Em 1978, meu carro precisava de alguns
reparos que eu mesmo não podia fazer. A oficina mecânica aonde eu
costumava levar meu carro havia fechado; portanto me vi frente à
desanimadora tarefa de procurar um mecânico bom e honesto. Eu estava
preocupado por causa da – talvez injusta – reputação dos mecânicos de
exploradores. Felizmente, meu amigo Dave me deu uma indicação: Auto
Mecânica D.
Fiquei agradavelmente surpreso ao
descobrir que o proprietário da D era um mecânico que tinha trabalhado
em meu carro várias vezes no passado. Naquela época, ele trabalhava em
um posto de gasolina perto da minha casa. Na realidade, eu nunca havia
falado muito com ele antes, mas sabia que seu trabalho era bom.
Preenchi os papéis para o conserto e
esperei enquanto D falava ao telefone com outro cliente. Enquanto estava
ali sentado, dei uma olhada no pequeno escritório para me manter
ocupado. Um artigo de jornal emoldurado chamou a minha atenção. A
manchete dizia: “Criador de gado leiteiro na vizinhança mata todo o
rebanho”. O artigo era sobre o feito de um fazendeiro, que pertencia à
quinta geração de uma tradicional família criadora de gado leiteiro,
durante o pânico que a ameaça de contaminação do leite gerou em Michigan
muitos anos antes. Aparentemente, o gado leiteiro estava sendo
contaminado por uma doença que afetava o suprimento de leite. A situação
havia ficado séria o suficiente para que o Estado decidisse investigar
se as vacas de Michigan estavam infectadas. Os lobistas que
representavam os produtores de leite protestaram e o Estado teve que
voltar atrás em sua decisão. Parecia que ia levar meses de manobras
políticas antes que o dilema pudesse ser resolvido. Neste ínterim, os
fazendeiros podiam continuar a vender leite e também o gado para o
corte.
Aquele fazendeiro em especial decidiu que essa estratégia não ia funcionar com ele e
escolheu outro caminho. Pagou para que todas as suas vacas fossem
examinadas. De todo o rebanho, apenas algumas foram consideradas
infectadas. Como ninguém podia garantir que as outras vacas estivessem
livres da doença, ele ordenou que todo o rebanho fosse morto e enterrado
num lugar que não pudesse prejudicar o meio ambiente ou o reservatório de água. O seguro
do fazendeiro não cobriu a perda, pois o Estado não havia feito um
pedido para que ele se desfizesse do rebanho. Quando lhe perguntaram por
que havia feito isso, o fazendeiro respondeu:
– Porque era a coisa certa a fazer.
Perguntei a D por que ele exibia esse
artigo na parede. Pensei que tivesse alguma ligação com o fazendeiro ou
que o conhecesse. Ele disse que nunca o havia conhecido, mas que o
fazendeiro era uma inspiração para ele e havia estabelecido um novo
padrão de integridade, confiança e honestidade. Disse que era assim que
ele agia no seu negócio e que gostaria que as pessoas dissessem sobre
ele o mesmo que ele disse sobre o fazendeiro.
Fiquei duplamente impressionado com
ambos, com o fazendeiro e com D. No ano seguinte, a meu conselho, meu
filho começou um aprendizado de nove meses na oficina de D. Eu queria
que meu filho estudasse com ele não apenas porque era um bom mecânico,
mas principalmente porque era um homem honesto e íntegro. Que o mesmo
possa ser dito sobre mim um dia.
Dennis J. McCauley
Do livro: Espírito de Cooperação no Trabalho
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