De tempos em tempos, precisamos pôr em ordem as coisas
acumuladas a fim de fazer espaço para aquilo que queremos manter.
Entretanto, muitas pessoas têm dificuldades em fazer isso. Você
gostaria de aprender um truque ridiculamente simples para tornar isso
mais
fácil?
Quando a maioria das pessoas faz isso, elas olham para o seu
armário cheio de roupas, a gaveta cheia de meias ou para
a prateleira cheia de livros e tentam decidir o que elas não querem.
Apesar disso parecer muito lógico e direto, há várias razões porque
esta não é a melhor maneira de realizar a tarefa.
Imagine que você foi ao supermercado comprar comida e que
estava focado no que não queria comprar. Pare por um momento
para imaginar na sua mente você realmente fazendo isso, e descubra como
seria fazer compras dessa maneira...
Isso não parece uma inversão? Agora se imagine fazendo as suas
compras da maneira que você normalmente faz, focando
no que você quer...
Se você já tem a lista das coisas que decidiu que quer ou se
você fica percorrendo com os olhos para ver o que lhe
atrai (ou ambos), se concentrar no que você quer é muito mais simples e
mais direto.
Provavelmente existem poucos itens que você quer e um número
muito grande de itens que você não quer. Se você estiver
focado em eliminar aquilo que não quer, você levará muito mais tempo
porque existem muito mais itens para processar.
A sua atenção tem um certo limite: concentrando a sua atenção
no que não quer, 'sobrará' menos atenção para o que você
quer e você até poderá perder de vista o todo, que é o que acontece na
paranoia.
Talvez mais importante, é que se você se concentrar no que não
quer, terá os sentimentos que vem junto quando pensa
nessas coisas. Esses sentimentos tendem a serem menos agradáveis do que
os que você tem quando pensa no que quer. Tente isso na sua
imaginação. Primeiro pense em uma comida que não quer... e depois pense
em uma que você quer...
Qual delas faz você se sentir melhor? Você vai se sentir melhor
se pensar naquilo que quer e estará mais disposto
para continuar fazendo as suas compras. Mas se você está tendo os
sentimentos que acompanham o pensamento de todas aquelas coisas que
não quer, você provavelmente vai parar logo para que possa se sentir
melhor!
Tenho escrito até agora sobre o que você quer e o que não quer.
Mas há uma outra categoria de bugigangas que é ainda
maior do que essas duas juntas, coisas com as quais você não se
preocupa muito de uma forma ou de outra – "senhor tanto faz, tanto fez."
Quando você focaliza a sua atenção sobre o que quer, tudo isso é
ignorado junto com todas as coisas que você não quer.
Para resumir, se você está decidindo o que comprar em uma loja,
faz muito mais sentido se concentrar no que você
quer do que naquilo que você não quer. Isso também é muito simples de
fazer porque para nós é mais difícil processar negações como
"não fazer".
Agora vamos voltar para a tarefa de selecionar dentre um monte
de coisas para decidir o que você deseja manter.
Todos os fatores que discutimos acima são igualmente verdadeiros quando
você quiser selecionar um determinado material. Se você se
concentrar no que não quer, será mais difícil, menos direto, vai demorar
mais e parece desagradável, e você provavelmente vai desistir
logo e fazer outra coisa – talvez se repreendendo pelo seu desleixo,
pela "falta de vontade" ou pela "falta de persistência".
Como podemos aplicar a maneira que usamos para comprar, de modo
natural e eficiente, com a tarefa de descartar as
coisas?
É absurdamente simples: esvazie por completo aquele armário, a
gaveta ou a estante e coloque tudo que estava lá em
outro lugar. Agora imagine que isso tudo está disponível em uma loja e
que você pode selecionar o que quiser – absolutamente de graça!
Agora examine todo o material para decidir o que você deseja manter e o
que descartar.
Existe uma vantagem adicional nessa maneira de selecionar o
material a fim de simplificar e racionalizar o seu ambiente.
Se você foi bem sucedido em fazer o que a maioria das pessoas faz – se
concentrar no que não quer e descartar isso, você ainda terá todas
aquelas coisas que não fazem sentido para você – "senhor tanto faz,
tanto fez." Mas, ao selecionar o que você quer daquela pilha de
coisas, todas as coisas do "senhor dois extremos" permanecerá na pilha a
ser descartada.
Se você é alguém que gosta de manter as coisas "tanto faz,
tanto fez" por um tempo porque elas podem se tornar úteis,
coloque-as em uma caixa e ponha a data. Se você não olhou para elas
depois de um determinado tempo, talvez seis meses ou um ano,
examine-as rapidamente para ter certeza de que não há nada que você
deseja manter, e então as descarte.
Outro pequeno truque que eu uso é pensar em quem ficaria feliz
em possuir o material que estou descartando. Apesar
desse material não ter mais utilidade para mim, ele pode ser importante
para alguém – o pensamento de que alguém possa apreciá-lo me
dá um prazer adicional ao pensar em passar isso para alguém, tornando
até mais fácil me desfazer desse material.
Essa é apenas uma aplicação específica da importância de
concentrar a sua atenção em objetivos positivos – o que
você realmente quer, ao invés do que você não quer – um elemento básico
da PNL e para você viver uma vida satisfatória.
"O perfeito louvor vos é dado pelos
lábios dos mais pequeninos"
Sumário
Cântico do Irmão Sol Altíssimo, onipotente, bom Senhor, teus são o louvor, a
glória, a honra e toda benção. Só a ti, Altíssimo, são devidos; e
homem algum é
digno de te mencionar. Louvado
sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o
senhor irmão
sol, que clareia o dia e com sua luz nos alumia. E ele é belo e
radiante com
grande esplendor: de ti, Altíssimo, é a imagem. Louvado
sejas, meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas, que nos céu
formastes claras e
preciosas e belas. Louvado
sejas, meu Senhor, pelo irmão vento, pelo ar, ou nublado ou
sereno, e todo o
tempo, pelo qual às tuas criaturas dás sustento. Louvado
sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é mui útil e humilde e
preciosa e casta. Louvado
sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo pelo qual iluminas a noite. E
ele é belo e
jucundo e vigoroso e forte. Louvado
sejas, meu Senhor, por nossa irmã a mae terra, que nos sustenta e
governa, e
produz frutos diversos e coloridas flores e ervas. Louvado
sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor, e suportam
enfermidades e
tribulações. Bem-aventurados os que as sustentam em paz, que por
ti, Altíssimo,
serão coroados. Louvado
sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal, da qual
homem algum pode
escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal! Felizes os que
ela achar
conforme tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes
fará mal! Louvai
e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-o com grande
humildade.
Introdução
Em todos os tempos e épocas o ser humano sempre procurou motivos
para sua
existência, algo que o move-se para além de si mesmo, que o leva-se a
uma
realidade superior. Tomando então esta consciência de busca a algo
superior,
ele descobre que a via para alcançar tal patamar seria a "arte". A
arte expressa de forma simples e magnífica tudo aquilo que o ser tem
de
consciente.
A arte pode ser expressa de várias formas, mas trabalharemos em
especifico as
"expressões verbais". A palavra tem grande importância na
comunicação
humana, e transmitem sentimentos. Uma palavra pode transformar o
mundo e pode
também mostrar a alma e as experiências de um ser humano.
São Francisco de Assis, homem sensível à realidade humana, usa de
forma
esplendorosa a arte das palavras. Em seu vários escritos, um
conjunto de
palavras chama a atenção : "O cântico das criaturas".
São Francisco vive a presença e o encontro místico com Deus em sua
vida em
todos os instantes, e não deixa de forma alguma que algo lhe
atrapalhe, pois a
experiência de Deus é única, e o que ele simplesmente faz é "cantar"
esta grande e única experiência de Deus, feita na criação.
Ao passar por grandes tormentos, São Francisco percebe que não está
sozinho,
encontra Deus presente em sua vida, mas não de forma sobrenatural,
mas sim de
forma comum, na própria criação. A criação é a maior prova de amor,
onde Deus
expressa o seu amor infinito pelo ser humano, e São Francisco
reconhece este
amor.
Portanto, ao discorrer sobre o "Cântico das Criaturas", este
trabalho
não procura relatar fatos históricos e muitos menos fatos da vida de
São
Francisco, mas procura mostrar alguns apontamentos da experiência de
Deus, que
São Francisco viveu em si mesmo e na natureza que o rodeava.
Capitulo
I – Louvor
Temos consciência da
presença de Deus em nossa vida, não porque alguém nos falou, mas
porque conseguimos
presencia-lo. Só consegue presenciar Deus em sua vida, aquele que já
o começou
a encontrar. E não é diferente para o povo de Israel, a grande
tomada de
consciência da presença de Deus no meio deste povo foi quando o
próprio povo
percebe a ação Divina no seu meio.
E para expressar esta tão sublime presença o povo, canta e reza
louvores. A
própria historia do povo de Israel é um grande louvor, mas em
momentos
específicos este povo por inspiração Divina, louva através dos fatos
cotidianos
de sua vida.
Com São Francisco não é diferente, ele louva o Deus criador em seu
"Cântico das Criaturas", não porque Deus precise deste cântico, mas
porque Deus se faz presente na vida de São Francisco.
