Há uma década, experiências de privação de consumo atiçam o debate sobre os limites do consumismo.
Em 2004, a americana Judith Levine passou um ano comprando só comida
depois de descobrir que tinha oito pares de tênis no closet e seis
qualidades de arroz na despensa, entre muitas outras coisas. É o que
conta no livro "Not Buying it --My Year Without Shopping" (algo como
"não compre isso --meu ano sem ir às compras"), escrito em 2006.
Em 2010, uma centena de mulheres americanas aceitaram o desafio do site
"Six Items or Less" (seis artigos ou menos) e passaram um mês usando
apenas seis peças de roupa.
No blog "Um ano sem Zara", a publicitária brasileira Joanna Moura
montava looks diários com peças que já tinha no armário, enquanto
resistia a adquirir novas.
A ex-compulsiva australiana Jill Chivers fez doze meses de jejum e
transformou a experiência em método para curar dependentes da moda.
Evitar cartões de crédito, examinar o próprio armário e adiar compras de
impulso estão entre as estratégias sugeridas por ela e organizações
como a Shopaholics Anonymous.
Consumir algo que se deseja ativa o sistema de recompensa, mecanismo
cerebral ligado ao prazer. É viciante, já que produz uma sensação
intensa rapidamente. Para o neurocientista Jorge Moll, do Instituto D'Or
de Pesquisa e Ensino, porém, o que de fato incita o consumismo é a
forma como o mercado renova continuamente seu arsenal de "recompensas".
"Surge um estilo novo, associado à celebridade, ao sucesso e à saúde, e
você quer se projetar nele. O consumo distrai as pessoas", afirma.
O hábito vira doença quando se torna incontrolável e tem repercussões
emocionais e financeiras negativas, incluindo dívidas e conflitos
familiares. Embora se aproxime de quadros de dependência e de transtorno
obsessivo-compulsivo, estudo recente da Faculdade de Medicina da USP o
descreve como uma patologia específica, caracterizada pela dificuldade
de controlar o impulso da compra.
"O comprador compulsivo busca satisfação imediata para sua necessidade
de aquisição, que é excessiva. Não consegue planejar ou pensar nas
consequências", explica a psicóloga Tatiana Filomensky, autora do estudo
que envolveu 85 entrevistas.
Associado à busca de alívio para emoções negativas, o consumismo produz
tolerância: é preciso comprar cada vez mais para obter cada vez menos
efeito. "O compulsivo vive uma sensação devastadora de fracasso depois
de comprar, exatamente como o dependente químico", afirma Filomensky.
Segundo ela, alguns fatores influenciam o desenvolvimento do quadro,
como predisposição genética, ambiente, problemas emocionais e padrões
ensinados pela família. "O consumo é tão comum e estimulado que demora
até percebermos um padrão patológico nos hábitos de compra de alguém",
diz.
Consumir algo que
se deseja ativa o sistema de recompensa, mecanismo cerebral ligado ao
prazer. É viciante, já que produz uma sensação intensa rapidamente. Para
o neurocientista Jorge Moll, do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino,
porém, o que de fato incita o consumismo é a forma como o mercado renova
continuamente seu arsenal de "recompensas".
"Surge um estilo
novo, associado à celebridade, ao sucesso e à saúde, e você quer se
projetar nele. O consumo distrai as pessoas", afirma.
O hábito vira doença quando se torna incontrolável e tem repercussões
emocionais e financeiras negativas, incluindo dívidas e conflitos
familiares. Embora se aproxime de quadros de dependência e de transtorno
obsessivo-compulsivo, estudo recente da Faculdade de Medicina da USP o
descreve como uma patologia específica, caracterizada pela dificuldade
de controlar o impulso da compra.
"O comprador compulsivo busca satisfação imediata para sua necessidade
de aquisição, que é excessiva. Não consegue planejar ou pensar nas
consequências", explica a psicóloga Tatiana Filomensky, autora do estudo
que envolveu 85 entrevistas.
Associado à busca de alívio para emoções negativas, o consumismo produz
tolerância: é preciso comprar cada vez mais para obter cada vez menos
efeito. "O compulsivo vive uma sensação devastadora de fracasso depois
de comprar, exatamente como o dependente químico", afirma Filomensky.
Segundo ela, alguns fatores influenciam o desenvolvimento do quadro,
como predisposição genética, ambiente, problemas emocionais e padrões
ensinados pela família. "O consumo é tão comum e estimulado que demora
até percebermos um padrão patológico nos hábitos de compra de alguém",
diz.
Teté Martinho
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