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sexta-feira, 19 de março de 2010

Estresse



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Por: claudio hideyo assato


Estresse 1.Introdução

Estresse (“stress”) é uma palavra derivada do latim que durante o século XVII ganhou conotação de "adversidade" ou "aflição". No final do século seguinte, seu uso evoluiu para expressar "força", "pressão" ou "esforço". Procurando significados para a palavra Estresse (“stress”), vamos entender que estar estressado significa "estar sob pressão" ou "estar sob a ação de estímulo persistente". Na realidade, estar estressado não significa apenas estar em contacto com algum estímulo mas, sobretudo, significa um conjunto de alterações acontecidas num organismo em respostas à um determinado estímulo capaz de colocá-lo sob tensão. Sem esse tal "conjunto de alterações" não se pode falar em Estresse.

Há autores que definem a era moderna como a Idade da Ansiedade, associando a este acontecimento psíquico a agitada dinâmica existencial da modernidade; sociedade industrial, competitividade, consumismo desenfreado e assim por diante.

Diz-se que a simples participação do indivíduo na sociedade contemporânea já preenche, por si só, um requisito suficiente para o surgimento da Ansiedade; portanto, viver ansiosamente passou a ser considerado uma condição do homem moderno ou um destino comum ao qual todos estamos, de alguma maneira, atrelados.

As expressivas mudanças em nossas rotinas passaram a exigir do ser humano uma grande capacidade de adaptação física, mental e social. Muitas vezes, esta grande exigência imposta às pessoas pelas mudanças traz como consequência, a necessidade imperiosa de ajustar-se a tais mudanças e acabam por expor as pessoas a uma frequente situação de conflito, ansiedade, angústia e desestabilização emocional.

O endocrinologista canadense Hans Selye (1907-1982) foi o primeiro a pesquisar seriamente o estresse na década de 1930. Ele observou que organismos diferentes apresentam um mesmo padrão de resposta fisiológica para estímulos sensoriais ou psicológicos. E isso teria efeitos nocivos em quase todos os órgãos, tecidos ou processos metabólicos.

O estresse patológico surge como uma conseqüência direta dos persistentes esforços adaptativos da pessoa à sua situação existencial.

Seria impossível e, ao mesmo tempo, extremamente indesejável eliminar completamente todos os tipos de Estresses. Fisiologicamente, a ausência total de Estresse equivale à morte. O que devemos tentar fazer é reduzir, nas pessoas, os efeitos danosos do estresse que sociedade proporciona e sensibilizá-las para os meios capazes ajudar a administrar melhor os estressores do cotidiano.

Devemos buscar uma postura onde o Estresse seja um acontecimento positivo e não um empecilho ao desempenho pessoal, à saúde e à felicidade. O ideal seria adquirirmos habilidades para melhorar física e mentalmente nossa resistência ao Estresse, bem como eliminar o Estresse desnecessário. Atitudes assim baseiam-se na modificação de alguns aspectos no estilo de vida nas atitudes.

2.O que é o Estresse

O conceito de estresse não é novo, mas foi apenas no início do século XX que estudiosos das ciências biológicas e sociais iniciaram a investigação de seus efeitos na saúde física e mental das pessoas.

O Estresse é o resultado de uma reação que o nosso organismo tem quando estimulado por fatores externos desfavoráveis.

A primeira coisa que acontece com o nosso organismo nestas circunstâncias é uma descarga de adrenalina no nosso organismo, e os órgãos que mais sentem são o aparelho circulatório e o respiratório.


Assim, o sangue circula mais rapidamente para uma melhor oxigenação, principalmente, dos músculos e do cérebro já que ficou pouco sangue na periferia, o que também diminui sangramentos em caso de ferimentos superficiais.

No aparelho respiratório, a adrenalina promove a dilatação dos brônquios( broncodilatação) e induz o aumento dos movimentos respiratórios (taquipnéia) para que haja maior capitação de oxigênio, que vai ser mais rapidamente transportado pelo sistema circulatório, também devidamente preparado pela adrenalina.

Quando o perigo passa, o nosso organismo para com a super produção de adrenalina e tudo volta ao normal. No mundo de hoje as situações não são tão simples assim e o perigo e a agressão estão sempre nos rodiando. Por isso a reação do organismo frente ao estresse é de taquicardia, palidez, sudorese e respiração ofegante

Ao se deparar com o Agente Estressor, que pode ser interno ou externo, o organismo desenvolve esse processo fisiológico, que consiste no somatório de todas as reações sistêmicas, conhecido como Síndrome Geral de Adaptação. Assim, podemos entender que essa Síndrome Geral de Adaptação ou Estresse é a alteração global de nosso organismo para adaptar-se à uma situação nova ou às mudanças de um modo geral.

O Estresse é, portanto, um mecanismo normal necessário e benéfico ao organismo, pois faz com que o ser humano fique mais atento e sensível diante de situações de perigo ou de dificuldade. Mesmo situações consideradas positivas e benéficas, como é o caso por exemplo das promoções profissionais, casamentos desejados, nascimento de filhos, etc., podem produzir Estresse.

Na adaptação do organismo (e da mente) aos estímulos estressores, devemos entender que mesmo as situações que requerem pequenas mudanças ou adaptações, podem gerar um grau discreto de estresse, variável de pessoa a pessoa, conforme as características pessoais de reagir aos estímulos.

Em termos científicos, o estresse é a resposta fisiológica e de comportamento de um indivíduo que se esforça para adaptar-se e ajustar-se a estímulos internos e externos. Como a energia necessária para esta adaptação é limitada, se houver persistência do estímulo estressor, mais cedo ou mais tarde o organismo entra em uma fase de esgotamento.

Sabendo que cada pessoa reage de forma diferente aos estímulos da vida, elas também terão limiares diferentes de esgotamento por estresse. Segundo a sensibilidade afetiva da pessoa, portanto, segundo a "visão" que cada um tem da realidade, da valolrização do passado ou das perspectivas do futuro, as reações de estresse podem ser mais favorecidas ou menos. Uma representação pessimista da realidade pode favorecer estas reações, enquanto a representação positiva produz e ameniza os efeitos estressores.

Uma "dose baixa" de estresse é normal, fisiológico e desejável trata-se de uma ocorrência indispensável para nossa saúde e capacidade produtiva.

As características desse Estresse positivo são: aumento da vitalidade, manutenção do entusiasmo, do otimismo, da disposição física, interesse, etc. Por outro lado, o Estresse patológico e exagerado pode ter conseqüências mais danosas, como por exemplo o cansaço, irritabilidade, falta de concentração, depressão, pessimismo, queda da resistência imunológica, mau-humor etc.

Do ponto de vista pessoal, mudanças ocorrem em nossas vidas continuamente e temos sempre de nos adaptar à elas. Nesses casos o Estresse funciona como um mecanismo de sobrevivência e adaptação, necessário para estimular o organismo e melhorar sua atuação diante de circunstâncias novas.

Do ponto de vista social e cultural as mudanças cotidianas, em si, não são novidade na civilização humana, elas são, na realidade, a base da evolução de nossa espécie. O que, talvez, seja novo ao ser humano e perigoso à sua saúde, é a velocidade sem precedentes com a qual essas mudanças e as exigências que elas propiciam acontecem na vida moderna.

Essas mudança estão em toda a parte; mudanças importantes na tecnologia, na ciência, medicina, ambiente de trabalho, nas estruturas organizacionais, nos valores e costumes sociais, na filosofia e mesmo na religião. Há, continuamente, uma enorme solicitação de adaptação às pessoas em geral, tanto para os jovens como para os mais velhos.