1.1– O louvor na vida
do povo
O povo de Israel como
qualquer outro povo de sua época, possuía uma carga cultural e
também vários
costumes adquiridos com o passar dos tempos. E um destes costumes do
povo de
Israel é a poesia. Mas o que faz a diferença entre o povo de Israel e
os demais
povos que o cercavam, é que o tema central dos poemas do povo de
Israel, era a
presença real e viva do seu Deus no meio do povo.
"Como seus
vizinhos do Egito, da Mespotâmia e de Canaã, Israel cultivou,
desde as origens,
a poesia lírica sob todas as formas." (BÍBLIA, 1998. pg. 859).
O povo de Israel tem grandes motivos
para cantar louvores a Deus, pois nos altos e baixos de sua história
Deus
sempre esteve presente, agindo e apontando sempre com segurança o
caminho certo
a seguir, mas sempre deixa que o povo escolha o seu caminho.
Dentre os textos do Primeiro
testamento, os salmos ganham grande expressão no quesito: "louvores e
cânticos a Deus". O seu conteúdo é totalmente voltado ao louvor, ao
agradecimento e também a suplica.
"Eles são
gritos da alma e expressões de fé pessoal. Pois jamais
são puras lamentações; são apelos confiantes a Deus na
tribulação."
(Bíblia, 1998.pg 859).
Nestes louvores não a nada de extraordinário para ser visto, apenas a
experiência do cotidiano do povo. Experiência esta que faz toda a
diferença
quando existe a presença de Deus. Dentro do contexto dos salmos esta
um povo
que sofre, que luta, que é feliz e que principalmente que tem a
convicção de
que Deus esta no seu meio.
"O povo dá
graças a libertação de um perigo, pela abundância das
colheitas, pelos benefícios concedidos ao rei." (pg. 859).
O povo de Israel tem
em sua formação lideres, reis e profetas. Mas dentre estes
personagens o rei
tem maior expressão. Dentro da mística dos "cânticos" do povo de
Israel o rei é a própria presença do Deus vivo neste rei esta
expressa toda
vontade de Deus. Pois como um filho este rei obedece fielmente a
Deus, não
deixando de ser humano. Os outros povos também tinham no rei grande
reverencia,
mas o povo de Israel esperava de seu rei algo mais, esperava que ele
como filho
adotivo de Deus, transmitisse a eles a sua experiência intima com
Deus.
"O rei é
chamado filho adotivo de Deus, seu reino será sem fim, seu poder
se
estenderá até os confins da terra; fará triunfar a paz e a
justiça, será o
salvador do povo. Tais expressões podem parecer extravagantes, mas
não vão além
do que os povos vizinhos diziam de seu soberano e do que Israel
esperava do
seu." (Bíblia, 1998. pg. 860).
1.2 – O valor
espiritual dos salmos
enquanto louvores a Deus.
O povo tinha grande necessidade de expressar os seus sentimentos em
relação a
tudo que acontecia com eles. A principio tudo era transmitido de
forma oral,
por isso o grande valor da palavra para eles, depois com o passar
dos tempos
tudo foi transcrito chegando a nós hoje. Ao lermos os salmos
percebemos que a
experiência feita pelo salmista que representa o povo, não foi uma
experiência
qualquer, mas foi algo subjetivo, mas ao mesmo tempo coletiva.
Os salmos, enquanto "louvores a Deus" são como que preces feitas
pelo
povo, preces estas que demonstram um amor mutuo entre o povo e Deus.
O povo não
se sente abanado, pode se sentir perdido por suas más escolhas, mas
nunca
abandonados por Deus.
"Não é
preciso alongar-nos, tão evidente é a riqueza religiosa dos
salmos. Eles foram as preces do antigo testamento, quando o
próprio Deus inspirou
os sentimentos que seus filhos devem ter a seu respeito". (BÍBLIA,
1998.
pg. 862).
Os salmos sempre foram instrumentos de louvor a Deus. O próprio
Jesus, sua mãe
Maria e até mesmo os Apóstolos usaram destes louvores para também
conduzirem o
seu espírito a Deus. Tendo então este exemplo da Igreja primitiva, a
Igreja de
hoje que somos nós também usa destes salmos para ter este
experiência de Deus.
"Foram
recitados por Jesus e por Maria, pelos Apóstolos e pelos
primeiros mártires. A Igreja cristã faz deles sua prece oficial."
(BÍBLIA,
1998. pg. 862).
São Francisco tem grande reverencia a Igreja, e se a Igreja tem os
salmos como
prece oficial, ele também usa destes salmos para sua vida
espiritual. São
Francisco é um homem de postura exemplar diante Deus, sempre se
reconhece como
criatura e coloca toda sua existência na presença de Deus. Assim
como o povo de
Israel, os apóstolos e toda a Igreja primitiva viviam em constante
oração e
entrega a Deus, São Francisco não faz diferente, ele ao fazer
quotidianamente a
experiência de Deus em sua vida e ao proclamar pelo universo a fora
"o
amor não é amado", nos da como o salmista o grande exemplo, de como
deve
ser um homem feito criatura, diante de Deus o seu criador.
"Sem
alteração: aqueles gritos de louvor, de suplica ou de ação de
Graças, arrancados aos salmistas nas circunstancias de sua época e
de sua
experiência pessoal, têm caráter universal, pois exprime a atitude
que todo
homem deve ter diante de Deus." (BÍBLIA, 1998. pg. 862).
O louvor na vida de São Francisco esta sempre presente, pois ao
descobrir o
segredo da vida próxima a Deus e ao encontrar no Cristo pobre,
humilde e
crucificado o sentido de sua vida, sempre de novo e com mais
intensidade louva
a Deus. "O Cântico das Criaturas" é uma breve expressão verbal,
perto
do grande louvor que foi a vida de São Francisco. Louvar a Deus para
São
Francisco não está somente em meras palavras, mas está no viver
sempre em
intima comunhão com Deus e com o Cristo.
"Sem
alteração nas palavras, mas com enriquecimento considerável
do sentido: na nova aliança o fiel louva e agradece a Deus que lhe
revelou o
segredo de sua vida intima, que o resgatou pelo sangue de seu
Filho, que lhe
infundiu o seu Espirito." (BÍBLIA 1998, pg. 863).
Portanto, o sentido do louvor tanto na vida do povo de Israel, como
na vida das
primeiras comunidades, como na vida de São Francisco de Assis se dá
na tomada
de consciência do amor infinito e da ação de Deus no seu meio. Por
isso todos
são chamados a louvar e cantar a Deus através dos atos de nossa
vida.
1.3–
O louvor em São Francisco de Assis
São Francisco de Assis usa da arte para expressar sua
experiência com o sagrado, em especial São Francisco usa da musica. A
musica em
São Francisco traduz uma experiência religiosa e procura ser sempre
fiel aos
sentimentos.
São Francisco amava a musica e o canto, eram estes os principais
meios que ele
usava para expressar seus sentimentos diante a presença de Deus no
dia a dia. O
canto é algo fundamental na vida de São Francisco, em sua juventude
gostava de
cantar ( 1 Cel 2). Na época de São Francisco, onde o trovadorismo,
que tem suas
origens na França, os poetas costumavam sair pelos pátios e castelos
para
cantar o seu amor às donzelas e enaltecer os atos cavalheirescos da
época, era
comum grupos de jovens se reunirem, e provavelmente São Francisco
era assíduo
participante destes grupos.
Da mesma forma que os poetas de sua época, São Francisco busca no
canto uma
nova forma de exaltar e cantar a criação.
Quando São Francisco se converte, passa a olhar a realidade com
outro ponto de
vista, e assim que rompeu os laços com seu pai diante do bispo, sai
pela
floresta a cantar os louvores de Deus.
"E por
vezes fazia coisas como estas. Quando fervia dentro dele a
mais suave melodia do espírito, ele a expressava exteriormente em
língua
francesa, e a veia do divino sussurro, que seu ouvido captava
furtivamente,
prorrompia em jubilo cantando em francês. De vez em quando. Como
vi com meus
próprios olhos, colhia do chão um pedaço de pau e, colocando-o
sobre o braço
esquerdo, mantinha um pequeno arco curvado por um fio na mão
direita, puxando-o
sobre o pedaço de pau como sobre um violino e, apresentando para
isso
movimentos próprios, cantava em francês cânticos para o Senhor."
(2 Cel
Cap 15).
São Francisco não aprecia a musica apenas por hobby, ele compõe para
expressar
os seus sentimentos, o "Cântico das criaturas" é a mais pura
expressão popular que Francisco tinha em sua época. A vida de São
Francisco é marcada desde sua conversão por sofrimentos corporais e
angústias
espirituais, mas ele não desanima diante tais coisa, e ensina a seus
frades a
não desanimarem também. São Francisco usa do canto, para dispersar
toda e
qualquer tristeza que possa existir em seu coração, pois o que
importa é sempre
cantar os louvores a Deus por tudo que ele nos concede
generosamente.
Capitulo
II – Natureza
Na modernidade o mundo se volta para a questão ambiental, não pela
razão de se
preocupar com ela, mas pelo simples motivo de sobrevivência, pois,
se não
abrirmos nossos olhos para o que acontece, talvez, não exista para
nós o
amanhã.
Ao falarmos de natureza, ecologia, meio ambiente, logo e com grande
clamor, é
lembrada a pessoa de São Francisco, que viveu de forma harmoniosa
com a natureza.
