BLOGGER TEMPLATES - TWITTER BACKGROUNDS »

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

The Stranger (1967) (O estrangeiro - Albert Camus



O Estrangeiro, livro escrito originalmente pelo francês Albert Camus, lançado em 1942, conta a história de Mersault, um homem condenado por um assassinato. De início, as linhas gerais aparentam uma história comum, mas os temas de Camus vão além. O que encontramos na profundidade da leitura é a Filosofia do Absurdo, conceito que permeará todas as obras (literárias, teatrais e filosóficas) de Camus.

Levando em consideração essa complexidade, Luchino Visconti teve bastante trabalho para realizar cinematograficamente esta obra. Uma adaptação pode, além de recontar a história, interpretar o que já foi dito e apresentar com uma nova visão diferenciada. Aí estaria a possibilidade de se construir uma boa adaptação, que transcende sua origem.

É o que o diretor realiza por exemplo através da coesão entre diversas técnicas como direção de arte e fotografia. Assim, ele apresenta sua visão, como por exemplo mostrando a constante presença do suor na pele dos personagens, tornando o fator climático do calor, muito mais pesado.

Por outro lado, o filme aprimora informações apresentadas pelo livro. Com outro exemplo, percebemos que a direção de arte se preparou para recriar as condições dos anos 40 da Argélia (onde a história original se passa), mas com a fotografia, Visconti preferiu de forma geral, usar planos mais fechados para dar ênfase nos personagens, na ação específica e, principalmente, nas falas. Na realização das cenas e dos diálogos, tem-se aí talvez uma outra escolha deliberada do diretor: a preservação das ideias de Camus. Neste quesito, a adaptação foi fiel ao livro.

Mas como mencionado, uma boa adaptação transcende sua origem. Assim, a trilha sonora, que encontramos pontualmente em algumas cenas, tem um papel interessante de contribuir para uma imersão que o cinema pode se propor. Esse é um elemento que o diretor escolheu e que nos causa uma certa sensação de “estranheza”. Isso se relaciona com a visão filosófica de Camus em que o protagonista se sente não-pertencente ao local – um estranho – e ainda mais, se sente estranho à própria realidade.

Quem interpreta o protagonista Mersault é Marcello Mastroianni. Com sua atuação consegue expressar um grande leque, desde a apatia (constante na história) até o medo quando a narrativa progride. Mas existe um porém, não podemos deixar de levar em consideração o peso que a figura de Mastroianni carrega consigo. O ator estava cercado pelos meios de comunicação que o tornaram uma celebridade nos anos 60. Por mais que ele já tenha feito magistralmente o papel do “homem comum” como, por exemplo, em A Doce Vida (Federico Fellin, 1960), agora ele ficou marcado como galã na indústria do entretenimento, longe do que o protagonista desta obra seria.

Outro descompasso em relação ao livro é a sequência final. Quando o protagonista aguarda a pena de morte e discute com o padre, na obra escrita, ela é memorável porque o que mais pesa é a força das palavras que o autor evoca: a filosofia absurdista. Já no filme, ela não alcança todo o seu potencial ao não procurar utilizar dos recursos audiovisuais para uma total imersão da obra. No filme acabamos com a impressão de que o protagonista – apesar de ser inicialmente uma incógnita em ambas as obras – é ao final, alguém com um problema reprimido e que conseguiu extravasar através daquela relação de agonia e medo da morte.

Já se voltarmos à obra original, a força do texto evoca outras sensações. A visão de mundo de Albert Camus é a do absurdo: a de que o mundo e o universo são indiferentes a nós e que encarar a ausência de Deus e de uma relação de troca com o universo é lidar com o nada. E o que Camus se propõe a partir disso é que cada um construa sua proposta existencial, que encontre seus significados para a vida e não sucumba ao niilismo. É uma constante superação e transcendência desses valores.