O estresse positivo, também chamado de eustresse, causam reações fisiológicas similares: as extremidades (mãos e pés) tendem a ficar suados e frios, a aceleração cardíaca e pressão arterial tendem a subir, o nível de tensão muscular tende a aumentar, etc. No nível emocional, no entanto, as reações ao estresse são bastantes diferentes. O eustresse motiva e estimula a pessoa a lidar com a situação.

Ao contrário, estresse negativo, também chamado : distresse , acovarda o indivíduo, fazendo com que se intimide e fuja da situação.

As suas emoções e a sua saúde física dependem quase que exclusivamente da sua interpretação do mundo exterior. A realidade de cada pessoa é o produto de sua própria criação. E quanto mais você entende as pressões e situações que o influenciam, melhor você se adapta às suas demandas.

3.Fatores Estressantes

Em tese, Estresse é a resposta fisiológica, psicológica e comportamental de um indivíduo que procura se adaptar e se ajustar às solicitações internas e ou externas. Essas solicitações capazes de levar ao Estresse são chamadas de Fatores Estressantes ou Agentes Estressores.

Assim sendo, Fator Estressor é um acontecimento, uma situação, uma pessoa ou um objeto capaz de proporcionar suficiente tensão emocional, portanto, capaz de induzir à reação de Estresse.

Os fatores estressantes podem variar amplamente quanto à sua natureza, abrangendo desde componentes emocionais, como por exemplo a frustração, ansiedade, perda, até componentes de origem ambiental, biológica e física, como é o caso do ruído excessivo, da poluição, variações extremas de temperatura, problemas de nutrição, sobrecarga de trabalho, etc.

Podemos ainda considerar os estressores como tendo origem interna ou externa ao indivíduo. Se colocarmos um gato junto de um cão feroz, depois de algum tempo o gato estará esgotado; primeiro ele terá muita ansiedade, entrará em Estresse e, se o estímulo estressor persistir (presença do cão), ele se esgotará.

Tendo em vista o fato de o gato representar para o cão uma ameaça menos agressiva que o cão representa para ele, o cão ficará esgotado depois do gato. Nesse caso o cão representa para o gato um estímulo estressor externo, por estar fora do gato e, inato, por fazer parte da natureza biológica de todos os gatos.

Assim sendo, nos animais os estímulos para desencadear a ansiedade podem ter duas naturezas e uma só origem: quanto à natureza eles podem ser inatos, como vimos, do tipo gato tem medo de cachorro ou, por outro lado, condicionados por treinamento e experiência.

Quanto à origem serão predominantemente externos, partindo do pressuposto que os animais não têm condições para alimentarem conflitos intrapsíquicos. Mesmo assim, podemos dizer que alguns estímulos estressores para animais têm origem interna quando provém de comportamentos inatos.

No ser humano, dito civilizado, esses estímulos costumam ter duas origens; podem ser externos e, principalmente, internos. Os estímulos internos são oriundos dos conflitos pessoais os quais, em última instância, refletem sempre a tonalidade afetiva de cada um. Os estímulos externos, por sua vez, representam as ameaças concretas do cotidiano de cada um.

Nos ANIMAIS

No SER HUMANO

Origem

Natureza

Origem

Natureza

EXTERNOS

Condicionados

EXTERNOS

Adversidades
Conflitos

INTERNOS

Inatos

INTERNOS

Transtornos Afetivos
Traços de Personalidade

Nossa capacidade de perceber o mundo individualmente proporciona uma representação pessoal da realidade. Essa percepção pessoal da realidade, diferente em cada um de nós, é chamada de procepção da realidade. O principal conhecimento que devemos ter disso é que a realidade será sempre representada intimamente e de acordo com os filtros afetivos de cada um (para entender melhor veja a sugestão no quadro ao lado).

Portanto, por causa da percepção individual que temos da realidade não é totalmente lícito dizer que esse ou aquele determinado fato são estressores, pois alguns fatos podem representar estressores para alguns e não para outros.

A percepção pessoal da realidade engloba toda a realidade ou toda nossa maneira de ver e sentir o mundo. Engloba não apenas a concepção que temos das coisas que estão fora da gente como os conceitos que temos dentro da gente. Isso inclui também a imagem que nós temos de nós mesmos, ou seja, inclui nossa própria auto-estima.

Nossa auto-estima, por exemplo, pode ser representada mais negativamente ou mais positivamente, de acordo com a tonalidade afetiva de cada um. Algumas pessoas se vêem ótimas, outras se vêem péssimas. Assim sendo, a idéia que nós temos de nós mesmos pode ser um estímulo agressivo e estressor, causador de ansiedade, se representar uma idéia ruim e que nos perturba constantemente.

É por causa desses estímulos internos é que a ansiedade humana tem sido constante e, às vezes, patológica. As ameaças externas não costumam ser constantes mas as internas sim. Vejamos o caso das ameaças concretas acerca de nossa segurança pessoal, por exemplo: a ameaça de ser assaltados, agredidos, morto, etc.

A possibilidade até existe, nos grandes centros, mas não é continuada. Há situações onde podemos nos sentir seguros, racionalmente falando. Entretanto, o estímulo interno não é racional, é emocional. Isso quer dizer que podemos estar ansiosos devido ao medo de sermos assaltados e agredidos, embora essa possibilidade prática seja mínima.

Da mesma forma, podemos dizer que ficar doente seja uma ameaça séria, um estímulo ameaçador importante. É claro que é. Entretanto, podemos experimentar uma grande ansiedade devido ao fato de pensarmos que podemos ficar doentes. Esse estímulo é interno e não externo. Seria externo caso houvesse, de fato, sinais de que nossa saúde está abalada. Enquanto houver apenas o medo de passar mal, de poder ficar doente, isso será uma ameaça interna.

Ora, enquanto nos animais os agentes estressores (estímulos estressores externos) aparecem periodicamente, no ser humano a presença dos estímulos estressores (internos) pode ser continua. Havendo pois, uma afetividade problemática, uma insegurança e pessimismo vamos sentir ameaças internas continuamente. Vamos dormir com essas ameaças e acordar com elas. Portanto, nessas circunstâncias podemos ter o esgotamento.

De modo geral, no ser humano a afetividade é a moduladora da percepção que temos do mundo (procepção), e será essa afetividade a maior responsável por percebermos os estímulos como sendo agressivos e ameaçadores (estressores) ou não. Mesmo se tratando de um estímulo externo, proveniente do mundo objetivo, sua eventual natureza agressiva poderá ser mais ou menos traumática, dependendo da conotação a ele atribuída por nosso afeto.

Assim sendo, os estímulos ambientais se tornarão estressores não apenas de acordo com a sua natureza objetiva mas, sobretudo, de acodo avaliação subjetiva que a pessoa faz deles, atribuindo-lhes ou não importância. O mesmo podemos dizer em relação aos estímulos internos, ou seja, aos conflitos, frustrações, medos, sentimentos de perda, etc.

Dependendo de nosso afeto essas emoções e sentimentos podem significar uma ameaça maior ou menor.

A existência dos conflitos pode ser considerada fisiológica na espécie humana, ou seja, eles existem em todos nós. Porém, é muito importante saber da capacidade desses conflitos determinarem uma ansiedade patológica, isso sim merece uma dedicação especial.

Determinarão ansiedade na proporção que significarem ameaça para nós.

4.A Força dos Estressores

Vários autores tentaram estabelecer alguma espécie de graduação de importância para os vários estímulos estressores possíveis no cotidiano. Embora algumas listas possam dar a idéia de grau ou da força variável dos estressores, como por exemplo, o caso da separação conjugal que seria mais estressante que mudança de emprego e menos do que a morte do filho, tais tabelas perdem o valor quando consideramos que as pessoas são muito diferentes quanto à sua forma de reagir aos desafios impostos pela vida.