Mas se observarmos as ações de São Francisco em relação a natureza,
se
colocarmos um olhar racional, perceberemos que as suas atitudes soam
um pouco
estranhas.
"Em
discurso sobre a superstição, Voltaire (1694-1778) menosprezou São
Francisco,
tachando-o de "lunático maluco que sai por ai completamente nu,
fala com
animais, catequiza um lobo e faz para si uma esposa de neve".
(DOYLE,
1980. pg. 9).
Ao pousar o olhar sobre estes atos de São Francisco, pode ser feito o
seguinte
questionamento: "o que fez de São Francisco um místico da natureza?"
Esta pergunta deve soar sempre em nossos ouvidos, pois, não podemos
entender a
mística franciscana sem antes entender a existência do próprio São
Francisco.
2.1 – Conversão
um novo olhar para Deus
São Francisco sempre foi desde sua infância, possuidor de uma grande
sensibilidade em relação às coisas. Era típico de sua época
encontrar sentido
em tudo o que se via e fazia. Jovem sempre presente, tanto na
família como
entre os amigos.
São Francisco tinha em seu coração ideais, próprios da juventude.
Queria ser
cavaleiro e conquistar muitas honras e fama em todo lugar. Mas Deus
age na vida
do ser humano de forma serena e eficaz. Começa aqui o processo de
tomada de
consciência de Francisco de Assis. Ao passar por varias situações em
sua vida,
no decorrer de sua juventude, São Francisco começa a perceber que
algo
diferente toca o seu coração. Começa então a aceitar a ação de Deus
no seu
"eu" e com isso vai aceitando-se a si mesmo. Esta aceitação do
"eu" de São Francisco, gera em seu coração um infinito amor pela
vida
e por tudo aquilo que existe.
"Mediante a
completa aceitação de si mesmo, gera-se o amor genuíno ao eu. A
pessoa que ama
o seu eu autêntica e verdadeiramente, também ama e aceita os
outros: homens,
animais, plantas, pedras rochas, isto é, a criação toda, e a tudo
diz, das
profundezas do seu ser (…) A pratica da oração faz da pessoa igual
a Deus,
exatamente no modo com que ele ama a criação". (DOYLE, 1980. pg.
65).
Neste processo de conversão que não aconteceu do dia para a noite,
São
Francisco foi tomando consciência de sua existência. É um processo
natural do
seu humano, buscar em certa época de sua vida, um sentido para
aquilo que ele
faz. Com as experiências feitas no dia-a-dia, São Francisco descobre
que dentro
de si, existe uma porta para Deus.
"Em qualquer obra
de arte ele exalta o Artífice e atribui ao Criador tudo que
descobre nas coisas
criadas. Exulta em todas as obras das mãos do Senhor e intui,
através dos
espetáculos do encantamento a razão e causa que tudo vivifica (…)
Por meio
dos vestígios impressos nas coisas ele segue o amado por toda
parte e de todas
as coisas faz para si uma escada para chegar ao trono dele (…)
Abraça todas
as coisas com o afeto de inautação e devoção, falando com elas
sobre o Senhor e
exortando-as a louva-lo (…) Chama com o nome de irmão todos os
animais
(…)" (2 Cel. Cap 124)
Dentro deste processo de conversão de São Francisco pode-se destacar
um ponto:
a nova visão da criação. São Francisco começa a perceber que Deus
age em sua
vida, por meio da criação. Deus não está distante daquilo que cria,
mas, está
presente na sua criação. E São Francisco, com a sensibilidade de um
poeta,
capta Deus em tudo aquilo que o rodeia. Sendo assim a conversão de
Francisco
não esta apenas no modo de vida, no modo de se comportar ou de se
relacionar,
mas está, no novo modo de ver as coisas, um novo modo de ver a Deus.
2.2 – Amor às
criaturas
São
Francisco ao fazer a experiência mística da presença
de Deus nas criaturas, não usa de raciocínios lógicos para tentar
entender o
que faz Deus nas criaturas, ele usa todo amor e força que tem no
coração para
buscar Deus nas criaturas. A fraternidade universal não se dá pelo
fato de ele
chamar a tudo e a todos de irmãos, mas se dá pelo fato de ver nas
criaturas
ação constante de Deus. O encontro que São Francisco tem com Deus o
deixa
completamente desapegado de tudo aquilo que ele tinha como valor
essencial para
sua vida, podendo assim verter todos os seus pensamentos para a
contemplação de
Deus no dia-a-dia. O respeito e a reverencia que São Francisco tem
para com as
criaturas está totalmente ligado ao amor a Deus.
"Quem,
pois, poderia algum dia exprimir o supremo afeto que ele sentia
entre todas as
coisas de Deus ? Quem seria capaz de narrar a doçura que fruía ao
contemplar nas
criaturas a sabedoria, o poder a bondade do Criador ? (…)
Inflamava-se em
excessivo amor até para com os vermezinhos, porque havia lido o
que foi dito
sobre o salvador: Eu sou um verme e não um homem (Sl 21,7). E por
essa razão,
recolhia-os do caminho, escondendo-os em lugar seguro, para que
não fossem
esmagados pelas pisadas dos transeuntes (…) Enfim, chamava todas
as criaturas
com o nome de irmão e, de maneira eminente e não experimentada por
outros,
percebia com agudeza as coisas ocultas do coração (1 Cor 14,25)
das criaturas,
como quem já tivesse alcançado a liberdade gloriosa dos filhos de
Deus(Rm
8,21)". (1Cel, Cap 29)
Ao
lermos o "Cântico das criaturas" não deve
passar de forma alguma em nossa mente, a idéia de que São Francisco
romantizou
a criação. A experiência que São Francisco fez com a criação, foi a
experiência
do amor de Deus. São Francisco não se relacionou com a natureza como
se fosse
um apaixonado por ela, mas ele se relacionou percebendo a existência
da
natureza como criação de amor de Deus.
2.3 – O valor
da criação
Ao tomarmos consciência de uma realidade presente em nossa vida
atribuímos um
valor, seja ele subjetivo ou coletivo. São Francisco antes de sua
conversão
tinha uma visão da criação, mas após sua conversão esta visão muda,
sendo
assim, ele atribui valor a esta criação. Esta atribuição de valor é
tornar
existente, dar sentido, colocar valores pessoais naquilo que se
valoriza.
São Francisco usa da linguagem para exprimir o valor que ele dá a
natureza,
esta linguagem poética e mística e muito notável no “cântico das
criaturas”.
Neste mesmo cântico São Francisco expressa sua experiência mística
com a
criação e também expresso o valor que ele concede as criaturas.
"Há
experiências místicas que, embora não sejam incomunicáveis,
requerem mais do
que uma linguagem comum para serem expressas. Podemos ouvir o
sopro do vento,
ou contemplar a beleza de uma teia de aranha cintilante de orvalho
ou um
beija-flor librando-se sobre as flores. Quase todos nós, porém,
devemos
contentar-nos com o silencio, ao nos vermos incapazes de encontrar
linguagem
adequada para exprimir o que experienciamos". (DOYLE, 1980. pg 52)
São Francisco se vê no meio da criação, ele nota que tudo o que
existe tem um
sentido, tem um valor, tem um motivo e não foi criado ao léu.
Francisco ao se
deparar com a harmonia da criação percebe que a unidade da criação
se encontra
no amor de Deus. Ao valorizar a criação como fraternidade universal,
ele mesmo
se coloca no centro de amor, não como aquele que esta acima ou
abaixo, mas como
aquele que faz parte, que se integra que se faz unidade.
"O Cântico
do Irmão Sol certamente coloca São Francisco entre os poetas
místicos. Trata-se
de um exemplo fundamental da poesia mística a revelar sua
experiência de
unidade fundamental e a coerência da realidade. Francisco não se
entedia como
sendo um sujeito isolado frente aos objetos do mundo. Ele se via
como no centro
de amor, em uma fraternidade universal". (DOYLE, 1980. pg 53)
Ao se colocar no meio da criação como parte integrante, São
Francisco também se
coloca como orante perante a ação criadora de Deus. São Francisco
tem plena
consciência de que todas as criaturas louvam o seu criador. Louvar o
criador
não se limita em apenas reconhecer o dom da vida concedido, mas
louvar o
criador é fazer de sua existência também a existência de seu
criador. São
Francisco sempre pedia para que todas as criaturas louvassem o seu
criador,
pela simples razão de terem sido criadas pelo amor de Deus.
"Passarinhos,
meus irmãos, vocês devem sempre louvar o seu Criador e amá-lo,
porque lhes deu
penas para vestir, asas para voar e tudo que vocês precisam. Deus
lhes deu um
bom lugar entre suas criaturas e lhes permitiu morar na pureza do
ar, pois
embora vocês não semeiem nem colham não precisam se preocupar
porque ele
protege e guarda vocês (…) Com os companheiros, o bem-aventurado
pai
continuou alegre pelo seu caminho, dando graças a Deus, a quem
todas as
criaturas louvam com humilde reconhecimento". (1 Cel, Cap 21)
Como oração de louvor a Deus criador, o "Cântico" é uma sublime
expressão da autentica atitude cristã perante a criação que deve ser
amada tal
como ela foi criada. "As coisas não sabem mentir", dizia
Aristóteles.
