Dona Raposa ia toda faceira em companhia
Do seu amigo Bode, aquele dos chifres compridos,
Aquele que não via nada além do próprio nariz.
Ela era mestra em contar mentiras.
A sede os obrigou a descer em um poço.
Lá, cada um satisfez sua vontade.
Depois de tudo o que beberam,
A raposa disse para o Bode:
"O que vamos fazer, compadre?"
"Beber não é tudo, precisamos sair daqui.
Fique sobre as patas e deixe seus chifres assim,
Contra o muro. Por suas costas,
Poderei sair primeiro,
Pois com a força de seu chifres,
E a ajuda das minhas pernas
Deste lugar eu sairei
E depois a você ajudarei."
- Pela minhas barbas - diz o outro - que bondade!
Eu felicito pessoas bondosas como você.
Eu nunca teria descoberto esse segredo, pode apostar.
A raposa saiu do poço deixando seu companheiro,
E ainda fez o maior discurso do mundo
Para exortar a paciência.
"Se o céu tivesse dado a você", começou dizendo,
"Mais bom senso do que barba no queixo,
Você não teria nunca na vida
Descido a esse poço. Portanto, adeus, estou fora:
Trate de sair daí por conta própria,
Porque eu, sem dúvida nenhuma,
Tenho mais o que fazer do que ficar aqui parada.".
Em cada situação é preciso considerar como ela vai acabar.
Do livro: As mais belas fábulas de La Fontaine - Editora Impala
(Um livro em formato grande com ilustrações belíssimas)
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