Algumas pessoas podem superar perfeitamente alguma perda importante, enquanto outros podem desenvolver um transtorno emocional como resposta à acontecimentos estressantes de menor importância. As variáveis pessoais desempenham um papel decisivo na maneira de reagir aos eventos de vida.

De um modo geral, pelo menos é bom termos em mente que existem categorias de estressores que nos impõem grandes esforços adaptativos, como por exemplo, a morte de um ente querido, uma grande perda, severos revezes econômicos, constatação de doença séria, etc., e, ao lado desses, existem os pequenos acontecimentos estressantes do cotidiano que acontecem com maior frequência na vida das pessoas e, finalmente, existem ainda a influência dos conflitos íntimos pessoais.

Mas, além dos acontecimentos consideradosev entualmente estressantes para o desencadeamento e manutenção do Estresse, há imperiosa necessidade de uma vulnerabilidade pessoal à ansiedade.

Vulnerabilidade pessoal é uma espécie de tendência constitucional a reagir mais ansiosamente aos estímulos. Algumas pessoas reagem com uma ativação fisiológica maior aos acontecimentos estressantes.

Um exemplo médico que pode se prestar à analogia com o Estresse seria, novamente, o da reação alérgica. Se, dentro de um mesmo ambiente impregnado de bolor, existirem 10 pessoas e 3 delas reagirem com espirros, coriza e lacrimejamento, enfim, com sinais de uma rinite alérgica ao mofo, não se pode, medicamente falando, atribuir ao fungo do bolor a causa exclusiva para tal rinite.

Se assim fosse todos os demais também teriam essa reação. Para ocorrer a reação alérgica é indispensável existir o mofo mais a sensibilidade pessoal. No máximo, podemos dizer que para a reação alégica do exemplo são necessários dois elementos; o fungo e a sensibilidade da pessoa.

Ao se estudar a Violência Urbana e suas conseqüências psiquiátricas, podemos encontrar tabelas (como a abaixo) que listam estímulos estressores relacionados ao desenvolvimento Transtorno por Estresse Pós-Traumático de intensidade moderada ou grave. Atualmente, as guerras e os refugiados que estas ocasionam, também estão sendo objeto de especial atenção por parte dos investigadores.

Estímulos estressantes e porcentagem de Transtorno por Estresse Pós-Traumático

AUTOR

ANO

ACONTECIMENTO

%

Terr
Pynoos
McLeer
McLeer
Reinherz
Shaw
Najarian
Savin
March
Korol
Sack

1981
1987
1988
1993
1996
1996
1996
1997
1999
1999
2000

Seqüestro
Ataque de franco-atirador
Abuso sexual
Agressão física
Furacão
Terremoto
Guerra
Incêndio
Desastre nuclear
Guerra
Violência doméstica

100
93
48
25
70
32
71
12
88
50
24

De qualquer forma é fundamental ter em mente que a força dos estressores depende mais da sensibilidade do sujeito do que do valor do objeto, ou seja, depende de como e com que peso a pessoa valoriza o evento (interno ou externo), mais do que o evento em si. Há pessoas que vivenciam as mesmas experiências que outros e regem diferentemente, experimentando estresse de grau variado ou, às vezes, nem se estressando. É por isso que estudamos, a seguir, o aspecto pessoal dos estressores.

5.Efeitos Pessoais dos Estressores

Nossa capacidade de conhecer o mundo decorre de nossa percepção pessoal da realidade. Essa percepção pessoal da realidade, diferente em cada um de nós, é chamada de procepção da realidade.

O principal conhecimento que devemos ter disso, é que a realidade será sempre representada intimamente e de acordo com os filtros afetivos de cada um, ou seja, de acordo com a sensibilidade (afetiva) de cada um.

A percepção pessoal da realidade engloba toda a realidade ou toda nossa maneira de ver e sentir o mundo e só essa realidade (única para nós) nos interessa. Nossa percepção pessoal da realidade engloba não apenas a concepção que temos das coisas que estão fora da gente, como os fatos, eventos, objetos, pessoas, etc., mas também os conceitos que cultivamos dentro da gente, nossas escalas de valores, nosso conflitos e complexos. Dentro de todo esse material interno ou intra-psíquico inclui-se, também, a imagem que nós temos de nós mesmos, ou seja, inclui nossa auto-estima.

Nossa auto-estima, por exemplo, poderá ser representada mais negativamente ou mais positivamente, de acordo com a tonalidade afetiva de cada um. Algumas pessoas se vêem ótimos, outras se vêem péssimos. Assim sendo, a idéia que temos de nós mesmos pode, por si só, ser um estímulo agressivo e causador de ansiedade, caso seja uma idéia ruim e que nos perturba constantemente.

Mesmo em se tratando de um eventual estímulo externo, proveniente do mundo objetivo e concreto, sua natureza agressiva poderá ser mais traumática ou menos traumática, ou seja, mais estressante ou menos estressante, dependendo da conotação mais agressiva ou menos agressiva à ele atribuída por nossa sensibilidade (afetiva). Ter que falar em público, por exemplo, pode representar uma ameaça maior ou menor, dependendo das circunstâncias pessoais.

Vendo uma antiga fotografia de algum ente querido já falecido, algumas pessoas experimentam sentimentos tenros, suaves, saudosos e até agradáveis, outras, por sua vez, podem experimentar sentimentos de angústia, tristeza, sensação de perda, pesar, enfim, sentimentos desagradáveis. O que, realmente, dentro das pessoas faz com que essa foto seja valorizada (representada) dessa ou daquela maneira é a Afetividade.

A Afetividade é, pois, quem dá valor e Representa nossa realidade. Essa Afetividade também é capaz de Representar um ambiente cheio de gente como se fosse ameaçador, estressante, e é capaz de nos fazer imaginar que pode existir uma cobra dentro do quarto ou ainda, é capaz de produzir pânico ao nos fazer imaginar que podemos morrer de repente.

A Afetividade valoriza tudo em nossa vida, tudo aquilo que está fora de nós, como os fatos e acontecimentos, bem como aquilo que está dentro de nós (causas subjetivas), como nossos medos, nossos conflitos, nossos anseios, etc. A Afetividade valoriza também os fatos e acontecimentos de nosso passado e nossas perspectivas futuras.

6. Descrição do estresse e outras doenças associadas; seus sinais e sintomas

É provavelmente o quadro clínico mais freqüente que existe.

Trânsito, problemas financeiros, profissionais, familiares, situações de vida, doenças, alterações de metabolismo, uso de alguns medicamentos, de álcool, de drogas, acidentes, correria, insegurança (tanto financeira quanto, no caso de nossas cidades, física mesmo), dificuldades com chefes, colegas de trabalho, filhos, cônjuges, pais etc., vão fazendo com que nosso corpo produza quantidades anormais de Adrenalina.

A Adrenalina é um hormônio produzido por nosso corpo e tem a função de fazer nosso organismo se defender. Ela faz com que o sangue irrigue mais o coração, o cérebro, os pulmões e os músculos. Isso para que fiquemos alertas, fortes e com todos os sentidos aguçados, para enfrentar o perigo. A produção de Adrenalina durante um certo tempo é benéfica para nós pois faz com que nosso organismo esteja apto a se defender de agressões.

