Mesmo sem jeans rasgados, sua figura aos dez
anos de idade era desleixada. Nenhum dos seus colegas da quinta série
conhecia alguém mais mal vestido e sem educação do que Marco. Era seu
quinto dia de escola numa tradicional cidade de famílias ricas da Nova
Inglaterra. Os pais de Marco eram imigrantes que trabalhavam na colheita
de frutas e os colegas o olhavam com desconfiança. Apesar de
cochicharem e rirem de suas roupas, ele parecia não notar.
Então veio a hora do recreio e do beisebol. Marco fez
o primeiro ponto, o que lhe valeu um pouco de respeito por parte dos
críticos dos seus trajes. O próximo a rebater era Richard, o menos
atlético e mais obeso da turma. Depois da segunda tentativa frustrada de
Richard (recebida com reclamações da torcida), Marco cochichou em seu
ouvido:
– Esquece eles, garoto. Vai lá e bate.
Richard bateu e acertou. Nesse preciso momento,
alguma coisa mudou na atitude da classe. Nos meses seguintes, Marco
ensinou muitas coisas aos colegas. Coisas como saber se uma fruta estava
madura, como chamar o peru selvagem e, principalmente, como tratar as
pessoas.
Quando os pais de Marco terminaram seu trabalho
naquela região, a classe já estava em clima de Natal. Enquanto os outros
alunos traziam echarpes finas, perfumes e sabonetes, Marco chegou à
mesa da professora com um presente especial. Era uma pedra, que ele
entregou, dizendo:
– Dei um polimento especial.
Anos mais tarde, a professora ainda conservava a
pedra de Marco em sua mesa. No começo de cada ano letivo, ela contava à
nova classe a história do garoto que ensinou a ela e aos colegas a não
julgar o conteúdo pela aparência. Pois o que está por dentro é o que
conta.
Você não está só – Histórias de amor e coragem
Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Barry Spilchuck
Ediouro
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