Adaptada de Laura E. Richards
- Acorde! - disse uma vozinha fina.
Tommy acordou e sentou-se. Ao pé da cama viu um menino da sua idade, todo de branco, como neve fresca. Tinha os olhos muito brilhantes e olhava direto para Tommy.
- Quem é você? - perguntou Tommy.
- Eu sou o Ano Novo! - disse o menino. - Hoje é o meu dia, e trouxe para você páginas novas.
- Que páginas? - perguntou Tommy.
- Páginas bem novinhas, pode Ter certeza! - disse o Ano Novo. - Tenho ouvido más notícias de você pelo meu pai…
- Quem é o seu pai? - perguntou Tommy.
- O Ano Velho, é claro! - disse o menino. - Ele falou que você fazia perguntas demais, e estou vendo que ele tinha razão. Ele também me disse que você guarda rancor, que às vezes belisca sua irmã mais nova e que, um dia, você jogou seu livro da escola no fogo. Agora, tudo isso tem que acabar!
- Ah, é mesmo? - disse Tommy. Ele ficou tão espantado que nem sabia o que dizer.
O menino fez que sim com a cabeça.
- Se não parar - disse ele - , você só vai piorar a cada ano, até virar o Homem Horrível. Você quer ser o Homem Horrível?
- N-não! - disse Tommy.
- Então você tem que parar de ser um menino horrível! - disse o Ano Novo. - Pegue as suas páginas!
E estendeu um maço do que parecia serem folhas de caderno, todas completamente brancas, como suas roupas.
- Todo dia, vire uma dessas páginas - disse - e logo você será um menino bom em vez de horrível.
Tommy pegou as folhas de papel e ficou olhando. Em cada uma, estavam escritas algumas palavras:
"Ajude sua mãe e seu pai!"
"Cate seus brinquedos!"
"Pare de sujar o chão de lama!"
"Seja bom para sua irmãzinha!"
"Não brigue com o Billy Jenkins!"
- Ah, não! - gritou Tommy. - Eu tenho que brigar com Billy Jenkins! Ele falou que…
- Adeus! - disse o Ano Novo. - Vou voltar quando estiver velho, para ver se você foi um bom menino ou um menino horrível. Lembre-se:
Se bom ou horrível vai ser,
Só você pode resolver.
Ele virou-se e abriu a janela. Um vento frio soprou, varrendo as folhas das mãos de Tommy.
- Pare! Pare! - gritou ele. - Diga-me…
Mas o Ano Novo tinha ido embora, e Tommy viu sua mãe entrando no quarto.
- Meu filho! - disse ela. - O vento está desarrumando tudo!
- Minhas páginas! Minhas folhas! - gritou Tommy.
Pulando da cama, procurou pelo quarto todo, mas não achou nenhuma.
- Não tem importância - disse Tommy. - Consigo ir virando-as do mesmo jeito, e juro que vou. Não vou virar o Homem Horrível.
E não virou mesmo.
Do livro: O Livro das Virtudes II - O compasso moral
William J. Bennett - Ed. Nova Fronteira
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