O problema é que nossas condições de vida fazem com que esse tempo seja muito longo

Sinais de Estresse:

  • Diminuição do rendimento, erros, distrações e faltas na escola ou no trabalho.
  • Insatisfação com tudo.
  • Indecisão, julgamentos errados, atrasados, precipitados.
  • Piora na organização, adiamento e atrasos de tarefas, perda de prazos.
  • Insônia, sono agitado, pesadelos.
  • Irritabilidade, explosividade.
  • A concentração e a memória diminuem.
  • Coisas que davam prazer se tornam uma sobrecarga.
  • Reclamações mais freqüentes do que o habitual.
  • Uso de férias, feriados e finais de semana para colocar o serviço em dia, ao invés de relaxar e se divertir.
  • Ocupar cada vez mais tempo com trabalho e menos com lazer. Parece que o dia normal de trabalho não é mais suficiente para o que tem que ser feito.
  • Diminuição de entusiasmo e prazer pelas coisas.
  • Sensação de monotonia

Que levam aos sintomas do Estresse:

  • Cansaço.
  • Ganho ou perda de peso.
  • Infecções, gripes e outras viroses.
  • A Pressão Arterial e o Colesterol sobem, enrijecendo as artérias e favorecendo o aparecimento de Arteriosclerose, derrames, infartos, etc.
  • Dores de cabeça, dores musculares, dores “de coluna”, Fibromialgia.
  • Bruxismo (significa ranger dentes durante o sono).
  • Restlesslegs (pernas intranqüilas, principalmente na cama, durante a noite).
  • Má digestão, gastrites, úlceras.
  • Prisão de ventre e diarréia, flatulência (gases).
  • Acne, pele envelhecida, rugas, olheiras. Seborréia, queda de cabelos, enfraquecimento das unhas.
  • Diabetes.
  • Diminuição de Libido, Impotência Sexual.
  • Tentativa de relaxar com álcool, nicotina, drogas e excesso de comida, causando outras complicações no organismo.
  • Doenças psicossomáticas.
  • Ataques de ansiedade.
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
  • Ataques de Pânico que podem ou não evoluir para uma Síndrome do Pânico.
  • Depressão.

É comum observamos quadros de ansiedade que precede os sinais e sintomas do estresse. Quando as modificações fisiológicas necessárias à adaptação são eficientemente produzidas pela ansiedade estamos diante da ansiedade normal. É o caso, por exemplo, das respostas diante de uma situação nova; o bebê que chora diante da fome deixando clara a vontade de comer, o adolescente em estado de alerta diante da prova do vestibular, o adulto muito atento ao trânsito.

Por outro lado, falamos da ansiedade patológica, como uma forma de resposta inadequada, em intensidade e duração, à solicitações de adaptação; o bebê que chora ao ponto de perder o fôlego diante da fome, o adolescente em estado de esquecimento total diante da prova do vestibular, o adulto hipertenso e com arritmia cardíaca no trânsito.

Biologicamente a ansiedade está relacionada a alguns sistemas neuroquímicos, chamados de sistema noradrenérgico, gabaérgico e serotoninérgico, situados no lobo frontal e no sistema límbico no Sistema Nervoso Central.

As pessoas naturalmente ansiosas tendem a ter um tônus simpático aumentado, respondem emocionalmente de forma excessiva aos estímulos ambientais e demoram a adaptar-se às alterações do sistema nervoso autônomo.

Segundo Kaplan, a Ansiedade tem uma ocorrência duas vezes maior no sexo feminino e se estima que até 5% da população geral tenha algum tipo de Transtorno de Ansiedade. Sendo a Ansiedade uma grande mobilizadora do Sistema Nervoso Autônomo, nestes tipos de transtornos encontramos, sobretudo, uma rica sintomatologia física.

Esta é uma razão mais que suficiente para que tais pacientes freqüentemente percorram um exaustivo itinerário médico. Sobre a sintomatologia geral da Ansiedade, comumente se observa pelo menos SEIS dos 18 sintomas seguintes:

  1. 01 - tremores ou sensação de fraqueza
    02 - tensão ou dor muscular
    03 - inquietação
    04 - fadiga fácil
    05 - falta de ar ou sensação de fôlego curto
    06 - palpitações
    07 - sudorese, mãos frias e úmidas
    08 - boca seca
    09 - vertigens e tonturas
    10 - náuseas e diarréia
    11 - rubor ou calafrios
    12 - polaciuria
    13 - bolo na garganta
    14 - impaciência
    15 - resposta exagerada à surpresa
    16 - pouca concentração ou memória prejudicada
    17 - dificuldade em conciliar e manter o sono
    18 - irritabilidade

Esses sintomas supra-listados são de natureza geral e inexpecífica, sujeitos a surgirem em todas as pessoas indistintamente. Trata-se de manifestações basicamente neuro-biológicas e consoantes ao desequilíbrio do Sistema Nervoso Autônomo, quase emancipados do componente emocional individual de cada um. Tal quadro costuma estar relacionados ao Estresse crônico, tem um curso flutuante (vão e vêem) e tendência à cronificação.

Por outro lado, além das manifestações gerais e inexpecíficas da Ansiedade, podemos ter uma repercussão individual, pessoal e de acordo com as predisposições de personalidade. Aí surgem então os quadros e sintomas psíquicos da Ansiedade Patológica.

6.1.Sintomas Psíquicos do Estresse (Ansiedade Patológica)

É ampla a classificação dos transtornos emocionais decorrentes da Ansiedade Patológica, entretanto, reportaremos aqui apenas os quadros emocionais mais freqüentes e de maior importância clínica. Na Classificação Internacional de Doenças (CID.10) esses problemas aparecem no capítulo intitulado Transtornos Relacionados ao Estresse e Somatoformes. Aí estão incluídos a Síndrome do Pânico, os Transtornos Fóbicos, sendo atualmente o mais importante deles a Fobia Social e os Transtornos Somatoformes, ou seja, aqueles quadros onde há um componente físico principal decorrente de fatores emocionais.

Tendo em vista o propósito absolutamente sintético desse trabalho, descreveremos resumidamente apenas alguns quadros do vasto capítulo dos Transtornos Relacionados ao Estresse e Somatoformes.

6.2.Síndrome do Pânico

Uma das manifestações psico-emocionais do Estresse pode ser a Doença ou Síndrome do Pânico, que é um quadro de Ansiedade Patológica caracterizado por crises ou ataques recorrentes de pânico e normalmente indicam a existência de motivos intrapsíquicos importantes geradores de grande Ansiedade. Os ataques de pânico se caracterizam por crises de medo agudo e intenso, extremo desconforto, sintomas vegetativos associados e grande preocupação sobre a possibilidade de morte iminente e/ou de passar mal, e/ou de perder o controle.

Essas crises de ansiedade da Síndrome do Pânico duram minutos e costumam ser inesperadas, ou seja, não seguem situações especiais, podendo surpreender o paciente em ocasiões variadas. Não obstante, existem alguns pacientes que desenvolvem o episódio de pânico diante de determinadas situações pré-conhecidas, como por exemplo, dirigindo automóveis, diante de grande multidão, dentro de bancos, etc. Neste caso dizemos que o quadro é de Agorafobia com Transtorno do Pânico.

As classificações internacionais enfatizam que, muito freqüentemente, um Transtorno Depressivo coexiste com o Transtorno do Pânico. Nós, particularmente, achamos que a Síndrome do Pânico é, literalmente, uma forma atípica de doença depressiva. O sentimento de pânico é, em essência, uma grave sensação de insegurança e temor. Ora, quem mais, além dos deprimidos, podem sentir-se tão inseguros ao ponto de sentir a morte (ou o passar mal) iminente?

