Todos sabemos o que é o amor, não sendo, no entanto, pelo menos para mim, possível defini-lo por palavras… Mas afinal o que será este sentimento (se o for) que nos torna parcialmente dependentes das pessoas que nos são mais próximas (e que amamos), ao ponto de, ao estarmos longe delas, nos tornemos altamente infelizes e angustiosos?
Robert Stenberg, psicólogo norte-americano, formulou uma teoria segundo a qual o amor englobaria três componentes distintas: a intimidade, a paixão e o compromisso. No que toca à intimidade, de carácter mais emocional, estamos perante uma relação de confiança mútua que inclui a protecção e a necessidade de estarmos perto do outro. É através da intimidade que duas pessoas compartilham as suas experiências pessoais e o que mais íntimo há de si. A paixão, que se baseia essencialmente na atracção sexual, envolve um sentimento irreprimível de estar com o outro. Por sua vez, o compromisso é a expectativa de que o relacionamento dure para sempre, numa intenção de comprometimento mútuo.
Na
Psicologia, o amor é definido como sendo, não simplesmente o gostar em
maior quantidade, mas sim um estado psicológico qualitativamente
diferente. Isto porque, "ao
contrário do gostar, o amor inclui elementos de paixão, proximidade,
fascinação, exclusividade, desejo sexual e uma preocupação intensa."
Psicologismos
à parte, o que será, entre nós, sabedores do senso-comum, o amor? Será
uma mistura entre loucura e paixão que faz focar o nosso pensamento
única e exclusivamente na pessoa que amamos? Ou será um sentimento de
desejo incontrolável que nos torna incessantemente ansiosos por estar
com o outro, numa troca recíproca de carinho, afecto, confidências, palavras
e olhares? De facto, o amor pode ser uma conjugação de todos estes
aspectos, em que nenhum é dispensável mas todos são imprescindíveis.
Numa
tentativa de simplificar a definição de Amor, os psicólogos sociais
recorreram à definição de seis diferentes formas de amar. São elas seis:
o amor romântico (envolve paixão, unidade e atracção sexual mais usual na adolescência), o amor possessivo (determinado pelo ciúme, provocando emoções extremas), o cooperativo (que nasce geralmente de uma amizade anterior, sendo alimentado por hábitos e interesses comuns), o amor pragmático (característico de pessoas ensinadas a reprimir os seus sentimentos o mais possível, sendo estas relações desprovidas de qualquer manifestação de carinho), o lúdico (que se baseia na conquista e na procura de emoções passageiras) e o amor altruísta (praticado por pessoas dispostas a anular-se perante o outro, tendendo a "isolar-se num mundo onde, na sua imaginação, só cabem os dois ainda que o outro pense e actue exactamente ao contrário").
Há
quem defenda que o amor é uma história construída ao longo da vida que,
com o tempo, transpõe a mera atracção física, passando para uma
preocupação com o
bem-estar do outro para o seu próprio bem-estar. Manifesta-se numa
influência mútua, no qual a (in) felicidade de um causa a (in)
felicidade do outro. A paixão e o desejo tendem a não ser tão intensos, fortalecendo-se antes a cumplicidade, a intimidade e o companheirismo.
Durante a minha pesquisa, e na tentativa de explicar o que é ou em que se baseia o amor, descobri um estudo que revelou que os sentimentos
amorosos podem levar à inibição da actividade de várias áreas do
cérebro ligadas à capacidade e ao pensamento crítico,
suprimindo a actividade neurológica relacionada com a avaliação social
crítica dos outros, e também as emoções negativas. Este facto acaba,
curiosamente, por fazer jus ao
ditado popular que afirma que "o amor é cego." De facto, este estado
leva a uma alteração da nossa capacidade cognitiva: tendemos a idealizar
o parceiro, exagerando nas suas qualidades e rejeitando todo o tipo de
indícios menos positivos que dele possam surgir. Ainda no mesmo estudo, outro aspecto que terá impressionado os investigadores foi o facto de, ao analisarem a actividade cerebral de 20 jovens mães ao verem as fotos dos seus filhos,
de crianças que conheciam e de amigos adultos, terem verificado que,
tal como nos padrões de actividade cerebral registados num estudo
relativo aos efeitos do amor romântico, ocorre uma redução dos níveis de actividade nos sistemas necessários para fazer julgamentos negativos.
Apesar
de todos estes dados, imprescindíveis para o conhecimento do amor,
qualquer definição que nos seja apresentada nunca nos satisfaz
completamente. Sentimos que existe sempre mais alguma coisa e é esse
mesmo mistério que torna a definição do amor subjectiva e, por isso,
controversa e não consensual. Até porque, se tal fosse possível, a magia
envolta em torno desse elemento fundamental da vida de um indivíduo
poderia desaparecer, perdendo assim parte de todo o seu significado…
"Alguns
dos obstáculos a amar: a nossa agenda pessoal ou motivações,
expectativas, necessidades e desejos. Temos que ter cuidado para que no
amor não estejamos a procurar a nossa pessoa, uma réplica, um clone;
ninguém pode ser exactamente como nós. O amor pode ajudar-nos a
descobrir as nossas diferenças de modo que possamos enriquecer-nos por
elas."
Martine Batchelor
Manual de Psicologia, 12º ano Fonte;psicob.blogpost.com.br
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