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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Meditação: Um Chamado a Viver Plenamente

Queremos apresentar de forma prática a experiência da meditação, desmistificando a idéia de que meditar possa ser algo difícil de ser atingido ou que seja somente para alguns seres mais evoluídos.

Como bebês nós já meditamos, no ato da descoberta e exploração sensorial do mundo, só que de forma inconsciente. As crianças quando brincam concentram-se profundamente no ato de brincar. O homem primitivo desenvolveu formas de sobreviver em ambientes hostis e de sentir-se conectado com uma dimensão que os transcendesse.

Meditar tem sido associado popularmente à oração, à prece, a alguma forma do ser humano de ir além dos próprios limites da sua consciência individual, e isto o ser humano já busca fazer desde os primórdios da nossa história humana.

No princípio esta busca de “religação” com o cosmos se dá a partir da interação com a natureza. O homem deve se submeter a Ela que representa A Grande Mãe. Compreendê-la e respeitá-la. Eliade nos fala do caráter sagrado e fascinante deste estado de ligação do homem com a natureza e com os deuses que se projetavam no universo simbólico deste homem ainda sem uma identidade consciente e individual.

Todas as antigas práticas ascéticas da Índia Antiga nascem em meio a este estado intuitivo de profunda imersão na Energia criadora da Vida. Estes homens ao invés de se contentarem com as práticas dos rituais e com a imitação da vida dos deuses na sua perspectiva da vida ordinária, como fizeram à maioria das sociedades primitivas, buscaram através da experiência direta, observar seu próprio psiquismo e acessaram assim o estado supremo de consciência do Criador. Estas práticas deram origem às tradições do Yoga e do Budismo posteriormente, as quais, nós vamos enfocar neste capítulo.
Cada cultura desenvolveu suas próprias formas de conexão com o Transcendente, desenvolvendo métodos diferentes de concentrar e colocar o ego individual no seu lugar em relação a uma consciência ordenadora da vida.

No Oriente desenvolveu-se uma visão mais introvertida, segundo Jung , isto é, voltada para os conteúdos internos o homem oriental conseguiu observar melhor seus estados de consciência e perceber o Transcendente dentro de si mesmo.

Ao contrário no Ocidente a consciência voltou-se mais para observar os objetos externos. A conseqüência foi à projeção do Transcendente fora de si mesmo, nos noutros seres e no universo. As ciências desenvolvidas, como uma busca deste homem de entender e dominar a natureza muitas vezes entrou em conflito com as crenças religiosas. O homem perdeu o contato com a natureza, com a sua natureza e com a sua transcendência, passando ainda segundo Jung a adoecer e desenvolver neuroses.

Atualmente, observamos um movimento de aproximação Ocidente e Oriente e uma busca de integração acontecendo pela crescente globalização da comunicação e dos conhecimentos. Temos assim a possibilidade de ampliar nossa experiência como seres humanos vivenciando práticas das culturas do Oriente, sem, entretanto negar o que temos de positivo. A meditação sobre este prisma assim como foi concebida pelas tradições do Yoga e do Budismo podem ser perfeitamente adequadas à nossa vida cotidiana, nos oferecendo mais recursos e uma visão mais ampla para enfrentarmos os desafios desta existência.

Para nós homens modernos, vivendo um momento histórico verdadeiramente crítico a nível planetário, meditar é caminho de nos lembrarmos quem verdadeiramente somos observar para compreender nossos problemas, perceber o Ego e o Eu profundo dentro de nós em sua totalidade, reconhecendo nossas contradições e a raiz de nossos conflitos agora, sem dar desculpas do que deveria ser, reconhecendo a realidade dentro nós, geramos condições auto reguladoras para as mudanças ocorrerem. Krisnamurti a respeito da meditação nos fala:

“A meditação requer a total compreensão do EU, e, por conseguinte, que estejamos livres da estrutura psicológica da sociedade. Isto é,quando já não somos ambiciosos, ávidos, invejosos e não mais estamos tentando alcançar, “vir-a-ser”, portanto, quando não há mais esforço. A mente está então perfeitamente tranqüila.”

Krisnamurti quer dizer que na verdade estamos sempre querendo conquistar algo baseado nos padrões que estabelecemos para nós. O que fala é que precisamos abandonar todo conceito, todo padrão e deixar a busca por experiências e estímulos externos. A respeito disto ele ainda nos diz:

“Quando compreendeis integralmente a natureza da experiência, deixais de buscar os estímulos externos proporcionadores de experiências. Depois de os rejeitardes, manifesta-se um estímulo interior, o qual cria sua peculiar experiência. Por essa razão é que, na chamada meditação, muitas pessoas têm visões – e como gostam de ter visões e de experimentar tantas infantilidades provenientes de seu próprio condicionamento! Após essa plena compreensão, a mente se acha tranqüila, imóvel. Nesse silêncio não há “experimentar” de coisa alguma, porque a mente está viva, lúcida, é a luz de si própria; totalmente desperta como fica, encontra-se além de toda experiência. Isso é meditação.”

Viver plenamente sem nos deixar levar pelos condicionamentos das experiências passadas: eis o nosso dilema. Como fazer? Como viver intensamente o momento presente, sem deixar que os pensamentos acerca do passado (que já foi e não volta mais) ou do futuro (que ainda não veio) nos atrapalhem na CONCENTRAÇÃO DO MOMENTO PRESENTE, deixando de fazer o que temos que fazer no “AQUI E AGORA”, ou seja, trabalhar quando temos que trabalhar, de estar com o ser amado quando estamos com o ser amado, de brincar quando só temos que brincar? Viver por viver? Viver para que?

Precisamos esvaziar a caixa mental dos conteúdos do passado e do futuro, dos grilhões dos desejos, dos fatores impeditivos da dualidade e do conceituar: Este é bom! Ou este é ruim! Bonito!Feio!…Pode ou não pode? Merece ou não merece! A Meditação é o Caminho. A única e verdadeira forma de esvaziar a mente da sujeira acumulada ao sabor dos anos e das vidas passadas, provocadora das doenças e do sofrimento que produzem a ansiedade (futuro) e frustração (passado) geradores dos complexos, alimentadoras do “stress”. É preciso Parar a Tempo de Sermos Felizes.

Não só sermos felizes quando nosso time de futebol ganha ou quando nosso filho faz aniversário, mas a todo tempo e a toda hora, sentindo a plenitude do momento presente, a pureza contida neste momento, com clareza de pensamento que gera a verdadeira ação e não a reação. Aquele sorriso que não só mostra os dentes, mas o sorriso da criança, sorriso de uma flor que desabrocha…

Simplesmente inspirar e expirar conscientemente, concentrando-se nas narinas por onde entra e sai o ar e saber: Pensamento é só pensamento! Sensação é só sensação! Sujeitos a Lei da Impermanência. Do jeito que eles chegam eles vão, não ficam, pois nada fica. Só fica o Amor!

Viver assim o momento presente – eu inspiro!… Eu expiro!… Nada mais puro há e haverá…

Seremos assim melhores homens, pais, cidadãos… Transformadores deste mundo!
 


 

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