Depois do primeiro Ataque de Pânico, normalmente a pessoa experimenta importante ansiedade e medo de vir a apresentar um segundo episódio. É como se ficasse ansiosa diante da possibilidade de ficar ansiosa. Por causa disso os pacientes passam a evitar situações facilitadoras da crise, prejudicando-se socialmente e/ou ocupacionalmente em graus variados. São pessoas que deixam de dirigir, não entram em supermercados cheios, evitam aventurar-se pelas ruas desacompanhadas, não conseguem dormir, não entram em avião, não freqüentam shows, evitam edifícios altos, não utilizam elevadores e assim por diante.

A Síndrome do Pânico habitualmente se inicia depois dos 20 anos de idade, é igualmente prevalente entre homens e mulheres quando desacompanhado da Agorafobia, mas é duplamente mais freqüente em mulheres quando associado à este estado fóbico.

Segundo as principais classificações psiquiátricas, a característica essencial de um Ataque de Pânico é um período de intenso medo ou desconforto acompanhado por pelo menos 4 dos 13 sintomas somáticos ou cognitivos expostos na lista abaixo.

1- palpitações ou ritmo cardíaco acelerado
2- sudorese
3- tremores ou abalos
4- sensações de falta de ar ou sufocamento
5- sensações de asfixia
6- dor ou desconforto torácico
7- náusea ou desconforto abdominal
8- sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
9 -desrealização ou despersonalização (sentir-se outro)
10- medo de perder o controle ou enlouquecer
11- medo de morrer
12- parestesias (formigamentos) ou anestesia
13- calafrios ou ondas de calor

Os pacientes com Transtorno do Pânico podem necessitar estarem sempre acompanhados quando saem de casa e, posteriormente, podem até se recusar a sair de casa devido ao tamanho medo de passar mal na rua, de morrer subitamente ou enlouquecer de repente. Normalmente esses pacientes têm dificuldade em dormir desacompanhados, procuram insistentemente o cardiologista e recorrem ao auxílio religioso com entusiasmo exagerado.

Os Ataques de Pânico não ocorrem somente no chamado Transtorno do Pânico típico. Eles podem ocorrer em uma variedade de Transtornos de Ansiedade, como por exemplo, na Fobia Social, na Fobia Específica, no Transtorno de Estresse Pós-Traumático e no Transtorno de Estresse Agudo. É por causa dessa não-especificidade dos sintomas de pânico que somos inclinados a julgá-lo mais como um sintoma (de depressão atípica) que como uma doença independente.

6.3.Fobias Sociais


O Estresse pode ter como sintoma psicológico um quadro grave de ansiedade chamado Fobia Social. As Fobias Sociais estão centradas em torno de um medo anormal e absurdo de expor-se a outras pessoas e tem, como conseqüência, o afastamento e evitamento sociais. Podem ser específicas às situações de comer ou falar em público mas podem ser mais difusas, envolvendo quase todas as circunstâncias sociais fora do ambiente familiar.

Neste caso, entre as situações fóbicas que invariavelmente resultam na evitação do objeto, atividade ou situação socialmente temidos, destaca-se o medo de humilhação e embaraço em lugares públicos, o medo de comer em público, falar em público, urinar em banheiro público e, muito freqüentemente, de assinar cheques à vista de pessoas estranhas.

A exposição à situação social ou de desempenho provoca, quase que invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade, a qual pode assumir a forma de um Ataque de Pânico ligado à situação ou predisposto pela situação.

O prejuízo na atividade social de pessoas portadoras da Fobia Social pode chegar ao extremo do isolamento. Nas situações sociais ou de desempenho temidas, os indivíduos com Fobia Social experimentam preocupações acerca de embaraço e temem que outros os considerem ansiosos, débeis, "malucos" ou estúpidos.

O medo de falar em público pode ser em virtude da preocupação de que os outros percebam o tremor, em suas mãos, ou voz. Podem ainda experimentar extrema ansiedade ao conversar com outras pessoas pelo medo não saberem se expressar. Os sintomas de ansiedade que surgem nessas situações costumam ser palpitações, tremores, sudorese, desconforto gastrintestinal, diarréia, tensão muscular, rubor facial, etc.

Em crianças a Fobia Social pode se apresentar sob a forma de crises de choro, ataques de raiva, imobilidade, comportamento aderente ou permanência junto à mãe ou à uma pessoa familiar. Essa apatia social pode chegar ao ponto do mutismo total em certos casos de contacto com pessoas estranhas. Crianças pequenas podem mostrar-se excessivamente tímidas em contextos sociais, retraindo-se do contato, recusando-se a participar em brincadeiras de grupo, permanecendo tipicamente na periferia das atividades sociais e tentando permanecer próximas a adultos conhecidos.

6.4.Transtorno Somatoforme


O Transtorno Somatoforme pode ser mais uma das muitas manifestações clínicas emocionais do Estresse. Os pacientes com Transtorno Somatoforme em geral são poliqueixosos, com sintomas sugestivos de problemas funcionais de algum órgão ou sistema ou de alterações nas sensações corpóreas sobre a funcionalidade do organismo como um todo.

Estas síndromes funcionais podem aparecer como quadros dolorosos incaracterísticos, transtornos cardiocirculatórios, ou qualquer outro órgão ou sistema, que não se confirmam por exames especializados. Nota-se sempre, inclusive com reconhecimento pelo próprio paciente, variação na intensidade das queixas conforme alterações emocionais, embora a maioria deles insista em discordar do ponto de vista médico que aponta para a possibilidade psíquica dos sintomas.

O principal aspecto do Transtorno Somatoforme é a queixa repetida de sintomas físicos, juntamente com uma tendência persistente para investigações médicas, apesar dos seguidos resultados negativos nos exames de diagnóstico. Caso haja algum componente físico associado às queixas somáticas, aquele não explica as proporções destas. Na maioria das vezes estes pacientes manifestam um comportamento histriônico (teatral e histérico), o que motivava a antiga classificação ter incluído tais transtornos no capítulo das histerias.

Normalmente esses pacientes somatoformes estão recebendo atenção médica de mais de um profissional, envolvem mais de uma especialidade simultaneamente e a sintomatologia se apresenta de maneira dramática, vaga e exagerada.

Os pacientes com queixas somáticas normalmente relatam uma história médica bastante extensa, têm facilidade para memorizar nomes de medicamentos e de doenças complicadas, conhecem quase tudo acerca de exames subsidiários e seus relatos costumam ser um tanto dramáticos. São quase incapazes de referir uma dor simplesmente como, por exemplo, uma pontada. Normalmente eles dizem que dói como se um ferro em brasa estivesse entrando, como uma punhalada, como se arrancassem seus órgãos, etc.

SINTOMAS DO TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO

1 – vômitos

12 - dor durante o ato sexual

2 – palpitações

13 - dor nas extremidades

3 - dor abdominal

14 - impotência

4 - dor torácica

15 - dor lombar

5 – náuseas

16 - dismenorréia

6 – tonturas

17 - dor articular

7 – flatulência

18 - outras queixas menstruais

8 - ardência nos órgãos genitais

19 - dor miccional

9 – diarréia

20 - vômitos durante a gravidez

10 - indiferença sexual

21 - dor inespecífica

11 - intolerância alimentar

22 - falta de ar

Para o diagnóstico do Transtorno Somatoforme é importante que os sintomas causem sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes. A representação subjetiva dos sintomas somatizados reflete sempre um aspecto sócio-cultural do paciente.

Em camadas menos diferenciadas da população notamos empobrecimento na representação dos sintomas, como por exemplo, a menstruação que sobe para a cabeça, o sangue sujo, uma dieta puerperal mal conduzida, a conseqüência desastrosa de olhar no espelho depois da refeição, uma mistura fatal de manga com leite, sustos capazes de provocar paralisias e assim por diante. Nos níveis mais diferenciados a representação da doença é melhor elaborada, como por exemplo, uma polineurite conseqüente à hipersensibilidade à algum medicamento.

