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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Quando Lia tinha somente cinco anos, a professora do jardim de infância pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam. Lia desenhou a sua família. Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras. Desejando escrever uma palavra acima do círculo, ela saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora e disse:
- Professora, como a gente escreve...? Ela não a deixou concluir a pergunta. Mandou-o voltar para o seu lugar e disse: não se atreva mais a interromper a aula.
Lia dobrou o papel e o guardou no bolso. Quando retornou para sua casa, naquele dia, ela se lembrou do desenho e o tirou do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até sua mochila, pegou um lápis e olhou para o grande círculo vermelho.
Sua mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa. Ela queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela e disse.
- Mamãe, como a gente escreve...?
- Menina, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela. Ela dobrou o desenho e o guardou no bolso.
Naquela noite, ela tirou outra vez o desenho do bolso. Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou o lápis. Ela queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para seu pai. Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai e disse .
- Papai, como a gente escreve...?
- Lia, estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta. O garota dobrou o desenho e o guardou no bolso. No dia seguinte, quando sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da bermuda da filha um papel enrolado com uma pedrinha com formato de coração. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos passaram...
Quando Lia tinha 28 anos, sua filha de cinco anos, Ana fez um desenho. Era o desenho de sua família.A mãe riu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e ela disse.
- Está aqui é você, mamãe! A garota também riu. A mãe olhou para o grande círculo vermelho feito por sua filha, ao redor das figuras e lentamente começou a passar o dedo sobre o círculo.
Ana desceu rapidamente do colo da mãe e avisou: eu volto logo! E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-se outra vez nos joelhos da mãe, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou.
- Mamãe, como a gente escreve amor? Ela abraçou a filha, tomou a sua mãozinha e a foi conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia: amor, querida, amor se escreve com as letras T...E...M...P...O (TEMPO).
Conjugue o verbo amar todo o tempo. Use o seu tempo para amar. Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive.
Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre: se você não tiver tempo para amar, crie.
Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo...bom, o tempo é uma questão de escolha.

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