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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Viciadas em compras tentam se curar com privação de consumo

 




Há uma década, experiências de privação de consumo atiçam o debate sobre os limites do consumismo.
Em 2004, a americana Judith Levine passou um ano comprando só comida depois de descobrir que tinha oito pares de tênis no closet e seis qualidades de arroz na despensa, entre muitas outras coisas. É o que conta no livro "Not Buying it --My Year Without Shopping" (algo como "não compre isso --meu ano sem ir às compras"), escrito em 2006.
Em 2010, uma centena de mulheres americanas aceitaram o desafio do site "Six Items or Less" (seis artigos ou menos) e passaram um mês usando apenas seis peças de roupa.
No blog "Um ano sem Zara", a publicitária brasileira Joanna Moura montava looks diários com peças que já tinha no armário, enquanto resistia a adquirir novas.
A ex-compulsiva australiana Jill Chivers fez doze meses de jejum e transformou a experiência em método para curar dependentes da moda. Evitar cartões de crédito, examinar o próprio armário e adiar compras de impulso estão entre as estratégias sugeridas por ela e organizações como a Shopaholics Anonymous.
Consumir algo que se deseja ativa o sistema de recompensa, mecanismo cerebral ligado ao prazer. É viciante, já que produz uma sensação intensa rapidamente. Para o neurocientista Jorge Moll, do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, porém, o que de fato incita o consumismo é a forma como o mercado renova continuamente seu arsenal de "recompensas".
"Surge um estilo novo, associado à celebridade, ao sucesso e à saúde, e você quer se projetar nele. O consumo distrai as pessoas", afirma.
O hábito vira doença quando se torna incontrolável e tem repercussões emocionais e financeiras negativas, incluindo dívidas e conflitos familiares. Embora se aproxime de quadros de dependência e de transtorno obsessivo-compulsivo, estudo recente da Faculdade de Medicina da USP o descreve como uma patologia específica, caracterizada pela dificuldade de controlar o impulso da compra.
"O comprador compulsivo busca satisfação imediata para sua necessidade de aquisição, que é excessiva. Não consegue planejar ou pensar nas consequências", explica a psicóloga Tatiana Filomensky, autora do estudo que envolveu 85 entrevistas.
Associado à busca de alívio para emoções negativas, o consumismo produz tolerância: é preciso comprar cada vez mais para obter cada vez menos efeito. "O compulsivo vive uma sensação devastadora de fracasso depois de comprar, exatamente como o dependente químico", afirma Filomensky.
Segundo ela, alguns fatores influenciam o desenvolvimento do quadro, como predisposição genética, ambiente, problemas emocionais e padrões ensinados pela família. "O consumo é tão comum e estimulado que demora até percebermos um padrão patológico nos hábitos de compra de alguém", diz.

Consumir algo que se deseja ativa o sistema de recompensa, mecanismo cerebral ligado ao prazer. É viciante, já que produz uma sensação intensa rapidamente. Para o neurocientista Jorge Moll, do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, porém, o que de fato incita o consumismo é a forma como o mercado renova continuamente seu arsenal de "recompensas".
"Surge um estilo novo, associado à celebridade, ao sucesso e à saúde, e você quer se projetar nele. O consumo distrai as pessoas", afirma.
O hábito vira doença quando se torna incontrolável e tem repercussões emocionais e financeiras negativas, incluindo dívidas e conflitos familiares. Embora se aproxime de quadros de dependência e de transtorno obsessivo-compulsivo, estudo recente da Faculdade de Medicina da USP o descreve como uma patologia específica, caracterizada pela dificuldade de controlar o impulso da compra.
"O comprador compulsivo busca satisfação imediata para sua necessidade de aquisição, que é excessiva. Não consegue planejar ou pensar nas consequências", explica a psicóloga Tatiana Filomensky, autora do estudo que envolveu 85 entrevistas.
Associado à busca de alívio para emoções negativas, o consumismo produz tolerância: é preciso comprar cada vez mais para obter cada vez menos efeito. "O compulsivo vive uma sensação devastadora de fracasso depois de comprar, exatamente como o dependente químico", afirma Filomensky.
Segundo ela, alguns fatores influenciam o desenvolvimento do quadro, como predisposição genética, ambiente, problemas emocionais e padrões ensinados pela família. "O consumo é tão comum e estimulado que demora até percebermos um padrão patológico nos hábitos de compra de alguém", diz.

Teté Martinho


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