De qualquer modo, a manifestação emocional somatizada não respeita posição sócio-cultural, como podem suspeitar alguns, não guarda também relação com o nível intelectual, pois, como já vimos, a emoção é senhora e não serva da razão.

O único fator capaz de atenuar as queixas é a capacidade da pessoa expressar melhor seus sentimentos verbalmente. Quanto maior a capacidade do indivíduo referir seu mal-estar através de discurso sobre suas emoções, como por exemplo, relatando sua angústia, sua frustração, depressão, falta de perspectiva, insegurança, negativismo, pessimismo e coisas assim, menor será a chance de representar tudo isso através de palpitações, pontadas, dores, falta de ar, etc.

6.5.Sintomas do Esgotamento


O resultado do agravamento e da falta de tratamento para a situação de Estresse pode resultar no "Esgotamento", um termo leigo mas de grande valor descritivo. Diante do Esgotamento o organismo todo pode entrar em sofrimento. É como se esgotasse não apenas nossa capacidade de adaptação às mais diversas circustâncias de vida mas, sobretudo, a capacidade de nos adaptarmos à nós mesmos.

Nesses casos de Esgotamento há acentuada perda no limiar de tolerância aos estímulos externos e acentuada inadequação ambiental. O quadro clínico emocional apresentado por uma pessoa com Esgotamento é o mesmo observado nos episódios depressivos.

Entretanto, a Depressão pode aparecer sob duas formas; uma forma clássica, melhor conhecida por todos e que podemos chamar de Depressão Típica, com ansiedade, crises de choro imotivadas, angústia, tristeza e desânimo geral ou, de outra forma, de maneira mascarada, a qual, didaticamente podemos chamar de Depressão Atípica. Nesse caso a tristeza pode ser bem menor ou mesmo nem aparecer e o estado de ânimo pode estar até normal.

Existem, como veremos, formas de depressão com muitos sintomas físicos misteriosos e dificilmente esclarecidos por exames médicos. Comecemos com os sintomas vagos e atípicos que devem sugerir início de depressão conseqüente ao esgotamento (Lista 1):

Dores sem causa física:

cabeça, abdominais, pernas, costas, peito e outras incaracterísticas

Alterações do sono:

insônia ou sonolência excessiva

Perda de energia:

desânimo, desinteresse, apatia, fadiga fácil

Irritabilidade:

perda de paciência, explosividade, inquietação

Ansiedade:

apreensão contínua, inquietação, às vezes medo inespecífico

Baixo desemprenho:

alterações sexuais, memória, concentração, tomada de decisões

Queixas vagas:

tonturas, zumbidos, palpitações, falta de ar, bolo na garganta

Evidentemente não há necessidade da pessoa apresentar todos os sintomas listados acima para suspeitar-se de Esgotamento com Depressão. Este mesmo quadro numa determinada pessoa pode não ser igual à outra, baseado naquilo que cada um sente ou mesmo, baseado nos traços de personalidade de cada um.

Os sintomas acima refletem uma espécie de esgotamento da capacidade de adaptação às circunstâncias de vida, Esgotamento este, como dissemos, ocasionado ou por excesso de fatores estressantes do dia-a-dia, ou por tendências depressivas e ansiosas da própria pessoa.

Por outro lado, o quadro depressivo que acompanha o Esgotamento pode se manifestar de forma típica. Vejamos, então, a lista dos 9 sintomas clássicos e sugestivos de um quadro de franca Depressão Típica :

Humor deprimido quase diariamente:

tristeza, angústia, pessimismo

Redução importante do interesse:

perda do prazer com as coisas, desinteresse

Alterações do peso:

para mais ou para menos

Alterações do sono:

insônia ou dormir demais (hipersonia)

Alterações psicomotoras:

agitação, inquietação ou lentificação

Redução da energia:

apatia, preguiça, fadiga, perda de força, cansaço

Redução da performance psíquica:

raciocínio, concentração e/ou memória diminuídos

Idéias sobre a morte:

pensar sobre, desejar ou não se importar em morrer

Alterações da auto-estima:

auto-desvalorização, sentimentos de culpa

7. Fases de Evolução e Fisiologia do Estresse

Quando nosso cérebro, independente de nossa vontade, interpreta alguma situação como ameaçadora (estressante), todo nosso organismo passa a desenvolver uma série de alterações denominadas, em seu conjunto, de Síndrome Geral da Adaptação ao Estresse. Na primeira etapa dessa situação ocorre uma Reação de Alarme, onde todas as respostas corporais entram em estado de prontidão geral ou seja, todo organismo é mobilizado sem envolvimento específico ou exclusivo de algum órgão em particular. É um estado de alerta geral, tal como se fosse um susto.

Se esse Estresse continua por um período mais longo sobrevém a Segunda fase, chamada de Fase de Adaptação ou Resistência, a qual acontece quando a tensão se acumula. Nesta fase o corpo começa a acostumar-se aos estímulos causadores do Estresse e entra num estado de resistência ou de adaptação. Durante este estágio, o organismo adapta suas reações e seu metabolismo para suportar o Estresse por um período de tempo. Neste estado a reação de Estresse pode ser canalizada para um órgão específico ou para um determinado sistema, seja o sistema cardiológico, por exemplo, ou a pele, sistema muscular, aparelho digestivo, etc.

Entretanto, a energia dirigida para adaptação da pessoa à solicitação estressante não é ilimitada e se o Estresse ainda continuar, o corpo todo pode entrar na terceira fase, o Estado de Esgotamento, onde haverá queda acentuada de nossa capacidade adaptativa.

A Síndrome Geral de Adaptação descrita por Hans Selye consiste, como vimos, em três fases sucessivas: Reação de Alarme, Fase de adaptação ou Resistência e Fase de Exaustão. Sendo que a última, Fase de Exaustão, é atingida apenas nas situações mais graves e, normalmente, persistentes. Vejamos uma a uma.

7.1.Reação de Alarme

A Reação de Alarme subdivide-se em dois estados, a fase de choque e a fase de contra-choque. As alterações fisiológicas na fase de choque, momento onde o indivíduo experimenta o estímulo estressor, são muito exuberantes (Quadro 1, abaixo).
Durante a Reação de Alarme, participa ativamente do conjunto das alterações fisiológicas o chamado Sistema Nervos Autônomo (SNA). Trata-se, este SNA, de um complexo conjunto neurológico que controla, autonomamente, todo o meio interno do organismo, através da ativação e inibição dos diversos sistemas, vísceras e glândulas.

Ainda durante o momento em que está havendo estimulação estressante aguda (Fase de Choque da Reação de Alarme), uma parte do Sistema Nervoso Central denominado Hipotálamo promove a liberação de um hormônio, o qual, por sua vez, estimula a hipófise (glândula vizinha ao Hipotálamo) a liberar um outro hormônio, o ACTH, este ganhando a corrente sanguínea e estimulando as glândulas Supra-renais para a secreção de corticóides. Vejamos com detalhes.

Inicialmente há envolvimento do hipotálamo, que ativa todo o Sistema Nervoso Autônomo, em sua porção Simpática, assim ativando as respostas físicas, mentais e psicológicas ao estresse.

É também no Hipotálamo que se localia a glândula hipófise (também chamada de pituitária), a glândula mestre do sistema endócrino. Para que a hipófise comece suas respostas ao estresse, o próprio Hipotálamo secreta algumas substâncias conhecidas por neuro-hormônios, como é o caso, entre outros, da Dopamina, da Norepinefrina e do Fator Liberador da Corticotrofina (CRF).

