"Para ser bom mestre não é preciso fazer
seguidores ou discípulos, nem mesmo possuir cortejos ou comitivas, mas
simplesmente fazer com que cada ser descubra em si mesmo o seu próprio
guia.
Não devemos ditar nossas regras aos
indivíduos, mas fazer com que eles tomem consciência de seus valores
internos (senso, emoções e sentimentos) e passem a usá-los sempre que
necessário. Essa a função dos que querem ajudar o progresso espiritual
dos outros.
Os indivíduos portadores de uma
personalidade orgulhosa se apoiam em um princípio de total submissão às
regras e costumes sociais, bem como o defendem energicamente.
Utilizam-se de um impetuoso interesse por tudo aquilo que se
convencionou chamar de certo ou errado, porque isso lhes proporciona uma
fictícia “cartilha do bem”, em que, ao manuseá-la, possam encontrar os
instrumentos para manipular e dominar e, assim, se sintam ocupando uma
posição de inquestionável autoridade.
Quase sempre se autodenominam “bem
intencionados” e sustentam uma aura de pessoas delicadas, evoluídas e
desprendidas, distraindo os indivíduos para que não percebam as
expressões sintomáticas que denunciariam suas posturas de severos
críticos, policiais e disciplinadores de consciências.
A compulsão de querer controlar a vida alheia é fruto do nosso orgulho.
O ser amadurecido tem a habilidade
perceptiva de diagnosticar os processos pelos quais a evolução age em
nós; portanto, não controla, mas sim coopera com o amor e com a
liberdade das leis naturais. Muitos de nós convivemos com criaturas que
tentam cuidar do nosso desenvolvimento espiritual, impondo controle
excessivo e disciplina perfeccionista, não respeitando, porém, os
limites de nossa compreensão e percepção da vida.
São “censuradores morais”, incapazes de
compreender as dificuldades alheias, pois não entendem que cada alma
apenas pode amadurecer de acordo com seu potencial interno.Não
julguemos, com nossos conceitos apressados, as pessoas e os
acontecimentos à nossa volta; antes, aguardemos com calma e façamos uma
análise mais profunda de cada situação. Assim agindo, poderemos avaliar
melhor todo o contexto vivencial.
Nosso orgulho quer transformar-nos em
super-homens, fazendo-nos sentir heroicamente estressados, induzindo-nos
a ser cuidadores e juízes dos métodos de evolução da vida excelsa e,
com arrogância, nomear os outros como desprezíveis, ociosos,
improdutivos e inúteis. Poderemos “agir no processo” de formação e
progresso das criaturas, nunca “forçar o processo” ou criticar seu
andamento.
Comportamentos como a crítica moralista,
o desejo de reformar os outros e o controle do que se deve ou não
fazer, revelam os traços de caráter dos indivíduos orgulhosos e ainda
distanciados da autêntica cooperação no processo de evolução, que não os
deixam perceber o que ocorre na intimidade das criaturas.
Nada é inútil no Universo. A divindade age sem cessar em solicitude e consideração a cada uma de suas criaturas e criações.
O progresso da humanidade é inevitável.
Todos estamos progredindo e crescendo, ainda que, algumas vezes, não nos
apercebamos disso."
Hammed
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