandou também escrevê-lo com letras de ouro nos muros do palácio e até gravá-lo em sua bandeja de prata. Não muito mais tarde um cortesão intrigante e ambicioso concebeu a idéia de matar o rei. Para tanto, subornou o cirurgião real com a promessa de nomeá-lo primeiro-ministro se introduzisse no braço do rei uma lanceta envenenada. Quando chegou o momento em que era necessário colher sangue do rei na bandeja de prata foi colocada sob o braço dele. O cirurgião não pôde deixar de ler: ‘Nunca comece nada sem ter pensado no resultado final do que for fazer.’ Depois de ler, o cirurgião se deu conta de que se fizesse o que o cortesão tinha lhe proposto, e este subisse ao trono, simplesmente o cortesão poderia mandar executá-lo imediatamente, e assim não precisaria cumprir o trato. O rei percebendo que o cirurgião estava tremendo lhe perguntou o que havia de errado com ele. O cirurgião confessou imediatamente. O autor do complô foi preso, e o rei perguntou aos nobres e cortesões que estavam com ele quando o abdal deu seu conselho: - Ainda riem do dervixe? Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish

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O toque da mão do mestre

Estava maltratado e amassado, e o leiloeiro, Pensou que quase nem valia pena, Perder tanto tempo com o velho violino, Porém, segurou-o com um sorriso. "Quanto me oferecem, meus amigos?"- falou "Quem dará o primeiro lance"? Um dólar, um dólar e meio, e então, dois! Apenas dois? Três dólares, dou-lhe uma, três dólares, dou-lhe duas; Dou-lhes três..." Mas não, Do salão, lá no fundo, um homem grisalho Veio à frente e tomou do arco; Então, tirando a poeira do velho violino, E, afinando as cordas frouxas, Tocou uma doce e pura melodia Como canta um anjo que gorjeia. Cessa a música, e o leiloeiro, Em voz suave e calma, Diz "O que me oferecem pelo velho violino? E segura-o no alto juntamente com o arco. "Mil dólares, e quem oferecerá dois? Dois mil, alguém dá três? Três mil, dou-lhe uma, três mil, dou-lhe duas Dou-lhe três, vendido", diz ele As pessoas aplaudem, mas algumas gritam "Não compreendemos nada O que alterou seu valor?"a resposta vem imediata: O toque da mão de um mestre E muitas vezes um homem com a vida fora de tom É judiado e marcado pelo destino É vendido barato para a multidão descuidada Assim como o velho violino Um prato de sopa, um cálice de vinho; Um jogo - e ele segue viajando, Vai uma e vão duas Vai a terceira e foi Mas, vem o Mestre e a tola multidão Nunca compreende O valor de uma alma e a mudança operada Pelo toque da mão do Mestre Myra B. Welch Do livro: Canja de Galinha para a Alma

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Os batráquios em nossas vidas

Era uma vez uma corrida de sapinhos! O objetivo era atingir o alto de uma grande torre. Havia no local uma multidão assistindo. Muita gente para vibrar e torcer por eles. Começou a competição. Mas, como a multidão não acreditava que os sapinhos pudessem alcançar o alto daquela torre, o que mais se ouvia era: "Que pena!!! Esses sapinhos não vão conseguir... Não vão conseguir..." E os sapinhos começaram a desistir. Mas havia um que persistia, e continuava a subida em busca do topo. A multidão continuava gritando: "Que pena!!! Vocês não vão conseguir!" E os sapinhos estavam mesmo desistindo, um por um, menos aquele sapinho que continuava tranqüilo. Embora cada vez mais arfante. Já ao final da competição, todos desistiram, menos ele. A curiosidade tomou conta de todos. Queriam saber o que tinha acontecido. E assim, quando foram perguntar ao sapinho como ele havia conseguido concluir a prova, aí sim conseguiram descobrir que ele era surdo! Não permita que pessoas com o péssimo hábito de serem negativas, derrubem as melhores e mais sábias esperanças de nosso coração! Lembre-se sempre: "Há poder em nossas palavras e em tudo o que pensamos". Portanto, procure sempre ser POSITIVO! Resumindo: Seja surdo quando alguém lhe diz que você não pode realizar seus sonhos! Autor desconhecido