Além do Hipotálamo, aumentar a produção de Dopamina, Norepinefrina e do Fator Liberador da Corticotrofina no estresse, a Hipófise também faz sua parte, aumentando a produção de outros hormônios, tais como a Vasopressina, a Prolactina, o Hormônio Somatotrófico (do Crescimento ou GH), o Hormônio Estimulador da Tireóide (TSH). Em relação ao GnRH ou Hormônio Liberador de Gonadotrofinas, que também é produzido no Hipotálamo e estimula a Hipófise na liberação dos hormônios gonadotróficos pode ocorrer, no estresse tanto uma inibição quanto um aumento desmedido.

Por causa de tudo isso, o Hipotálamo é considerado o principal sítio cerebral responsável pela constelação das respostas orgânicas aos agentes estressores. A Hipófise, por sua vez, tem como uma das principais ações estimular as glândulas supra-renais.

  1. A partir da produção do Fator Liberador da Corticotrofina, o Hipotálamo estimula a Hipófise para aumentar a produção da própria corticotrofina, chamada também de Hormônio Adreno-Córticotrófico (ACTH), o qual, por sua vez, agirá em outra glândula bem distante do Sistema Nervoso Central, as Suprarrenais. Ali, nas Glândulas Suprarenais, ocorre um aumento na liberação de seus hormônios; os corticóides e as catecolaminas. Esses últimos são de fundamental importância na resposta fisiológica ao estresse.

O aumento na produção destes hormônios pelas Suprarrenais são os principais indicadores biológicos da resposta ao estresse. Alguns trabalhos confirmam o aumento da secreção de catecolaminas suprarrenais (adrenalina e noradrenalina) durante o estresse, através presença de metabólitos dessas substâncias na urina de estudantes nas universidades no período de exames.

Quadro 1 - ALTERAÇÕES NA FASE DE CHOQUE DA REAÇÃO DE ALARME

ALTERAÇÕES

OBJETIVOS

a) aumento da frequência cardíaca e pressão arterial

o sangue circulando mais rápido melhora a atividade muscular esquelética e cerebral, facilitando a ação e o movimento

b) contração do baço

levar mais glóbulos vermelhos à corrente sanguínea e melhora a oxigenação do organismo e de áreas estratégicas

c) o fígado libera glicose

para ser utilizado como alimento e energia para os músculos e cérebro

d) redistribuição sanguínea

diminui o sangue dirigido à pele e vísceras, aumentando para músculos e cérebro

e) aumento da frequência respiratória e dilatação dos brônquios

favorece a captação de mais oxigênio

f) dilatação das pupilas

para aumentar a eficiência visual

g) aumento do número de linfócitos na corrente sanguínea

preparar os tecidos para possíveis danos por agentes externos agressores

As glândulas suprarrenais secretam, além das catecolaminas, o cortisol (uma espécie de corticóide). A fisiopatologia sabe, há tempos, que os níveis aumentados de corticóides influenciam o sistema imunológico inibindo a resposta inflamatória, afetando essencialmente a função das células T. Temporariamente esta inibição imunológia parece ser benéfica, tendo em vista diminuir a intensidade das reações inflamatórias aos agentes de estresse.

No estresse, além da secreção do hormônio corticotrófico (ACTH) a Hipófise aumenta também a produção de outros hormônios, tais como a Vasopressina, a Prolactina, o Hormônio Somatotrófico (do Crescimento ou GH), o Hormônio Estimulador da Tireóide (TSH). Como se vê, o estresse acaba por envolver todo o organismo no esforço de adaptação.

Resumindo, durante a Fase de Choque predomina a atuação de uma parte do Sistema Nervos Autônomo chamado de Sistema Simpático, o qual proporciona descargas de adrenalina da medula da glândula supra-renal e de noradrenalina das fibras pós-ganglionares para a corrente sanguínea.

Alguns estudos mais recentes sugerem que a emoção da raiva, quando dirigida para fora, estava associada mais à secreção de noradrenalina. Entretanto, na depressão e a na ansiedade, onde os sentimentos estão dirigidos mais para si próprio, a secreção de adrenalina predomina.

7.2.Adaptação ou Resistência

A Fase de Resistência se caracteriza, basicamente, pela hiperatividade da glândula supra-renal sob influência do Hipotálamo, particularmente da Hipófise. Nesta fase, mais crônica, há um aumento no volume da supra-renal, concomitante a uma atrofia do baço e das estruturas linfáticas, assim como um continuado aumento dos glóbulos brancos do sangue (leucocitose).

Dessa forma, a ação da Hipófise ao ativar todo o Sistema Endócrino ocorre porque o organismo necessita concentrar maior quantidade de energia para se defender. As descargas simpáticas na camada medular da Glândula Suprarrenal, provocando liberação de catecolaminas nas situações emergenciais do estresse, ativando a glicogenólise no líquido extra-celular, e glicogênese no fígado, inibindo a insulina e estimulando o glucagon, estes dois últimos hormônios pancreáticos.

Durante essa fase de adaptação prossegue o aumento de atividade do Sistema Simpático e a conseqüente liberação de catecolaminas. Esse mecanismo hormonal permite maior aporte de glicose às células em geral, seguido pela liberação de glicocorticóides, os quais são fundamentais para a excitação de atividades cerebrais durante a Síndrome Geral de Adaptação ou Estresse.

Os glicocorticóides (GC) regulam também as catecolaminas, pois a síntese das catecolaminas necessita de glicose. Os GC são corticosteróides capazes de estimular a síntese de RNA, formadora de proteína e de glicogênio e suprime a síntese de DNA.

A taxa de glicose precisa ser elevada no sangue para que haja energia disponível ao longo do estresse. Mas, se o estresse continua por muito tempo, os glicocorticóides são destrutivos para os tecidos, inibindo o crescimento somático e ósseo.

Assim, se os estímulos estressores continuam e se tornam crônicos, a resposta começa a diminuir de intensidade, podendo haver uma antecipação das respostas. É como se a pessoa começasse a se acostumar com os estressores mas, não obstante, pudesse também desenvolver a reação de estresse apenas diante da perspectiva ou expectativa do estímulo.

Vamos imaginar, hipoteticamente, uma pessoa que se deparasse com uma cobra no meio de sua sala, quase todas as vezes que entrasse em casa. Com o tempo sua reação ao ver a (mesma) cobra tende a diminuir, embora ainda continue tomando muito cuidado. Vai chegar um momento em que, ainda que não veja cobra ao chegar em casa, mesmo assim ficará estressado.

Talvez tenha grande ansiedade ao imaginar onde poderia estar hoje a tal cobra. Diz um ditado que a diferença entre medo e ansiedade é exatamente essa; medo é ver uma cobra dentro do quarto, e ansiedade é saber que tem uma cobra dentro do quarto mas não vermos ela.

Se o agente ou estímulo estressor continua, o organismo vai à terceira fase da SGA, a Fase de Exaustão.

7.3.Fase de Exaustão ou Esgotamento

É quando começam a falhar os mecanismos de adaptação e déficit das reservas de energia. Essa fase é grave, levando à morte de alguns organismos. A maioria dos sintomas somáticos e psicossomáticos ficam mais exuberantes nessa fase.

Como se supõe, a resistência do organismo não é ilimitada. O estado de Resistência é a soma das reações gerais não específicas que se desenvolvem como resultado da exposição prolongada aos agentes estressores, frente aos quais desenvolveu-se adaptação e que, posteriormente, o organismo não pode mantê-la.

As modificações biológicas que aparecem nessa fase se assemelham aquelas da Reação de Alarme, mais precisamente às da fase de choque. Mas, nesta fase o organismo já não é capaz de equilibrar-se por si só e sobrevém a falência adaptativa.