Toda a criação expressa em si mesma o amor de Deus, amor este que
ultrapassou
todos os limites da racionalidade humana. Este amor só pode ser
captado por
aqueles que vivem a experiência de Deus em suas vidas, desde o povo
de Israel
até os dias atuais existem pessoas que vivem esta experiência do
amor de Deus
na criação.
"A
revelação bíblica ensina o homem a ver todo o mundo como obra do
amor criador
de Deus. Jesus, em seus ensinamentos, esforça-se por revelar ao
homem a
presença do Pai na criação" (IRIARTE, 1975. pg 140)
São
Francisco conseguiu ler na criação a mensagem que
Deus quis transmitir a toda a humanidade, a mensagem do amor. São
Francisco
capta este amor e quer que todos os seus irmãos o cantem. A criação é
a obra de
arte que ele mesmo nos entrega, e cabe a nós lermos esta obra de
arte,
interpretar esta obra de arte. Mas infelizmente nem todos conseguem
fazer esta
leitura, se deixam levar pela materialidade da vida, do mundo.
Tornam-se cegos
para as maravilhas que Deus continua a operar em toda criação.
"A criação
é o primeiro livro entregue por Deus ao homem, é a mensagem
fundamental de
Deus. O homem que consegue lê-lo, pode levantar-se das obras
visíveis para o
conhecimento do invisível de Deus (Rm 1,20). A dificuldade está na
arte de
saber ler este livro." (IRIARTE, 1975. pg 140)
São Francisco escutava a mensagem de Deus na criação, por isso da
valor
inestimável a ela, ele quer transmitir a mensagem mais otimista e
alegre que
ele consegue entender com sua própria vida. A vida de São Francisco
era o
grande exemplo para toda a Ordem dos Frades Menores, ele queria que
sua ordem
vivesse em harmonia constante com a natureza, com a criação. Para
que então
possa ser aceita a criação como ela é, devemos ter total liberdade
de espírito,
ser livres de todas as formas materiais e todas as formas lógicas de
pensamento. Ao chamar a tudo e a todos de irmãos e irmãs quer
mostrar que
diante Deus estamos todos em igualdade existencial. O ideal de vida
que São
Francisco propõe é a liberdade de espírito para que a mensagem de
Deus expressa
na criação possa ressoar em nossa vida.
"Com as
irmãs cotovias, que com aquela plumagem cor de terra, com o seu
saltitar veloz pelos
campos em busca de comida e com aquele gorjeio característico,
como que
suspensas na luz o céu, livres e alegres, representavam tão bem a
imagem ideal
dos frades menores." (IRIARTE, 1975. pg 142)
A criação é sacramento da presença de Deus entre os seres humanos.
Na criação
podemos encontrar o caminho para chegar a Deus e ao mesmo tempo
vislumbrar o
testemunho real de seu amor de sua providencia para com toda a
humanidade.
2.4
– Francisco e a ecologia
Hoje quando falamos em ecologia, nos vem a mente a luta pelo meio
ambiente e
sua proteção contra as agressões do próprio homem. Mas o que
realmente é
ecologia?
"Ecologia S f. 1. Parte
da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio
ambiente em
que vivem, bem como suas recíprocas influências." (AURÉLIO, 1988.
pg 233).
São Francisco não desenvolveu nenhum pensamento sobre a ecologia, ou
defesa da
mesma. Ele viveu intensamente a ecologia como algo que verifica a
relação entre
os seres vivos, São Francisco imprimiu em seu espírito um constante
relacionar-se com a natureza.
A relação que São Francisco cria com a natureza não é relação de
interesse,
como a maioria das pessoas de sua época e também hoje tinham. A
relação
franciscana com a natureza é uma relação de mutua ajuda, onde todos
somos
caminhos para chegar a Deus.
São Francisco conhecendo os caminhos da mente humana alerta sempre
seus frades
cuidarem da natureza, e não usarem dela com abuso.
"Aos frades que cortavam lenha proibia
arrancara a árvore inteira, para que tivesse esperança de brotar
outra vez.
Mandou que o hortelão deixasse sem cavar o terreno ao redor da
horta, para que
ao seu tempo o verde das ervas e a beleza das flores pudessem
apregoar o Pai de
todas as coisas. Mandou reservar um canteiro na horta para as
ervas aromáticas
e para as flores, para lembrarem a suavidade eterna aos que as
olhassem."
(2 Cel, Cap 124).
O trabalho é algo insubstituível na vida de São Francisco e na vida
daqueles
que seguem o Cristo pelo seu exemplo. O trabalho é condição
essencial de
sobrevivência para o homem. "Dentro desta economia de subsistência,
Francisco prevê que todos trabalhem segundo a sua capacidade e
segundo o oficio
ao qual foram chamados" (RNB 7).
Mas como dissemos acima, Francisco nos alerta para o abuso contra a
natureza,
ele quer que trabalhemos para sobrevivermos, mas não quer que
destruamos a
natureza. A natureza não é do ser humano, ela não nos pertence e não
devemos
ter para com ela o sentimento de dominação predadora. Deus nos
entrega a
criação para que possamos usufruir de tudo que ele criou de livre e
espontânea
vontade. Quando não dominamos a natureza, mas usamos dela com
respeito,
deixamos que ela se mostre como ela é, “imagem do Criador”.
Esta é a condição para vivermos em harmonia com a natureza: a
igualdade.
"Francisco também é insistente na não
apropriação, mas tendo direito de uso. Esta não apropriação é
condição básica para
dar possibilidade de cada coisa e cada ser pode realizar a sua
vocação, sua
finalidade própria. É condição para uma convivência harmoniosa. A
escola
franciscana retoma o argumento dos santos Padres de que
originalmente, no
estado de natureza instituída, tudo estava previsto para ser
comum. A
propriedade privada e particular e resultado da natureza decaída,
do pecado.
Francisco exorta a que
"atribuamos ao Deus Altíssimo todos os bens; reconheçamos que
todos os
bens lhe pertencem" (RNB 17)." (SCHWERTZ, 1991. pg 77).
Francisco faz uma experiência relacional com a natureza, levando o
sentido de
ecologia a sério. Ele contempla Deus em tudo e faz através da
natureza uma
experiência de paternidade, fazendo de toda criação sua irmã. Ele
encontra nos
irmãos os vestígios de Deus, pois, tudo foi criado pela força do
Espírito
Santo, e Francisco reconhece esta força em cada criatura.
"Francisco faz a profunda experiência de
paternidade e vê todas as criaturas como irmãs. Para ele tudo está
animado e marcado
pelos vestígios do Criador, pela presença do Espírito." (SCHWERTZ,
1991.
pg 78).
A missão dos frades menos é anunciar o Evangelho de Cristo pelo seu
testemunho
de vida fraterna com os irmãos e com a natureza. O frade menor tem
por carisma
a minoridade e a vivência relacional com a criação, relacionar-se
com a
natureza de forma sadia e fraternal, e este relacionar deve ser
presente e real
e não apenas teórico.
"É uma característica do Espírito
Franciscano o anúncio do Evangelho, do mundo novo, pelo testemunho
de vida, em
que o nosso modo de viver, vestir, de morar, de trabalhar, de
relacionar-nos
com as pessoas, fala por si mesmo" (SCHWERTZ, 1991. pg 78).
Os homens e os animais devem ser servir mutuamente, mantendo assim
uma relação
harmoniosa, esta relação no principio da humanidade era direta onde
todos se
beneficiavam de todos. Mas com o desenvolvimento do pensamento
humano esta
relação foi se desgastando, assim o homem cai no pecado do
"aproveitamento". O homem começa a se aproveitar da natureza de
forma
desigual, destruindo assim a interdependência necessária a vida.
"Até certo estágio da civilização, a
relação do homem com as criaturas era direta e os meios empregados
eram bem
domésticos: o criador no campo, o pescador e sua rede, o mercado,
etc. Na
natureza as criaturas servem umas às outras, numa interdependência
natural e
necessária à vida. O homem sempre dependeu dos animais para os
mais diversos
propósitos e esta relação foi naturalmente estabelecida numa
"intenção de
serviço". (FRANCISCANOS, 1997. pg 41)
São Francisco sempre expressou grande preocupação para com a
natureza. Na
natureza se encontra o cerne da relação entre os seres, onde eles se
relacionam
com os outros e consigo mesmo. Não devemos tomar posse de nada que
exista, pois
não somos donos de nós mesmo, tudo o que temos vem de Deus, de sua
infinita
bondade. O respeito pela criação deve estar presente do nascer ao
por do sol da
vida do frade menor.
"São Francisco tinha especial
preocupação nos assuntos que dizem respeito aos animais, a ponto
de na regra
não bulada, no artigo 15, lermos o seguinte texto: "Ordeno a todos
os meus
irmãos, tanto clérigos como leigos, ao irem pelo mundo, ou morarem
em lugar
fixo, que de modo algum criem qualquer animal, nem junto a si
mesmo, nem
com outra pessoa, nem de qualquer forma." (FRANCISCANOS, 1997. pg
42)
Podemos hoje nos perguntar: qual a finalidade da criação? Francisco
nos
responde que a finalidade de criação é trazer até nós a presença de
Deus, fazer
em nossa consciência recordar a lembrança do criador. Toda criatura
toma seu
real sentido na presença de Deus, por isso o deve louvar
incessantemente.