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O avô e os lobos

Um velho avô disse a seu neto, que veio a ele com raiva de um amigo que lhe havia feito uma injustiça: "Deixe-me contar-lhe uma historia. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio daqueles que 'aprontaram' tanto, sem qualquer arrependimento daquilo que fizeram. Todavia, o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra estes sentimentos". E ele continuou: "É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende quando não se teve intenção de ofender. Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta." "Mas, o outro lobo, ah!, este é cheio de raiva. Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não pode pensar porque sua raiva e seu ódio são muito grandes. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma! "Algumas vezes é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito". O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: "E qual deles vence, vovô?" O avô sorriu e respondeu baixinho: "Aquele que eu alimento mais frequentemente". É difícil pensar em amar alguém que você não gosta, amar quem o prejudica ou alguém que o ofendeu. Mas por mais que tentemos, ou que queiramos, a verdade é que o ódio corrói nosso espírito, e somos os maiores prejudicados. Pense em como você pode amar a nosso semelhante, não importando o que ele fez, ou qualquer que tenha sido a atitude dele. Afinal, só o amor constrói. Autor desconhecido

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Pequeno Conto Chinês

Conta-se que por volta do ano 250 A.C, na China antiga, um príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe. Ao chegar em casa e relatar o fato a jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula: - Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça; eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura. E a filha respondeu: Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz. À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, inicialmente, o príncipe anunciou o desafio: Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China. A proposta do príncipe não fugiu as profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos, etc... O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe. Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena. Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu: - Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis. Se para vencer, estiver em jogo a sua honestidade, perca. Você será sempre um Vencedor Autor desconhecido

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quarta-feira, 20 de março de 2013