Considerando as alterações fisiológicas observadas durante a Reação de Alarme (Choque e Contra-Choque), soubemos que o ser humano e os animais superiores foram dotados de um complexo mecanismo fisiológico à disposição da adaptação, mecanismo esse capaz de promover transformações diante de circunstâncias novas e para as quais o indivíduo deve adaptar-se.

Na realidade, toda essa revolução fisiológica produzida pelo Estresse visa colocar todo o organismo à disposição da adaptação, e não apenas através da adequação do desempenho físico e visceral do organismo mas, sobretudo, fornecendo uma quantidade suficiente de ansiedade como requisito psicológico para a manutenção do estado de alerta. Dessa forma fica melhor viabilizadas as possibilidades de ataque ou de fuga.

Enfim, a Síndrome Geral de Adaptação viabiliza as atitudes adaptativas necessárias para a manutenção da vida diante de um mundo dinâmico e altamente solicitante. Curiosamente, diante desta maravilhosa característica adaptativa que proporciona a Síndrome Geral de Adaptação, intriga-nos o fato de tão brilhante mecanismo defensivo se relacionar com o desenvolvimento de transtornos emocionais, físicos e psicossomáticos?

Talvez o ser humano, dito civilizado, tenha começado a padecer com a Síndrome Geral de Adaptação quando seus objetivos, inicialmente colocados à disposição de sua sobrevivência física, foram deslocados para a sua sobrevivência social e afetiva. Os agentes estressores, que continuamente estimulam a pessoa, não representam mais apenas ameaças ao seu bem estar físico e imediato, são, antes disso, também estressores que estimulam uma tomada de atitude diante de ameaças subjetivas e abstratas.

Talvez, em algum momento de nossa pré-história, o ser humano não necessitasse mais apenas sobreviver, como talvez tenha sido a preocupação absoluta de nossos ancestrais da caverna mas, necessitava sobreviver socialmente, profissionalmente, familiarmente e economicamente. Não era mais necessário adaptar-se apenas ao aqui e agora, como exigência momentânea de sua trajetória existencial mas, sobretudo, devia adaptar-se ao seu passado, ao seu presente e ao seu futuro.

O aqui-e-agora é apenas uma parte do esforço adaptativo do ser humano e, mesmo assim, não se trata de uma atitude voltada exclusivamente para a manutenção prática de sua existência. Psicologicamente a adaptação é convocada para que o indivíduo exista desta ou daquela forma e não simplesmente para que exista. Além disso, o ser humano tem que adaptar-se emocionalmente às suas cicatrizes do passado e às suas perspectivas do futuro.

O ser humano tem que se adaptar aos problemas da infância, às perdas e abandonos sofridos, às agressões, ao medo e frustrações. Tem que adaptar-se às expectativas que seu grupo social lhe dirige, à uma identidade conveniente mas nem sempre sincera, adaptar-se à competição e à manutenção de seu espaço social, às angústias do amor, à conquista da segurança para seus entes queridos, enfim, tem que adaptar-se às ameaças impalpáveis e abstratas, ameaças essas encontradas mais em seu próprio interior, como um inimigo sempre presente, do que fora dele. Tudo isso, ou seja, todos estes estímulos estressores, são capazes de convocar a Síndrome Geral de Adaptação por tempo indeterminado.

As reações de Estresse resultam, exatamente, do esforço adaptativo. As doenças, como por exemplo o estado bem conhecido leigamente como o "esgotamento", surgem quando o estímulo estressor for muito intenso ou muito persistente. É o custo (mental e biológico) do esforço adaptativo.

Os efeitos da Síndrome Geral de Adaptação sobre o indivíduo cronicamente ao longo do tempo compõem o substrato fisiopatológico das doenças psicossomáticas. Cada órgão ou sistema são envolvidos e apenados pelas alterações fisiológicas continuadas do Estresse, de início apenas com alterações funcionais e depois, com lesões também anatômicas.

Por causa disso, podemos dizer que as Doenças Psicossomáticas são aquelas determinadas ou agravadas por motivos emocionais, já que é sempre a emoção quem detecta a ameaça e o perigo, sejam eles reais, imaginários ou fantasiosos.

Resumindo as fases do estresse:

Fase de alerta: ocorre quando existe reação a uma ação externa. Nesta fase podem surgir problemas fisiológicos como taquicardia (batimento mais rápido e forte do coração), respiração acelerada e suor frio.

Fase de resistência: é a luta do organismo contra a fase de alerta. O indivíduo pode controlar-se (neste caso o stress passa despercebido) ou continuar estressado. Normalmente nessa fase o corpo responde com mudanças de comportamento, insônia e descontentamento.

Fase de exaustão; persistindo a situação de stress, é possível surgir uma série de doenças crônicas. Neste último estágio podem aparecer problemas emocionais, hipertensão, úlceras, gastrites, fadiga crónica, diabetes, alterações no sono, dentre outras manifestações.

8. Considerações importantes quanto ao Estresse

O processo do estresse envolve o organismo todo, o qual assume uma certa postura diante dos estímulos proporcionados pela vida. Esta postura diante dos estímulos (ou diante da vida) dependerá da natureza desses estímulos. Podemos reagir diferentemente diante do fato de recebermos um presente ou uma má notícia mas, é bom saber, todas as vezes em que nos deparamos com algum estímulo será nossa própria pessoa quem julgará a natureza desses estímulos. Como dizia Shakespeare, "as coisas raramente são boas ou más, nosso pensamento é que as faz assim.

Assim sendo, a ordem para desencadearmos o estresse é sempre determinada por razões subjetivas e pessoais. O estresse começa quando nós percebe-mos ou entendemos uma situação, pessoa, acontecimento ou objeto como sendo um Fator Estressante, de acordo com nossa interpretação subjetiva.

Para que ocorra qualquer tipo ou forma de estresse são necessárias duas condições; as disposições pessoais do portador do estresse e as circunstâncias favorecedoras ou agentes ocasionais. Sobre a disposição pessoal, podemos dizer que sem ela os agentes (estressores) ocasionais não seriam capazes, por si só, de produzir a reação de estresse.
Mas, além das disposições pessoais e dos agentes ocasionais há que ser considerado também a qualidade psíquica atual da pessoa que se estressa, falaremos também das circunstâncias emocionais atuais. Vamos ver cada uma dessas causas, começando pelos dois tipos de causas internas; as Disposições Pessoais e as Condições Psíquicas Atuais.

8.1.Disposição Pessoal


A forma como percebemos os fatos depende grandemente de nosso psiquismo, de nosso ego, do sistema de valores que cada um tem em si e, até mesmo, da nossa hereditariedade. Acontecimentos felizes, tais como casar, ganhar na loteria ou encontrar um ente querido após uma longa ausência, também produzem estresse, embora, com maior freqüência, este ocorra diante de eventos mais negativos, dolorosos e desa-gradáveis.

Uma mesma situação pode ser percebida de modo totalmente diferente entre dois indivíduos e significar Fator Estressante para um e não para outro. Um deles pode perce-ber uma determinada situação como um desafio excitante, enquanto o outro pode percebê-la como ameaça à vida.

Um farol vermelho pode ser interpretado por uma pessoa como um objeto útil para disciplinar o tráfego, enquanto para outra pessoa pode significar uma fonte de irritação. Além do mais, a mesma pessoa pode perceber e reagir de forma diferente diante das mesmas situações em momentos diferentes, dependendo do estado emocional geral.

Nosso pensamento às vezes caminha de rédeas soltas e, em termos emocionais, nem sempre distinguimos um acontecimen

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