Por fim, o que vemos nesta obra cinematográfica é que ela contém, em níveis diferentes, as ideias que estão intrínsecas no livro, coisa que o diretor soube realizar muito bem. Por exemplo, a discussão interna do personagem com suas ideias, realizada através da voz em off é um recurso que nos faz “adentrar” em sua mente. Mas no cinema, além disso, existem outros elementos como trilha sonora, fotografia, etc., todos citados anteriormente e que realizam uma profunda imersão que vai além da intelectualidade para encontrar também o campo do sensível. No caso de O Estrangeiro, ficamos mais próximos da intelectualidade.


*Thiago Consiglio é jornalista (MTB 72991/SP) e participou da realização e produção de curtas-metragens

L'Étranger (em português O estrangeiro)/(livro)
é o mais famoso romance do escritor Albert Camus. A obra foi lançada em 1942, tendo sido traduzida em mais de quarenta línguas e recebido uma adaptação cinematográfica realizada por Luchino Visconti em 1967.
Faz parte do "ciclo do absurdo" de Camus, trilogia composta de um romance (L'Étranger), um ensaio (Le mythe de Sisyphe - O mito de Sísifo) e de uma peça de teatro (Calígula) que descrevem o aspecto fundamental de sua filosofia : o absurdo. O romance foi traduzido em quarenta línguas e uma adaptação cinematográfica foi realizada por Luchino Visconti em 1967. Recebeu o prêmio Nobel de Literatura

Enredo




Cquote1.svg Hoje mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei. Recebi um telegrama do asilo: "Mãe morta. Enterro amanhã. Sinceros sentimentos." Isso não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem. Cquote2.svg
O romance conta a história de um narrador personagem, Meursault, um homem vivente que então comete um assassinato e é julgado por esse ato. A ação desenrola-se na Argélia na época em que ainda era colônia francesa, país onde Camus viveu grande parte da sua vida.
A narrativa começa com o recebimento de um telegrama por Mersault, o protagonista, comunicando o falecimento de sua mãe, que seria enterrada no dia seguinte. Ele viaja então ao asilo onde ela morava e comparece à cerimônia fúnebre, sem, no entanto, expressar quaisquer emoções, não sendo praticamente afetado pelo acontecimento. O romance prossegue, documentando os acontecimentos seguintes na vida de Meursault que forma uma amizade com um dos seus vizinhos, Raymond Sintès, um conhecido proxeneta. Ele ajuda Raymond a livrar-se de uma de suas amantes árabes. Mais tarde, os dois se confrontam com o irmão da mulher ("o árabe") em uma praia e Raymond sai ferido depois de uma briga com facas. Depois disso, Meursault volta à praia e, em um delírio induzido pelo calor e pela luz forte do sol, atira uma vez no árabe causando sua morte e depois dá mais quatro tiros no corpo já morto.
Durante o julgamento a acusação concentra-se no fato de Meursault não conseguir ou não ter vontade de chorar no funeral da sua mãe. O homicídio do árabe é aparentemente menos importante do que o fato de Meursault ser ou não capaz de sentir remorsos; o argumento é que, se Meursault é incapaz de sentir remorsos, deve ser considerado um misantropo perigoso e consequentemente executado para prevenir que repita os seus crimes, tornando-o também num exemplo.
Quando o romance chega ao final, Meursault encontra o capelão da prisão e fica irritado com sua insistência para que ele se volte a Deus. A história chega ao fim com Meursault reconhecendo a indiferença do universo em relação à humanidade. As linhas finais ecoam essa ideia que ele agora toma como verdadeira:

Cquote1.svg Como se essa grande cólera tivesse lavado de mim o mal, esvaziado de esperança, diante dessa noite carregada de signos e estrelas, eu me abria pela primeira vez à terna indiferença do mundo. Ao percebê-la tão parecida a mim mesmo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais uma vez. Para que tudo fosse consumado, para que eu me sentisse menos só, restava-me apenas desejar que houvesse muitos espectadores no dia de minha execução e que eles me recebessem com gritos de ódio. Cquote2.svg