São Francisco mostra em si mesmo "o homem reconciliado". A ecologia
em Francisco toma novo sentido quando se faz presente na
reconciliação e na
comunhão com as criaturas. O homem, em São Francisco, faz um caminho
simples,
reconcilia-se com a natureza, reconcilia-se consigo mesmo e por fim
reconcilia-se
com Deus. O fim de toda reconciliação esta no perdoar e ser perdoado
e por fim
ter infundido no próprio coração o amor de Deus.
"No Cântico das criaturas Francisco na
se revela apenas um poeta, mas profundo conhecedor da importância,
finalidade,
utilidade e o papel de cada criatura na Criação presença de Deus
entre nós, uma
lembrança do Criador, mesmo as que chamamos "inanimadas", mas
"que do Altíssimo recebem significação". Todas são motivo de
louvor,
graça e presente de Deus, todas são. O cântico do irmão Sol é o
cântico do
homem "reconciliado, que traz consigo toda a natureza para um
louvor a
Deus. (…) A caminhada para a comunhão com as criaturas é o amor. O
homem,
neste canto, é um homem reconciliado com a natureza, com as
criaturas, consigo
mesmo e finalmente com Deus. A palavra fundamental da
reconciliação é o perdão.
"Louvado sejas, meu Senhor pelos que perdoam por teu amor",
(FRANCISCANOS, 1997. pg 45-46)
A
maior expressão de Francisco como homem reconciliado é o "Cântico
das
Criaturas". Frei Atílio Abati (2002) nos diz que "Francisco de Assis
acreditava que o dinamismo do amor tende a abraçar todos os homens"
Portanto,
em São Francisco inicia-se um novo modo de olhar a natureza, o modo
do
"amor". "Francisco se apercebe na natureza e, em admiração,
contempla o seu nascer sempre de novo no mistério da vida”.
Capitulo III – Cântico
das Criaturas
"O mundo hodierno parece primar
pela agressividade e pela hostilidade à natureza. E o Cântico das
Criaturas é um
constante alerta a esta agressão e a esta realidade" (ABATI, 2002.
pg 67)
Chegamos afinal ao "Cântico das Criaturas", cântico este que podemos
dizer é a síntese de toda a vida de São Francisco de Assis. Não como
resultado
final de um processo, mas como constante crescimento na experiência
mística de
encontro com o Cristo.
Francisco em toda sua existência, nos alerta a este cuidado com o
próximo, pois
no próximo esta a presença de Deus. Não usa de forma abusiva aquilo
que ele ganhou
do Criador, a sua vida e a vida dos outros.
O cântico das criaturas é um louvor por tudo aquilo de bom que Deus
concede aos
homens, ele é um ciclo onde agradecemos a Deus o dom da vida e
também onde
agradecemos a graça de podermos voltar a ele através da irmã morte
corporal.
Francisco compõe este cântico para nos lembrar que, não somos
maiores que
ninguém, mas que somos filhos de um mesmo Pai, no qual devemos
rendar graças
incessantemente.
3.1-
A composição
Francisco compõe o "Cântico das
Criaturas" diante um grande sofrimento. Sofrimento este que o
assolava
devido a grande exigência no qual colocava o seu corpo. Em toda
existência de
São Francisco ele sempre colocou toda sua confiança em Deus, mas não
deixou de
viver o processo de angustia que todo ser humano vive. Colocar a
confiança em
Deus, não significa se tornar um fantoche, mas significa fazer uma
escolha, e
toda escolha gera angustia. A angústia faz com que o ser humano
cresça e se
conheça cada vez mais, e foi isto que aconteceu com Francisco, ao
compor o
Cântico das Criaturas, ele mostra que tem conhecimento de si mesmo.
"Estando ele assim desgastado por
sofrimentos de todos os lados, é admirável que ainda pudesse ter
forças
suficientes para suportá-los. Chamava, no entanto, suas angústias
na com o nome
de penas, mas de irmãs. Não resta dúvida que elas provinham de
muitas causas.
De fato, para que ele se tornasse mais claro nos triunfos, o
Altíssimo não só
confiou coisas difíceis ao cavaleiro em seu tirocínio, mas também
era
dada ocasião de triunfar ao homem já experimentado na cavalaria
(…) Então
compôs os Louvores das Criaturas e exortou-as de algum modo a
louvarem o
Criador". (2 Cel Cap 61).
A data mais provável da composição é entre o inverno europeu
(Dezembro –
Fevereiro) de 1224 e o verão de 1225. Francisco possui tribulações
no corpo e
na alma, tribulações que o deixam em duvida enquanto sua salvação. É
em meio as
estas dúvidas e dores que recebe de Deus a confirmação de sua
salvação, de sua
entrada no Reino de Deus, tal experiência mística o leva a compor
este
maravilhoso cântico que é a expressão mais profunda de sua alma,
expressão esta
que parte da consciência de que fomos criados para louvar a Deus com
nossa
própria existência.
Francisco não se considera santo e muito menos perfeito. Em nenhum
momento de
sua vida Francisco se vangloriou de sua intimidade com Deus.
Francisco fez de
sua vida um intenso louvor ao Criador, dedicando todo seu tempo a
Deus. Em
recompensa por tal dedicação recebe do próprio criador a garantia da
vida
eterna, não por méritos próprios, mas por misericórdia de Deus. Por
isso
Francisco vibra e que cantar mais ainda louvores a Deus, e mais quer
que toda
humanidade juntamente com todas as criaturas participem de sua
imensa alegria.
3.2–
O Cântico parte por parte
"Altíssimo,
onipotente, bom Senhor, Teus
são o louvor, a glória, A
honra e todo o bendizer. A ti
somente, Altíssimo, são devidos. E
homem algum é digno sequer de nomear-te"
Esta é a introdução do cântico das criaturas, nesta introdução São
Francisco
deixa claro que o único motivo desde cântico é o Altíssimo, pode-se
dizer que
neste trecho esta a dedicatória de todo louvor. São Francisco não
tem a
pretensão de definir Deus neste cântico, pois é impossível por
língua humana,
mas de forma simples ele louva a grandeza de Deus. A grande
característica
desde trecho é a humildade com que Francisco louva a Deus. Francisco
ao compor
este cântico da um grande passo para o desenvolvimento de toda sua
mística
posterior a sua morte, pois, mostra que Deus é todo poderoso mais
que ao mesmo
tempo é muito próximo do ser humano pela pessoa de Jesus Cristo.
"A atitude religiosa de São
Francisco se desenvolveu dentro de uma dupla polaridade: o senso
da grande
santidade de Deus e o senso de sua admirável proximidade de nós em
Jesus
Cristo." (DOYLE, 1985. pg 73).
Francisco se coloca entre aqueles que fizeram a experiência mística
de Deus, e
isto não faz de Francisco um homem diferente, mas com esta
experiência nos
deixa a lição que também somos capazes de fazer esta experiência com
Deus.
Francisco em sua relação com a natureza chega ao conhecimento de
Deus, pois, a
criação é o espelho do Criador, e o cântico das criaturas é a prova
de que
Francisco experienciou Deus na criação.
"Na experiência mística de Deus,
que é Santo, o homem, que é temporal e mortal, chega ao conhecimento
de Deus,
eterno e imortal." (DOYLE, 1985. pg 75).
"Louvado
sejas, meu Senhor, por
todas as tuas criaturas, especialmente
pelo senhor Irmão Sol, pois
ele é dia e
nos ilumina por si. Ele
é belo e radiante com grande esplendor. E
traz o teu sinal, ó Altíssimo"
Francisco pela sua enfermidade nos olhos não mais enxergava, a sua
alma também
estava em escuridão, pois, além das dores corporais sofria pelas
grandes
duvidas e começava a não mais enxergar esperança. Mas em sua
infinita confiança
no Criador, canta a forma mais sublime de expressão Deus na
linguagem humana o
"Sol". Toda criatura na face da terra depende do sol para sua
sobrevivência, Francisco ao usar a figura do sol quer nos mostrar
que nós
também não podemos sobreviver sem Deus que é luz que nos ilumina no
caminho de
nossa existência.
Ao usar a figura do sol, Francisco se liberta de sua dor e de sua
limitação
visual, pois para ele o sol tem beleza única.
"De tudo que vemos ao nosso redor
e de tudo o que observamos em toda a natureza, o sol tem direito
de ser qualificado
como majestosamente belo. Na beleza e no esplendor radiante do
sol, Francisco
via uma imagem da beleza de Deus. Considerava-o a mais bela das
criaturas de
Deus (…)" (DOYLE, 1985. pg 93)
Francisco retoma uma tradição dos primeiros cristãos, a de colocar
na imagem do
sol toda beleza da criação, o sol é a imagem da indescritível beleza
de Deus.
Na maioria das culturas o sol tem um papel primordial, pois ele
representa a
vida, sem a luz e o calor do sol nada pode sobreviver. O Cristo é o
novo sol
que brilha na escuridão do pecado e da morte, e Francisco em meio
esta
escuridão encontra na imagem do Sol este Cristo que ele tanto amou e
louvou.
