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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pequeno diálogo numa ostreira





- Então, minha cara, não está lá com muito bom ar... Tem
cá uma cara esta manhã. Está toda cinzenta!

- É verdade, não estou lá muito bem. Tenho uma dor,
pesada e circular, no meu estômago.

- Ah! Não se aproxime de mim. A minha concha é tão
uniforme, tão firme e a minha carne é tão apetitosa que
não posso sofrer o contacto de uma ostra menos bela que
eu. Já não lhe falo mais, minha senhora!

- Então, não me vai ajudar? Vai deixar-me à mercê dos
caranguejos e do esquecimento? Estarei condenada a morrer
sozinha nesta ostreira, com a barriga cheia de dores?

- Temo que sim, minha cara... Olhe! Está a ver! A mão do
ostricultor avança à superfície. Tenho a certeza de que
veio por minha causa, sou tão bonita!

Mas a mão do ostricultor apenas passou por cima da pequena
pretensiosa para se apoderar directamente da ostra doente.
Ao fim de um quarto de hora, a mão voltou, transportando
a ostra doente com uma infinita delicadeza. Voltou a
colocá-la cuidadosamente no seu lugar.

- Pffff! Está a ver! Eu bem lhe disse que não era
suficientemente bela para ele!

- É possível. Mas ele foi suficientemente bondoso para me
aliviar. Já não tenho dores e ele parece tão contente:
dei-lhe uma pérola tão bela que ficou a olhar para ela com
um olhar de amor.

"Temos de sofrer para sermos belos". Conhecemos bem esta
frase. No entanto, aplicamo-la demasiadas vezes à nossa
aparência exterior esquecendo que ela é pertinente para
tudo o que é interior: o nosso sofrimento nunca é gratuito,
também faz nascer belos frutos, dons, capacidades das quais
nem sequer suspeitávamos.





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