O Garoto da Floresta e o Duende

Havia um garoto, cujo nome era Chiquinho, que morava com seus pais em uma floresta no sul do país. Chiquinho e sua família viviam muito bem e se amavam mutuamente; eles eram muito unidos, sempre se preocupavam com a felicidade um do outro e nada abalava aquela vida harmoniosa repleta de muito amor. No dias quentes, eles costumavam nadar no lago próximo a casa , iam a cachoeiras, faziam piqueniques, colhiam frutas da época e se divertiam da melhor maneira possível. Nos dias frios, eles recolhiam lenha e ficavam em casa próximos a lareira contando estórias, conversando e degustando deliciosos quitutes. Tudo era muito simples, mas sempre havia um sentimento de bondade e amor no ar. Desde o nascimento de Chiquinho tudo tinha corrido as mil maravilhas e o amor fluía de forma incondicional. Nisso já haviam transcorridos 10 anos e os 3 viviam em um mar de rosas. Até que no 11º ano a mãe ficou grávida e teve uma linda garotinha. Chiquinho ficou muito enciumado, pois não entendia como o amor, que anteriormente era apenas direcionado para ele, poderia ser compartilhado entre ele e sua irmãzinha. Ele pensava que o amor iria diminuir, pois seria dado a mais uma pessoa, ele não entendia que o amor é algo muito paradoxal que tem a característica de se multiplicar quando é dado ao maior número de pessoas. Devido ao seu ciúme, Chiquinho passou a hostilizar sua irmãzinha e o clima em sua casa começou a ficar pesado. Os 3 passaram a discutir muito e como conseqüência surgiram muitos problemas. O clima na casa estava insuportável, ocorriam brigas freqüentes e ninguém se entendia. Passado algum tempo nesse clima pesado, a filhinha do casal adoeceu e por mais que os pais tentassem curar a menina nenhum remédio ou erva surtia o efeito desejado. Isso fez com que o desespero aumentasse, e os 3 se deram conta de que a garotinha poderia vir a falecer. Nesse momento Chiquinho se deu conta do quanto tinha sido egoísta e intransigente ao ficar implicando com a irmãzinha e tomou consciência de que ele tinha sido o responsável por todo aquele infortúnio. Após esse insight ele se arrependeu de sua atitude e disse a si mesmo que gostaria muito que sua irmãzinha pudesse viver para poder brincar e desfrutar todas as belas coisas da vida; assim ele também pode se dar conta de que sentia um grande amor por sua irmãzinha. Chiquinho resolveu sair pela floresta e só voltar quando encontrasse uma poção ou remédio ou alguém que pudesse curar sua irmãzinha. Ele caminhou durante horas e não encontrou nada nem ninguém que pudesse curar sua irmãzinha daquela grave enfermidade. Ele resolveu se sentar por alguns momentos debaixo de uma árvore com intenção de descansar, e ao se sentar começou a chorar. Ele dizia para si mesmo, enquanto chorava: - Se eu encontrar alguém ou algo que possa curar minha irmãzinha, nunca mais a tratarei daquela forma e prometo passar a manifestar todo amor que sinto por ela. Agora eu posso compreender o que meu pai queria dizer quando falava que o amor não diminui ao ser dado, mas sim se multiplica quando é dado ao maior número de pessoas. Nesse instante tudo ao redor escureceu, o sol desapareceu de repente e começou a chover com grande intensidade. Chiquinho procurou um lugar para se abrigar e avistou a uns 300 metros um foco que parecia ser o de uma fogueira. Mesmo com um pouco de receio, ele resolveu se aproximar e ao se aproximar avistou a figura de um pequeno duende que se aquecia próximo da fogueira. O duende assim que avistou Chiquinho, acenou para que ele se aproximasse e o convidou para entrar na caverna. Ao perceber a bondade estampada no rosto do pequeno duende, Chiquinho resolveu se aproximar, entrar na caverna e se aquecer perto da fogueira. Eles se apresentaram e conversaram durante um bom tempo, durante a conversa Chiquinho contou ao duende o problema de sua irmãzinha. O pequeno duende que apenas ouvia atentamente o que Chiquinho dizia até aquele momento, esperou ele fazer uma pausa e disse que tinha uma poção mágica que iria curar sua irmãzinha, mas antes ele teria de prometer que iria passar a tratá-la de forma mais atenciosa e amorosa. Nesse instante Chiquinho começou a chorar e soluçando disse ao duende: - Por favor senhor duende, eu prometo tratar minha irmãzinha de forma atenciosa e amorosa , mas me dê essa poção, pois minha família já está desesperada de tanto procurar um remédio ou alguém para curar minha irmãzinha. Já não temos a quem recorrer, tudo parece muito escuro e essa dor tem sido insuportável para nós. O duende percebeu sinceridade nas palavras de Chiquinho e resolveu dar a ele a poção, mas antes ele disse: - Meu caro amiguinho, eu entendo a sua dor, e sei como as coisas estão escuras na sua vida, por isso vou lhe dar a poção que irá curar sua irmãzinha, mas quero que você entenda a seguinte lição: nenhuma dor dura pra sempre, pois depois da chuva vem o sol. Nesse instante, o duende desapareceu, a poção estava nas mãos de Chiquinho, a chuva cessou e um sol lindo apareceu no céu. Chiquinho saiu correndo da caverna e levou a poção para a casa o mais depressa que pode. Ao tomar umas duas poções sua irmãzinha ficou boa e a partir desse dia o amor passou a fluir de forma incondicional em sua casa. Ele também passou a compreender que o amor é um dos sentimentos mais paradoxais que existe, pois em vez de diminuir quando dado aos outros, ele tem a característica de se multiplicar quando é dado ao maior número de pessoas. Edgard T. Utiama

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Você não levou em conta...

"Se ninguém disser qualquer coisa para me entreter", bradou um rei tirânico e já maltratado pela idade, "cortarei a cabeça de todos os cortesãos." Imediatamente, Nasrudin deu um passo à frente. "Majestade, não me corte a cabeça. Farei alguma coisa." "E o que podes fazer?" "Eu posso... ensinar um asno a ler e escrever!" Disse o rei: "É melhor fazê-lo, ou te esfolarei vivo". "Vou fazê-lo", disse Nasrudin, "mas isto me tomará dez anos!" "Muito bem", disse o rei, "concedo-te os dez anos." Assim que o rei se retirou, Nasrudin foi cercado pelos nobres da corte. "Mullá", disseram, "é verdade mesmo que você pode ensinar um asno a ler e escrever?" "Não", respondeu Nasrudin. "Então", disse o mais sábio dos cortesãos, "você acaba de inaugurar uma década de tensão e ansiedade, pois certamente será condenado à morte. Oh, que loucura! Preferir dez anos de sofrimento e contemplação da morte ao machado do carrasco, que corta a cabeça num átimo..." "Você não levou em conta apenas um pequeno detalhe", disse o Mullá. "O rei tem setenta e cinco anos e eu, oitenta. Muito antes que o tempo se esgote, outros elementos terão entrado na história..." Do livro: Histórias de Nasrudin - Editora Dervish