"Em suas palavras sobre o sol, no Cântico,
São Francisco realmente resume a antiga atitude cristã: o sol
foi criado e dotado de uma beleza que revela algo da indescritível
beleza de
seu Criador. Os cultos relacionados com o sol, embora de forma
alguma sejam
universais, existiam em muitas partes do mundo em tempos antigos:
África, Austrália,
Indonésia, Egito e Oriente antigo. O mundo, onde o cristianismo
entrou, eram
muitos em adoradores do sol; havia até os que estavam
completamente tomados
pela mística do sol. O culto ao sol predominou, por exemplo, na
religião do
Egito, e durante o século XII se tornou um poderoso fator no
Império
Romano." (DOYLE, 1985. pg 93)
A mensagem que São Francisco quer nos transmitir, é que tenhamos
sempre Deus
como nosso sol, como aquele que nos fortalece e nos dá vida, aquele
nos conduz
por caminhos bons. Sem Deus nada seriamos, assim como sem o sol não
conseguimos
viver. Francisco tem o sol como "irmão", pois apesar de sua beleza
radiante tem como condição ser criatura do único e verdadeiro sol de
nossas
vidas: Deus.
"Louvado
sejas, meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas, no céu as formastes luminosas e preciosas e belas"
Francisco tinha grande apresso pelo sol, por representar por assim
dizer, a
luminosidade Divina em nossas vidas. A cantar louvores a Deus pelo
irmão sol, Francisco
quer dissipar de sua vida a escuridão. E para então dar continuidade
da
luminosidade de Deus em sua vida, Francisco continua o seu louvor ao
Criador
pela Lua.
Tudo o que reflete no firmamento da noite, qualquer luz, Francisco
chamou para
dentro de sua existência mística. Ele sabia que a lua e os astros
eram reflexos
da Beleza Eterna, e que não possuíam nem começo e nem fim. A lua e
as estrelas
não poderiam de forma alguma faltar no Cântico das Criaturas, pois
através de
seu misterioso Brilho, Francisco louva o Criador.
O sol representa dentro do cântico das criaturas a constância de
Deus em nossa
vida, Deus se faz presente em nossa vida. A lua não é um astro fixo,
ela varia
em varias partes do ano, assim como as estrelas. A lua dentro do
cântico das
criaturas representa a grande variação da existência humana.
Nascemos,
crescemos, morremos eis o ciclo da vida. A lua também tem o seu
ciclo. Mas
assim como a lua tem o ciclo e representa varias etapas no plano dos
astros,
ela não deixa de refletir a beleza de seu criador. A existência do
ser humano
também é assim, por mais que atinja seus autos e baixos, por mais
que tenhamos
consciência de nossa finitude, o sopro do Criador continua presente
em nossas
vidas.
"Como sol esta no céu como símbolo da
constância e permanência, a lua se mostra como símbolo da
flutuação e mudança.
Em sua vida dinâmica, o sol é sempre o mesmo. Ainda quando
escondido de nós
pelas nuvens, continua a conservar a nossa vida e sempre mantém o
seu brilho. A
lua, ao longo das fases do seu ciclo, do aparecimento ao
desaparecimento, da
lua nova à lua cheia, simboliza a série de mudanças pelas quais
passamos desde
a concepção até a morte, do feto a infância, da meninice a
adolescência, da
idade adulta a velhice." (DOYLE, 1985. pg 103).
Francisco encara a existência humana face a face, coloca a
existência humana em
seu extremo, assumindo todas as suas vicissitudes, mas sem deixar de
louvar o
Criador, podemos assim pensar que como podemos encarar a nossa
existência face
a face, também podemos encarar a lua com olhar fixo, diferente do
sol. Ao
pensarmos assim, percebemos que Francisco relaciona a existência
humana, com a
própria lua, onde nós mesmos nas varias fazes de nossa existência,
não deixamos
de refletir a imagem do Criador.
"Louvado
sejas, meu Senhor, pelos irmãos vento e o ar e as nuvens, e o céu sereno e toda espécie de tempo, pelo qual dás sustento as tuas criaturas"
Francisco neste trecho de seu cântico, que nos apresentar as
criaturas
inanimadas que também louvam a Deus. O ar, o vento e as nuvens sem
os olhos da
fé não tem vida, mas aos olhos da fé são criaturas importantíssimas.
Através
destes três elementos conseguimos sobreviver no mundo. Sem o ar não
poderíamos
respirar, sendo assim iríamos morrer, sem o vento tudo seria imóvel,
sem as
nuvens não teríamos a chuva, que através de sua força régua a terra e
assim de
forma misteriosa faz produzir nosso sustento. Dentro de tantos
argumentos, como
não louvar.
Francisco em sua visão global de fraternidade nos diz: "tucte le
tue
creature.”. O homem depende tanto
da natureza e dos elementos que ela contém, que todas as formas de
expressão que
ele usa para falar sobre a natureza, possuem grande suavidade e
beleza. A
natureza e seus elementos têm este poder incrível de suscitar no
homem tão
grande admiração e apresso, seja aos olhos da carne, seja aos olhos
da fé.
"Praticamente todas as palavras
relacionadas com o tempo têm som de notável beleza. É uma das
características
mais curiosas do tempo, ter suscitado no espírito humano tantas
palavras
encantadoras, feitas de sons sugestivos. Possuem um encanto todo
próprio, quer
aparecendo aos olhos físicos ou aos olhos interiores, como
símbolos que dão
formas a idéias; ou, então, ressoando no ouvido exterior ou
interior, fazendo
com que a palavra mental se encarne no som: chuva, granizo, neve
saraivada,
flocos de neve, pingos de chuva, raios de sol, chuvisco,
arco-íris, nuvem,
vento, trovão, relâmpago, tempestade, geada, garça, brisa, gelo,
bruma,
orvalho."(DOYLE, 1985. pg 115)
Francisco sempre nos lembra de nossa finitude e de nossa relação com
a criação.
Não somos auto-suficientes diante a criação, dependemos dela sim,
pois também
somos parte de tal criação. O homem só vai conseguir entender o
verdadeiro
sentido de sua existência quando tomar consciência de pertença à
criação e a
todo meio ambiente.
"Louvado
sejas, meu Senhor, pela irmã água, a qual é muito útil e humilde, e preciosa e casta"
Francisco tem na água a imagem da mais perfeita louvação a Deus, ela
é pura,
humilde e casta. A água em sua forma mais simples de louvar a Deus
mostra o seu
real valor na grande utilidade que ela tem. Nenhum ser vivente pode
sobreviver
sem a presença da água, sendo assim ela louva a Deus na sua relação
de
intimidade com a natureza.
A água assim como Deus esta presente em todos os lugares, na
composição do ser
humano, na natureza, no espaço. Sendo assim ela louva a Deus nas
outras
criaturas. Francisco a contempla como casta, pois assim como a
castidade faz
com que direcionemos todas as nossas forças a Deus, a água em todos
os lugares
onde ela esta, e em todas as suas formas esta sempre louvando a
Deus, através
de si mesma e através das criaturas.
"São Francisco chama a água de útil,
humilde preciosa e pura. Não há dúvida de que a água é útil. Isso
é tão
evidente que chega ser banalidade afirmá-lo. São Francisco teria
sido mais
justo para com ela, se a qualificasse de vital e indispensável.
Embora a água
seja de vital importância para nós, ela nunca se gloria disso, nem
por isso se
impõe a nós."(DOYLE, 1985.pg 124)
Água é vida, e também através da água nós iniciamos uma nova vida. A
água do
batismo nos lava e nos introduz no mistério de Cristo. A água esta
presente em
todas as etapas da vida do homem. Através da água conseguimos ativar
todos os
sentidos do corpo. A água é tão necessária que sua existência é
simplesmente
absoluta e misteriosa.
"Há um encanto especial em nadar no mar,
porque ele tem características que correspondem aos nossos cinco
sentidos. O
primeiro é o gosto, que esta intimamente ligado aos gosto das
lágrimas. Em
momentos de profunda emoção, tanto de alegria quanto de dor, a
água que escorre
de nossos olhos tem o gosto da água, da qual nos vem a vida. Nosso
tato sente o
mar como caricias de mil mãos, sobretudo quando as ondas da maré
rolam sobre
nosso corpo na praia. Além disso, sentindo o mar, existe um
elemento que só
pode ser descrito como força, e o seu odor penetra até o cerne de
nosso ser.
Pode ser ouvido, as vezes, como rugido quando arrebata nas costas
ou contra os
recifes, explodindo em fragmentos de brancas espumas; outras vezes
sussurrando
e murmurando quando se choca contra um quebra-mar ou lambe o
pedregulho, ao
longo da praia".(DOYLE, 1985. pg 132).
Para nós cristãos e também para São Francisco a água representa
simplicidade de
Deus. Fazer-se refletir na presença humilde, porém, indispensável da
água é
algo misterioso. Francisco nos ensina a termos um total cuidado para
com a
água. Diante deste ensinamento podemos nos perguntar: "Cuidamos da
Irmã
água como ela deve ser cuidada?". A resposta deve ser subjetiva. A
intensidade com que nos relacionamos com a criação esta no tempo em
que
dedicamos a ela e no valor que atribuímos a cada criatura, gerada
pela bondade
de Deus.
"Louvado
sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, pelo qual iluminas a noite; e ele é belo e alegre e vigoroso e forte"
Francisco louva o "irmão fogo" também como algo indispensável para a
vida humana. O fogo junto com o ar, a água e a terra formam os
quatro elementos
indispensáveis na vida do homem. Francisco quis louvar a Deus por
tudo isso,
louvar a Deus pelas criaturas finitas para que através delas
mostrasse a
infinitude do Altíssimo.
