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segunda-feira, 5 de julho de 2010









"Uma breve história da Psicologia Transpessoal"

Texto original: Stanislav Grof


A Psicologia Transpessoal surgiu no final dos anos 60 a partir da percepção de que as demais vertentes do estudo psicológico careciam de referencias aos aspectos espirituais de compreensão da realidade. Abraham Maslow e Anthony Sutich, os criadores da Psicologia Humanista, questionavam-se a respeito de suas próprias teorias ao perceber que “haviam deixado de fora um elemento extremamente importante – as filosofias espirituais, as várias tradições místicas, a meditação, a sabedoria ancestral e aborígene, assim como a vasta experimentação psicodélica durante os tormentosos anos 60”1, como sugere o psiquiatra tcheco Stanislav Grof, no texto "A Brief History of Transpersonal Psychology" – Uma breve história da Psicologia Transpessoal”.

Grof salienta que Maslow e Sutich concluíram que a psicologia somente seria válida, compreensiva e intercultural se nela ocorresse a “observação de áreas tais como os estados místicos, a consciência cósmica, as experiências psicodélicas, os fenômenos de transe, a criatividade e a inspiração religiosa, artística e científica”.

Em 1967, os precursores da Escola Humanista de Psicologia: Abraham Maslow e Anthony Sutich reuniram-se com os pesquisadores Stanislav Grof, James Fadiman, Miles Vich, e Sonia Marculies em Menlo Park, na California, com “o propósito de criar uma nova psicologia que honraria todo o espectro da experiência humana, incluindo vários estados não-ordinários de consciência”
2, segundo o que recorda Grof em seu texto sobre a história desta vertente teórica. Em seguida, os seus precursores lançaram a Associação de Psicologia Transpessoal (Association of Transpersonal Psychology – ATP) e passaram a publicar o Journal of Transpersonal Psychology. Em 1975, Robert Frager cria o Instituto de Psicologia Transpessoal na Califórnia, que existe há mais de três décadas, completa Grof.
O psiquiatra destaca que a Psicologia Transpessoal observou equívocos da psiquiatria convencional a respeito da espiritualidade e religião e respondeu a questões do estudo da consciência que ficavam sem respostas pelo olhar do paradigma científico vigente. Esta percepção da realidade teria duas características fundamentais que influenciariam a compreensão da psique, segundo o antropólogo norte-americano Michal Harner, citado por Grof: o etnocentrismo e o cognicentrismo.

O etnocentrismo ocorria, segundo Grof, porque essa visão fora promovida por cientistas materialistas ocidentais que consideravam sua própria perspectiva superior às outras, e interpretavam a espiritualidade como “ignorância aos fatos científicos, superstição”, e “pensamento mágico primitivo”, dentre outros fatores.

Já a característica cognicêntrica, para o psiquiatra, verificava-se porque “estas disciplinas formularam suas teorias em bases de experiências e observação de estados ordinários de consciência e tem sistematicamente evitado ou mal interpretado a evidência de estados não-ordinários, como “(...)as observações de terapia psicodélica, poderosas psicoterapias experienciais, trabalhos com indivíduos em crises psicoespirituais, pesquisa em meditação, estudos de campo em antropologia ou tanatologia.
3

Diferente desta forma de conceber a realidade, a Psicologia Transpessoal propõe-se a investigar os estados não-ordinários de consciência, que para Grof compreenderiam a observação de um extrato específico da consciência em que observamos “heurística, cura, potencial transformador e revolucionário”4 e que também são encontrados em “experiências de xamãs e seus clientes, aquelas de iniciados em rituais nativos de passagem, e nos mistérios ancestrais de morte e renascimento, de praticantes espirituais e místicos de todas as eras, e de indivíduos em crises psico-espirituais (emergências espirituais)”5.

Stanislav Grof aponta que a psiquiatria convencional desconsiderava qualquer estado diferente daquele que experimentamos no dia-a-dia, e os chamava de estado alterado de consciência, que segundo esta visão representavam distorções patológicas. Ao estudar estes estados, o psiquiatra tcheco vislumbrou uma porção específica destes âmbitos, às quais classifica como estados não-ordinários de consciência, e os denomina estados holotrópicos ou transpessoais. “Num certo sentido, a percepção do mundo nos estados holotrópicos é mais apurada que a nossa percepção cotidiana dele”6, destaca.

O acesso ao estado holotrópico ou transpessoal pode ocorrer através de processos clínicos que incluem “procedimentos não-farmacológicos, como práticas de meditação, música, dança, exercícios respiratórios e outros acessos que não podem ser vistos como agentes patológicos“7, como explica o autor.

Ao respeitar rituais e práticas espirituais ancestrais, o novo paradigma que a Psicologia Transpessoal propõe “deveria ser hábil para reconciliar a ciência com a espiritualidade baseada experimentalmente em uma natureza não-nomeável, universal, e abrangente, e trazer uma síntese da ciência moderna e da sabedoria ancestral”
8, propõe Grof.

Fonte da resenha: GROF, Stanislav. A Brief History of Transpersonal Psychology. Disponível em: [http://www.stanislavgrof.com/pdf/A%20Brief%20History%20of%20Transpersonal%20Psychology-Grof.pdf]. Acesso em: 29 mai. 2008.
1“They became increasingly aware that they had left out an extremely important element – the spiritual philosofies, various mystical traditions, meditation, ancient and aboriginal wisdom, as well as the widespread psychedelic experimentation during the stormy 1960s (...).”

2“ (...) with the purpose of creating a new psychology that would nonour the entire spectrum of human experience, including various non-ordinary states of consciousness.”

3“(...) observations from psychedelic therapy, powerful experientail psychoterapies, work with individuals in psychospiritual crises, meditation research, field anthropological studies, or thanatology.”

4“(...) heuristic, healing, transformative and even evolutionary potential.”

5“This includes experiencies of shamans and their clients, those of initiates in native rites of passage and ancient mysteries of death and rebirth, of spiritual practitioners and mystics of all ages, and individuals in psychospiritual crisis (“spiritual emergencies”).”

6“In a certain sense, the perception of the world in holotropic states is more accurate than our everyday perception of it.”

7“These include non-pharmacological procedures, such as meditation practices, music, dancing, breathing exercises and other approaches that cannot be seen as pathological agents by any stretch of the imagination.”

8
“This new paradigm should be able to reconcile science with experientially based spirituality of a non-denominational, universal, and all-embrancing nature and bring about a synthesis of modern science and ancient wisdom.”
http://www.unipazsul.org.br/


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