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Afiando o Machado

No Alasca, um esporte tradicional é cortar árvores. Há lenhadores famosos, com domínio, habilidade e energia no uso do machado. Querendo tornar-se também um grande lenhador, um jovem escutou falar do melhor de todos os lenhadores do país. Resolveu procurá-lo. - Quero ser seu discípulo. Quero aprender a cortar árvore como o senhor. O jovem empenhou-se no aprendizado das lições do mestre, e depois de algum tempo achou-se melhor que ele. Mais forte, mais ágil, mais jovem, venceria facilmente o velho lenhador. Desafiou o mestre para uma competição de oito horas, para ver qual dos dois cortaria mais árvores. O desafio foi aceito, e o jovem lenhador começou a cortar árvores com entusiasmo e vigor. Entre uma árvore e outra, olhava para o mestre, mas na maior parte das vezes o via sentado. O jovem voltava às suas árvores, certo da vitória, sentindo piedade pelo velho mestre. Quando terminou o dia, para grande surpresa do jovem, o velho mestre havia cortado muito mais árvores do que o seu desafiante. - Mas como é que pode? – surpreendeu-se. Quase todas as vezes em que olhei, você estava descansando! - Não, meu filho, eu não estava descansando. Estava afiando o machado. Foi por isso que você perdeu. Aprendizado é um processo que não tem fim. Sempre temos algo a aprender. O tempo utilizado para afiar o machado é recompensado valiosamente. O reforço no aprendizado, que dura a vida toda, é como afiar sempre o machado. Continue afiando o seu. Do livro: Comunicação Global - Dr. Lair Ribeiro

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O Pote Rachado

Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe. O pote rachado chegava apenas pela metade. Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu chefe. Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição, e sentindo-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que havia sido designado a fazer. Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem um dia, à beira do poço: - Estou envergonhado, quero pedir-lhe desculpas. - Por quê?, perguntou o homem. - De que você está envergonhado? - Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho da casa de seu senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse trabalho, e não ganha o salário completo dos seus esforços, disse o pote. O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com compaixão falou: - Quando retornarmos para a casa do meu senhor, quero que percebas as flores ao longo do caminho. De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu ânimo. Mas ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha. Disse o homem ao pote: - Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado do caminho??? Notou ainda que a cada dia enquanto voltávamos do poço, você as regava??? Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa. Cada um de nós temos nossos próprios e únicos defeitos. Todos nós somos potes rachados. Porém, se permitirmos, o Senhor vai usar nossos defeitos para embelezar a mesa de Seu Pai. Na grandiosa economia de Deus, nada se perde. Nunca deveríamos ter medo dos nossos defeitos. Basta reconhecermos nossos defeitos e eles com certeza embelezarão a mesa de alguém. Das nossas fraquezas, devemos tirar nossa maior força... Autor Desconhecido

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Como Nasrudin criou a verdade

"Estas leis não tornam melhores as pessoas", disse Nasrudin ao Rei, "elas devem praticar certas coisas de forma a sintonizarem-se com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente." O Rei decidiu que poderia fazer que as pessoas observassem a verdade – e o faria. Ele poderia fazê-las praticar a autenticidade. O acesso a sua cidade era feito por uma ponte, sobre a qual o Rei ordenou que fosse construída uma forca. Quando os portões foram abertos ao alvorecer do dia seguinte, o Capitão da Guarda estava postado à frente de um pelotão para averiguar todos os que ali entrassem. Um édito foi proclamado: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso permitido. Se mentir, será enforcado." Nasrudin deu um passo à frente. "Aonde vai?" "Estou a caminho da forca", respondeu Nasrudin calmamente. "Não acreditamos em você!" "Muito bem, se estiver mentindo, enforquem-me!" "Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!" "Isso mesmo: agora sabem o que é a verdade: a sua verdade!" Do livro: Histórias de Nasrudin - Edições Dervish