Francisco vê no fogo uma constante ascensão, é o Espírito Santo
vivificador que
esta presente no fogo. Um dos símbolos da Igreja é o fogo, que
representa o
Espírito Santo, que deve como o fogo, sempre queimar dentro em nós.
Francisco tinha plena consciência da utilidade e da grandeza do
fogo, pois sua
devoção para com o fogo partia de seu reconhecimento do fogo como
símbolo de
Deus, porém, se limitou a louvar a Deus através de sua beleza, sua
luz e seu
brilho. O fogo ao mesmo tempo que é forte, também se mostra delicado
e
misterioso.
"Existe magia e mistério no fogo, em suas
chamas, em seu modo de queimar. As chamas do fogo sobem para o
alto, e dançando
se perdem no invisível, ou talvez no nada da morte". (DOYLE, 1985.
pg
136).
Na historia da humanidade o fogo possui um papel fundamental, temos
na historia
da humanidade uma etapa conhecida como a "era do fogo" onde o homem
toma consciência do uso do fogo. Infelizmente nem todos os homens
sabem usar o
fogo, atacando assim a natureza e a si próprio. O fogo possuiu um
caráter
dualístico, pois pode representar o bem e o mal, um exemplo : "o
fogo
ardente da paixão e o fogo destruidor da ganância e do ódio". O fogo
foi
assim colocado como símbolo de sentimentos humanos, devido a sua
grande
importância na existência e no desenvolvimento da humanidade.
"O fogo inspira temor, embora seja
fascinante. Atrai e repele, a um tempo. Possui força criativa
porque
transforma, mas também pode ser destruidor. É exatamente útil e ao
mesmo tempo
altamente perigoso. Este aspecto dualístico do fogo se manifesta
nas metáforas
que usamos para descrever emoções contrarias: falamos do fogo do
amor e do fogo
do ódio." (DOYLE, 1985. pg 137)
Francisco vê no fogo a presença de Deus, que ao mesmo tempo em que é
suave e
misterioso é forte e destruidor. Deus não se define pelas qualidades
de suas
criaturas, mas reflete a sua imagem nelas.
"Louvado
sejas, meu Senhor, por nossa irmã e mãe terra, que nos alimenta e governa e produz vários frutos e coloridas flores e ervas"
Francisco considera a terra como mãe e irmã. Mãe no sentido daquela
que nos
acolhe, a casa da humanidade e irmã no sentido de criação, também a
terra é
criatura.
Francisco ao exaltar louvores a Deus pela irmã terra, nos lembra que
somos
feitos do pó da terra, do pó viemos e para o pó voltaremos, não em
uma
caminhada sem sentido, mas caminhando rumo ao Reino de Deus. Nosso
corpo volta
para a sua origem a terra, e nossa alma volta para a sua origem, o
Criador.
Deus opera maravilhas em nossa vida, utilizando a terra como meio de
ação. Deus
nos concedeu a terra para que nela trabalharmos e tirarmos o nosso
sustento.
Podemos também dizer, que Francisco ao louvar a Deus pela irmã
terra, ele
também acaba por exaltar o trabalho, tão valoroso para ele. O
trabalho das
próprias mãos deve ser a fonte de nosso sustento, sendo assim, o
nosso sustento
vem de um harmonioso encontro entre a nossa boa vontade em trabalhar
e a
generosidade da terra em nos conceder os seus frutos.
Ao contemplar a irmã terra Francisco contempla todo o cosmos,
ordenado em
harmonia, dando-se as mãos, irmão sol e irmã lua, irmão vento e irmã
água,
irmão fogo e irmã terra, no templo imenso da criação. Diante desta
realidade
Divina podemos então nos perguntar: "Quem sois vós, Senhor, e quem
sou
eu?"
"O sentido da terra é a sensação de que
temos de pertencer a ela e de amá-la profundamente. São Francisco o
sentia em
grau notável. Seu amor pela terra era amor verdadeiro e autentico,
porque era,
acima de tudo, baseado na não interferência. Amava a terra por ser
fruto da
decisão livre de Deus, decisão ditada pelo amor a criar".(DOYLE,
1985.pg
148-149)
Francisco em seu cântico, demonstra o grande amor que tem pela
terra, casa
comum da humanidade. Neste sentido ele nos ensina que não devemos
interferir na
harmonia desta casa, pois fazemos parte dela. Toda a terra com tudo
que ela
possui é criação Divina, feita por livre e espontânea vontade de
Deus, fruto de
seu eterno amor por nós.
"Louvado
sejas, meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor, e suportam enfermidades e tribulações. Bem-aventurados os que sofrem em paz, que por ti , Altíssimo, serão coroados"
Este trecho do cântico surge pela razão de uma briga na cidade de
Assis, entre
o bispo e o prefeito. Francisco ao ficar sabendo de tal briga compõe
este verso
e manda que seus frades cantem em praça publica, sendo assim houve a
reconciliação entre o prefeito e o bispo da cidade de Assis.
Mas Francisco agora chega ao auge da criação, o "HOMEM". Só o homem é
capaz de gerar dentro de si o sentimento de perdão, os animais não
têm esta
consciência. O homem foi colocado pelo Altíssimo no topo de toda e
qualquer
beleza criada, para que fosse dentro da obra da criação, ponto de
convergência,
o seu harmonizador.
Francisco foi o arauto da paz, pregou a paz não com palavras soltas
ao vento,
mas pregou com o seu testemunho. A sua vida inteira foi um protesto
de paz
entre os homens, um protesto para que os homens pudessem olhar para
dentro de
si mesmo, pudessem contemplar a beleza que possuíam em si mesmo.
Francisco
tinha um auto-conhecimento de si, por isso prega a paz e o perdão,
só pode
falar de paz e perdão quem conhece a si e vive dentro de si estes
sentimentos.
"A partir do momento de sua conversão,
Francisco
se tornou homem da paz e um mensageiro da paz para os outros. (…).
Aquilo que
ele dizia era muito simples e sem arte, e só dizia respeito a uma
coisa, isto
é, à paz como maior bem para o homem, paz com Deus pelo
cumprimento de seus
mandamentos, paz com os homens por meio de uma conduta justa, paz
consigo mesmo
pelo testemunho de uma boa consciência". (DOYLE,1985.pg 164)
A paz é resultado de um processo familiar, se houver paz dentro de
nossas
casas, haverá paz em toda a sociedade. Francisco nos ensina que
devemos ser
pessoas de paz, e ensina mais ainda a seus frades na regra de 1223
que as
primeiras palavras de um frade ao entrar em uma casa sejam estas:
"Paz a
esta casa!".
"O Cântico do Irmão Sol é a
carta-magna da paz; como tal é o documento dos direitos das
criaturas humanas,
animais, vegetais e minerais. O significado mais profundo da paz é
estar bem
com todas as criaturas, amar todo tipo de vida, ter respeito por
toda a
matéria".(DOYLE,1985.pg 169)
A paz é questão de igualdade entre todos, se queremos viver em paz
conosco, com
os irmãos e com a criação devemos então começarmos a agir com
igualdade.
Francisco se faz igual a todos como criatura e menor a todos como
irmão. Deus
com sua criação nos da uma grande lição de paz, "pois ele faz chover
sobre
justos e injustos". Se começarmos a tomada de consciência pela
igualdade,
começaremos a caminhar rumo a sociedade que tanto sonhamos e que
Francisco um
dia também sonhou.
"Louvado
sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual ninguém pode escapar.
Ai daqueles
que morrem em pecado mortal! Felizes aqueles que estão na sua santíssima vontade, pois a morte segunda não lhe fará mal"
Francisco integra em seu texto este trecho provavelmente no ano de
1226 onde a
sua passagem a vida eterna estava próxima. Francisco nos lembra mais
uma vez de
nossa finitude enquanto criaturas. Quando Francisco compôs este
trecho ele já
visualizava as suas angústias, as dores no seu corpo eram muitas e
não só
Francisco era atormentado, mas também aqueles que estavam com ele,
em especial
Santa Clara e os primeiros companheiros.
Francisco era cantor por natureza, sempre desejou ardentemente
cantar. Naquela
tarde onde Francisco contempla a irmã morte, pede então a seus
frades que
cantem com louvor e devoção o Cântico das Criaturas, que já teria se
tornado o
canto oficial dos Frades Menores.
Francisco neste momento começa a contemplar a face de seu Criador,
não morre mas
continua a contemplar o Criador agora face a face. O corpo de
Francisco termina
sua jornada sobre a terra, mas o seu espírito cantor continua
presente até hoje
junto aos Frades menores.
Francisco encara a morte não como fim ultimo do homem, mas encara a
morte como
caminho para Deus, não podemos chegar a Deus se não morrermos. Por
isso
Francisco a chama de irmã morte, pois ela como irmã nos leva a
presença de
Deus.
"São Francisco saudava a morte com esta
amável saudação: "Bem-vinda, minha irmã morte". E, em companhia
dela,
fez o ultimo estágio de sua jornada para chegar à união com o
Irmão
Cristo".(DOYLE,1985.pg 184)
Segundo a filosofia o "homem é um ser para a morte". Todos
caminhamos
para a morte, mesmo não tendo consciência de tal fato ou até mesmo
não
aceitando este fato em nossa existência.