Contexto da história e filosofia

Albert Camus, como Meursault, era um pied-noir (literalmente pé negro); um francês que vivia no Magreb, o crescente setentrional da África às margens do Mar Mediterrâneo, a região que abrigava as colônias francesas. Isso explica parcialmente a reação da corte, mais preocupada com a atitude de Meursault no enterro de sua mãe, do que com o próprio crime cometido, o assassinato de um árabe.
O estrangeiro é normalmente classificado como um romance existencial. Como, no entanto, Camus rejeitou essa classificação, é mais correto afirmar que o romance se insere na teoria do absurdo de Camus, assim como os outros livros da "trilogia do absurdo". Muitos leitores acreditam que Meursault vive pelas ideias dos existencialistas, principalmente após sua tomada de consciência final. No entanto, na primeira metade do romance, Meursault é claramente um indivíduo inconsequente e destituído de objetivo. Ele é movido somente pelas experiências sensoriais (o cortejo fúnebre, nadar na praia, o sexo com Marie, etc.).
Apesar de rejeitar o rótulo de existencialista, Camus foi influenciado, ao escrever o romance, pelas ideias de Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger. Camus e Sartre em particular haviam se envolvido na resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e foram amigos até que diferenças em posições políticas os levaram ao rompimento.
No limite, Camus apresenta o mundo como essencialmente sem sentido e assim, a única forma de chegar a um significado ou propósito é criar um por si mesmo. Assim, é o indivíduo e não o ato que dá significação a um dado contexto. Camus também lida com essa questão, assim como as questões de relacionamento humano e o suicídio em outras obras de ficção como La Mort heureuse (1971 - em português: A Morte Feliz) e La peste (1947 - em português: A Peste), assim como em algumas obras de não-ficção como L'Homme révolté (1951 - em português: O homem revoltado) e Le Mythe de Sisyphe (1942 - em português: O Mito de Sísifo).


Influências na cultura

No cinema, o romance inspirou o filme Lo Straniero (1967), dirigido por Luchino Visconti e Yazgi (2001), dirigido por Zeki Demirkubuz. Ele também inspirou o filme dos Irmãos Coen The Man Who Wasn't There.
Na música popular, inspirou a canção do The Cure Killing an Arab. Também influenciou a canção A Revolta dos Dândis I, do disco A Revolta dos Dândis, da banda Engenheiros do Hawaii . Há rumores, não confirmados por seus autores, de que tenha inspirado também a canção Bohemian Rhapsody do Queen.
Inspirou o nome da banda Mersault e a Máquina de Escrever, bem como a temática de algumas de suas canções.

The Stranger (1967 film)

 The Stranger (Italian: Lo straniero) is a 1967 film by Italian film director Luchino Visconti, based on Albert Camus' novel L'Étranger, with Marcello Mastroianni.

 

Plot


Main article: The Stranger (novel)
Mersault's friend Sintès beats his girlfriend and is sued by her. At court Mersault testifies to his friend's advantage. Sintès is off the hook but now the girl's male relatives stalk Mersault. He shoots one of them and ends up in prison.

Cast


  • Marcello Mastroianni as Arthur Meursault
  • Anna Karina as Marie Cardona
  • Bernard Blier as the defense counsel
  • Georges Wilson as the examining magistrate
  • Bruno Cremer as Priest
  • Pierre Bertin as the judge
  • Jacques Herlin as the director of the rest home
  • Marc Laurent as Emmanuel
  • Georges Géret as Raymond
  • Alfred Adam as the prosecutor
  • Jean-Pierre Zola as the employer
  • Mimmo Palmara as Monsieur Masson
  • Angela Luce as Madame Masson
  • Larry J McDonald as the bearded man at the port

 

Directed by Luchino Visconti
Produced by Dino De Laurentiis
Written by Luchino Visconti Albert Camus (novel)
Starring Marcello Mastroianni Anna Karina Bernard Blier Georges Wilson
Release dates
October 14, 1967
Running time
104 minutes
Country Italy
Language French/Italian


















0 comentários:

 
!--PAGINATION-STARTS-->