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segunda-feira, 18 de março de 2013

Os três impostores

Três impostores se apresentaram à corte solicitando uma audiência com o rei, que lhe foi concedida. Uma vez na presença do soberano, comunicaram-lhe que eram tecelões e que possuíam um segredo de fabricação: o segredo de um tecido que tinha a única de não ser visível, a não ser para quem fosse filho legítimo. O rei já tivera que resolver muitos conflitos bem complicados de heranças, e viu naquela invenção muito útil o meio de frustrar falsos pretendentes, já que os filhos verdadeiros poderiam ver o tecido. Ordenou imediatamente que um palácio fosse posto à disposição dos inventores, a fim de que o segredo fosse preservado. Convencido da honestidade deles, o rei cobriu os três cúmplices maldosos de ouro, prata e jóias. Eles se fecharam no seu palácio e simularam, noite e dia, grande atividade. Algumas semanas mais tarde, um deles foi informar ao rei dos excelentes resultados do seu trabalho, e pediu-lhe que fosse constatá-los. Seria preferível que o rei fosse sozinho. O rei achou que seria prudente uma outra opinião sobre um tecido dotado de tais poderes, e mandou seu conselheiro. O conselheiro foi visitar os três impostores para examinar o tecido de propriedades mágicas, mas não conseguiu ver nada. Como não queria admitir que para ele o tecido era invisível, voltou à presença do rei e elogiou a maravilha que havia visto. O rei mandou outras pessoas, que voltaram com a mesma resposta. Decidiu então ir pessoalmente. Os três impostores lhe descreveram a excelência de sua invenção, a variedade das cores e o desenho original. O rei se mantinha em silêncio, inclinado levemente a cabeça em sinal de aprovação. Na realidade, porém, não via absolutamente nada. Começou então a ficar muito embaraçado. "Será que não sou o verdadeiro filho do rei meu pai?" pensava. "Se não vejo nada, arrisco-me a perder meu trono." Começou também a expressar sua admiração, repassando com muitos elogios todos os detalhes que acabara de escutar. De volta ao palácio, continuou a fazer comentários sobre o tecido, como se o tivesse visto. Entretanto uma dúvida o atormentava. Alguns dias mais tarde mandou seu ministro ver o tecido. Os três impostores fizeram sua descrição, mas ele não via nada. Naturalmente o infeliz ministro imaginou que não era filho legítimo de seu pai; a única razão pela qual não via o tecido. Sabendo que se arriscava a perder sua importante posição, limitou-se aos termos que tinha ouvido da boca do rei e de seu conselheiro. Foi ao encontro do rei e lhe disse que tinha visto o tecido mais extraordinário do mundo. O rei ficou profundamente perturbado. Não havia mais nenhuma dúvida, ele não era filho legítimo de seu pai. Mas se juntou ao seu ministro em exclamações sobre o valor dos três tecelões. Todos quiseram visitá-los, e todos voltaram com as mesmas impressões. A história continuou assim até que informaram ao rei que a tecedura tinha terminado. Este ordenou que se preparasse uma grande festa, na qual todos usariam roupas confeccionadas com o tecido maravilhoso. Os três impostores se apresentaram com diferentes padrões, que desenrolaram por metros e metros de extensão, e a confecção do traje real foi decidida. O dia da festa chegou. Os trajes estavam prontos. O rei foi inteiramente vestido pelos três espertos. Entretanto ele não via nem sentia nada. Uma vez terminado o trabalho, o rei montou seu cavalo e rumou em direção à cidade. Felizmente era pleno verão! A multidão viu o rei e sua corte passarem e ficou muito surpresa com o espetáculo. Mas o rumor de que só os filhos legítimos viam suas roupas circulava, e todos guardavam suas impressões para si. Todos, exceto um estrangeiro, um negro, de passagem pela cidade, que se aproximou do rei e lhe disse: Senhor, pouco me importa saber de quem sou filho. Por isso posso lhe dizer que, na realidade, o senhor está nu. Furioso, o rei bateu no negro com seu chicote e lhe disse: O fato de não ver meus trajes prova que você não é um filho legítimo! Mas o encanto estava quebrado, assim como o silêncio e o medo. Todos viram que o negro tinha dito a verdade e repetiram a mesma coisa, cada vez mais alto. Risos se elevaram. Então o rei e sua corte se deram conta de como tinham sido habilmente enganados. Mas os três impostores já estavam longe, com o ouro, a prata e as jóias... Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish

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A Gripe

Gustavo era uma criança feliz, e seus pais davam-se muito bem. Moravam numa vila perto do Zoológico. Mais velho dos três filhos do casal, tinha duas irmãs: Ana Paula, com oito anos e Priscila, a caçulinha de cinco anos, sua protegida. Na escola era bom aluno, esperto demais para os seus dez anos. Em casa, tinha muito ciúme de Ana Paula, com quem disputava palmo a palmo a atenção dos pais e dos avós. Sua mãe sempre vistoriava suas lições e lhe cobrava uma melhor caligrafia, pois embora fosse bastante inteligente, Gustavo encarava as tarefas escolares como um pesado fardo, fazendo-as com rapidez e displicência, para logo livrar-se delas. Brincava bastante com os amigos da vila, e era pouco ordeiro com seu quarto, o que lhe custava severas advertências dos pais. Nesta fase de sua vida, houve um ano em que o inverno chegou rigoroso, trazendo com ele uma epidemia de gripe na sua classe. Mesmo doente, ele foi para a escola naquela Sexta-feira. Vários colegas haviam faltado, mas o Gustavo, compareceu. No final da aula, voltando para casa, teve um pouco de febre e coriza, o que causou mudança na rotina do seu lar naquele fim-de-semana. Sua mãe, momentaneamente, parou de cobrar-lhe a respeito das brigas de ciúmes com a irmã. E até esta, sua arquinimiga, deu uma trégua na sua implicância com ele. Ninguém deu a mínima importância às suas tarefas da escola para o fim-de-semana. Seu pai também fez vistas grossas para o quarto do garoto, que como sempre estava na maior bagunça, e até ajudou o filho a dar uma arrumadinha. Na tarde do Sábado, chegou a vovó, trazendo um prato do mousse de chocolate que Gustavo adorava tanto, receita que ela só fazia em ocasiões muito especiais. "Que fim-de-semana!" – pensou consigo mesmo. Na Segunda-feira sua saúde estava restabelecida, e a rotina voltou ao normal em sua vida. Escola, amigos, farra, brigas com a irmã, broncas, quarto desarrumado, advertências, tudo como antes. No final de semana seguinte, já cansado daquela rotina de deveres e da marcação cerrada dos seus pais, lembrou-se do que havia acontecido quando teve aquela gripe. À tarde, quando sua mãe conversava com sua avó, que viera fazer sua visita semanal, ele entra na sala e diz: "Vovó, eu estou doente! Meu corpo está mole, acho que estou com febre", e imediatamente deita-se no sofá. A velha senhora, aflita e preocupada, põe a mão em sua testa, tentando avaliar a temperatura. Seu plano parecia estar dando certo. A avó já tinha caído direitinho. Mas a sua mãe estava intrigada com aquele olhar maroto que ela conhecia como ninguém. Aproveitando o clima, e antes que perdesse a chance, diz: "Sabe, vovó, se você fizer um mousse de chocolate, eu vou me recuperar mais rapidamente". A senhora, enternecida, balançou a cabeça concordando, e já ia em direção à cozinha para realizar o desejo do menino,quando foi surpreendida pela voz da filha, que em alto e bom tom, disse: "Espera um pouco, mãe. Antes disso eu vou lá no quarto apanhar uma injeção contra gripe e aplicar na "poupança" do Gustavo". Ao ouvir isso, o garoto, assustado, imediatamente salta do sofá e sai correndo, gritando: " Sarei, sarei, já estou bom!" Do livro: Você é o Remédio - Dr. Cid Paroni Filho - Editora Lúmen

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O monge mordido

Um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio. Foi então à margem, tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada . Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados. - Mestre deve estar muito doente! Porque foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda, picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão! O monge ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu: - Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha. (De um exercício escolar do Centro Educacional Leonardo da Vinci - Brasília)

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