Sr. Rickman, nosso professor de psicologia, não costuma passar o mesmo tipo de deveres dos outros professores, tais como ler mil páginas, responder às perguntas ao final do capítulo, solucionar os problemas de 47 a 856. Ele é bem mais criativo do que isso.
Sr. Rickman apresentou o dever de quinta-feira passada, dizendo que o comportamento é um meio de comunicação.
- Nossos atos falam mais alto do que as palavras. Esta não é uma frase vazia - ele nos disse. – O que as pessoas fazem nos diz algo sobre o que estão sentindo.
Ele fez uma pequena pausa para que absorvêssemos aquilo antes de passar o dever.
- Agora, vejam se conseguem mudar uma pessoa, massageando o ego dele ou dela o bastante para que você perceba uma mudança em seu comportamento. Relataremos os resultados na aula da semana que vem.
Quando cheguei em casa naquela tarde, minha mãe estava sentindo uma imensa pena dela mesma. Os cabelos caíam sobre o rosto, a voz mais parecia um lamento e ela ficava suspirando enquanto preparava o jantar. Nem ao menos me dirigiu a palavra quando cheguei. Como ela não falou, eu também não falei.
O jantar foi um tanto triste. Papai não estava com mais vontade de falar do que mamãe ou eu. Decidi colocar o meu dever de casa em ação.
- Mãe, sabe aquela peça que o clube de artes dramáticas da universidade está encenando? Por que você não vai com o papai hoje à noite? Ouvi dizer que é ótima.
- Esta noite não dá – disse meu pai. – Tenho uma reunião importante.
- Naturalmente –comentou mamãe. E eu compreendi o que a estava incomodando.
- Bem, então por que não vai comigo? – perguntei. Imediatamente, desejei não ter feito aquele convite. Imagine só um rapaz do segundo grau ser visto saindo à noite com a mãe!
De qualquer maneira, o convite ficou ali, pairando no ar, e mamãe perguntou, toda animada:
- Jura, Kirk?
Engoli em seco algumas vezes.
- Claro. Por que não?
- Mas rapazes não costumam sair com as mães. – Seu tom de voz foi ficando cada vez mais agradável e ela prendeu as mechas de cabelo soltos em cima da cabeça.
- Não existe nenhuma lei dizendo que a gente não pode sair com a mãe – brinquei. – Vá se arrumar. Nós vamos sair.
Mamãe carregou alguns pratos até a pia. Agora, seus passos estavam leves em vez de arrastados.
- Deixe que Kirk e eu lavamos a louça – ofereceu papai, e mamãe chegou a sorrir para ele.
- Você foi muito gentil em fazer isso – disse papai, quando mamãe deixou a cozinha. – Você é um filho muito atencioso.
"Graças á aula de psicologia", pensei, um tanto deprimido.
Mamãe voltou à cozinha parecendo cinco anos mais nova do que há uma hora.
- Você tem certeza de que não vai sair com ninguém esta noite? – insistiu ela, como se não pudesse acreditar no que estava acontecendo.
- Agora eu vou – respondi. – Vamos nessa!
A noite acabou não sendo tão desagradável assim. A maioria dos meus amigos certamente fez algo de mais empolgante naquela noite do que assistir a uma peça de teatro. Os que foram ver a mesma peça não ficaram nem um pouco surpresos de me ver com minha mãe. Ao final da noite, ela estava genuinamente feliz, e eu próprio, bastante satisfeito. Não só me dei super bem no dever de casa como também aprendi um bocado sobre como fazer alguém feliz.
Kirk Hill
Histórias para Aquecer o Coração dos Adolescentes
Jack Canfield & Mark Victor Hansen & Kimberly Kirberger - Editora Sextante
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