A morte é o grande enigma da humanidade, ninguém sabe explicar ao
certo o que
seria este fenômeno "Morte". A visão cristã nos apresenta Cristo
morto, porém, ressuscitado. O próprio filho de Deus passa pelo
mistério da
morte, mas ressuscita de forma gloriosa para nos dizer que a morte
foi vencida
com sua própria morte e ressurreição. A morte para o cristão é o fim
de uma
existência meramente material mas uma continuação de uma existência
na
eternidade junto a Deus, e Francisco vive esta certeza no seu
itinerário
existencial, e nos dá grande lição ao encarar a morte com
naturalidade.
"Em termos puramente fenomenológicos, pode-se
dizer com plena certeza que a morte é a acessão de uma intrincada
rede de
funções biológicas e o fim da atividade e comunicação neste mundo.
Mas isso não
é a morte, tal como define a fé. De acordo com a mensagem cristã, a
morte é a
consumação de uma forma de existência e o começo de outra forma de
existência".(DOYLE,1985.pg 191)
Francisco também nos alerta sobre a questão do pecado, e quando ele
diz
"ai de quem morrer em pecado mortal", ele nos diz que devemos todos
estar preparados para a passagem para junto do Pai. O pecado na vida
do ser
humano não deve ser entendido como algo moral ou que esteja ligado
ao
comportamento social. O pecado é agir contra a dignidade do homem e
assim sendo
não cumprir com o projeto Divino, é estar fora da Graça de Deus. O
amor de Deus
deve nos unir como irmãos, este é o grande mistério da vida de
Francisco, o
pecado está quando nos fechamos em um egoísmo chegando ao ponto de
dividir o
nosso próprio "eu".
"Há em nós uma coisa profundamente
errada, tanto individual quanto coletivamente. Não se trata só de
ações
pecaminosas, pelas quais possamos ser mais ou menos culpados, de
acordo com as
circunstancias. Trata-se especialmente do pecado em si. O pecado
que se esconde
no egoísmo e na divisão existente no próprio eu
(…)".(DOYLE,1985.pg 201)
Francisco não age de forma moralista, condenando a todos, mas nos
alerta sobre
nossa humanidade que sempre esta propensa ao pecado. Ele nos alerta
que a Graça
de Deus esta sempre presente em nossas vidas, e que não podemos
deixar esta
Graça acabar, pela razão de nossos pecados. Em nossa existência está
presente o
pecado, mas muito está presente a Graça e a misericórdia de Deus, e
Francisco
viveu e cantou esta realidade com a própria vida.
"Louvai e
bendizei o meu Senhor e rendei-lhe graças. Servi-o com grande humildade"
Francisco ao compor o Cântico das Criaturas não pensa em um solista,
mas
convida a todos a cantarem louvores ao Altíssimo. Este convite é
feito de forma
espontânea e muito tranqüila, não somos obrigados a louvar a Deus,
pois somos
livres. Mas ao tomarmos consciência de que nosso fim é louvar o
Criador
em tudo que fazemos, a nossa existência toma novo sentido e novo
sabor.
Francisco tem plena consciência da limitação humana, mas ele não se
preocupa
com isso, pelo contrario, usa da humanidade da criação para louvar a
Deus, usa
todos os elementos que tem ao seu favor, para louvar e bendizer a
Deus.
O que faz do Cântico das Criaturas uma obra de arte tão bela, e uma
experiência
mística tão forte, é a grande humildade que se encontra em todos os
seus
versos. Em nenhum momento Francisco se vangloria de sua forma de
escrever e de
sua forma de louvar a Deus, mas se coloca sempre humilde como menor
de todas as
criaturas que coloca em perene louvor a Deus.
Devemos ser humildes o bastante para podermos encontrar em nossa
vida a graça
de agradecermos por tudo que temos e não ficarmos em um eterno
pieguismo
religioso, mas é reconhecer-mos a todos instante que nossa
existência e tudo
que possuímos vem de Deus.
"Um de nossos maiores dons, como seres
humanos, é a capacidade de dizer "obrigado". Dar graças resulta do
reconhecimento de que há uma razão para tal. Esse reconhecimento
se torna
possível pela humildade que sempre reconhece a verdade. Não é
humildade
negar os dons que possuímos, quando alguém nos louva por causa
deles. Isso é
uma mentira. Humildade é a virtude pela qual reconhecemos que
nossa existência
e talento vem de Deus".(DOYLE, 1985. pg 215)
Francisco nos ensina que devemos louvar sempre a Deus, porque desde a
nossa
existência ele já nos amava, com gratuidade total. Podemos nos
perguntar: o que
é a criatura diante de tanto amor?. Como diz o salmista, "o que é o
homem
para dele assim lembrardes e tratardes com tanto carinho?". Assim
como
Deus constituiu toda a criação por amor livre, ele continua a nos
oferecer tal
amor, somos seres amados por Deus, e por isso devemos louvá-lo. O
pensamento
racional nos mostra que somos seres que caminham em busca de
resposta,
Francisco contraria este pensamento e nos responde que somos seres
que caminham
para o amor de Deus.
Tomar consciência deste amor de Deus para conosco faz com que
louvemos com mais
intensidade, e foi isto que aconteceu com Francisco de Assis, tomou
consciência
de sua existência, de sua relação com os irmãos e com a criação e
principalmente tomou consciência do amor de Deus, e isto fez surgir
dentro de
seu peito inflamado sempre mais pelo "amor que não é amado", o
Cântico das Criaturas, a mais bela e humilde expressão franciscana
de amor.
"De fato, ele nos conhecia e amava desde
toda a eternidade, no profundo de sua mente e vontade divinas. À
pergunta,
portanto, "o que é uma criatura?" pode-se responder com plena
segurança: "um-ser-amado-por-Deus". E, assim como o filósofo
define o
homem como "animal racional", o crente o define como
"o-ser-amado-por-Deus-e-feito-seu-co-amante". Na verdadeira,
humildade, existe uma beleza que torna o seu possuidor muito
atraente. Por meio
do amor, o humilde louva a Deus ao máximo e lhe rende as melhores
graças.
Francisco nos deixa uma lição de vida, de que para chegarmos muito
mais alto no
amor, devemos sempre de novo ser mais humildes e servir e louvar a
Deus nos
irmãos a todo instante.
Conclusão
São Francisco de Assis conseguiu captar o louvor das criaturas ao
seu criador.
Tendo esta experiência como referencia podemos nos perguntar: "As
criaturas conseguem louvar a Deus nos dias de hoje?" Com tanta
ganância
pelo lucro, e pela exploração desenfreada dos recursos naturais, a
resposta se
torna algo complexo. Pois, o homem perdeu a sensibilidade para com
sigo mesmo e
para com a criação, e o grande exemplo está no desmatamento, na caça
ilegal de
animais silvestres, nos maus tratos com animais e seres humanos,
decorrentes em
varias regiões do mundo. E nós franciscanos, possuímos ainda a
sensibilidade
que Francisco ensinou? Francisco no cântico das criaturas demonstra
que possui
uma sensibilidade existencial imensa, dentro da espiritualidade
humano-cristã.
Francisco ao escrever este cântico tem o intuito de nos mostrar quão
frágil é o
ser humano e quão esplendido é Deus. Ele não faz comparativos entre
animais
racionais e irracionais, ele engloba todo o cosmos, e este como
criação divina,
como fraternidade universal.
O amor de Deus está expresso em todas as realidades, e esta é a
mensagem que
Francisco nos transmitiu. A experiência mística de Francisco se foca
em seguir
o Cristo pobre, humilde e crucificado que ao ser encarnar coloca
toda a criação
em pé de igualdade e louvor diante de Deus. Dizia Francisco "em Deus
somos, nos movemos e existimos", ou seja, nossa realidade
existencial só
tem sentido em Deus.
O cântico das criaturas é o convite universal que Francisco faz,
convite este
que nos convoca a louvarmos a Deus por toda a eternidade, não
louvores criados
por nossa inteligência e capacidade, mas louvores que se dão com o
nosso
próprio modo de ser. "Diante de Deus somos aquilo que somos". A
realidade divina na criação não é escravocrata, mas de gratuidade
cordial.
Louvamos a Deus em gratuidade de espírito.
Portanto, no cântico das criaturas, que procede da experiência
mística de
Francisco de Assis, está sintetizado de forma simples e objetiva, o
sentido de
toda existência criacional, louvar a Deus. Louvar a Deus não é
bajular, mas
completar a nossa finitude com o infinito amor do Pai Criador.
Referências
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Eis o que conta, de si mesmo, o sufi Bayazid: "Na juventude, eu era um revolucionário e assim rezava: ‘Dai-me energia, ó Deus, para mudar o mundo!’ Mas notei, ao chegar à meia-idade, que metade da vida já passara sem que eu tivesse mudado homem algum. Então, mudei minha oração, dizendo a Deus: ‘Dai-me a graça, Senhor, de transformar os que vivem comigo dia a dia, como minha família e meus amigos; com isso já ficarei satisfeito...’ Agora que sou velho e tenho os dias contados, percebo bem quanto fui tolo assim rezando. Minha oração, agora, é apenas esta: ‘Dai-me a graça, Senhor, de mudar a mim mesmo.’ Se eu tivesse rezado assim, desde o princípio, não teria esbanjado minha vida."
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