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A luxúria é um dos pecados mais sérios. Através dela nos perdemos na
escravidão do desejo pelo corpo. A castidade (que não deve ser
confundida com virgindade) é o correto uso do desejo pelo corpo. A
imagem mais comum da perda da castidade é a pessoa que faz sexo sem
amor, a mulher fácil, o homem promíscuo. No mundo contemporâneo, a
luxuria se confunde com a liberdade sexual, mas passada a euforia, nos
perguntamos: o excesso no sexo é sempre infeliz? Autores como Marques de
Sade (para o qual a luxuria é libertação) e Pauline Réaje (autora do
clássico de luxuria "História de O", para quem a luxuria feminina é um
ato de amor louco) a luxúria é uma experiência que quem não praticou
ainda não viveu e a castidade um engano psicológico e afetivo, uma
"perda de tempo". Por outro lado, para o cineasta Kieslowski, autor da
série "Decálogo", a luxúria é um marco da infelicidade contemporânea por
que faz dos homens seres cegos pro amor, confundindo-o com esperma na
boca de uma mulher solitária. Por sua vez, a mulher solitária abre sua
boca sem pensar que algum homem pode de fato amá-la.Por fim, o filme
"Shame" de Steven Macqueen, se pergunta se a luxúria não seria uma
patologia psicológica que se alimenta da impossibilidade do vínculo
afetivo. Em síntese, pode haver amor verdadeiro num sexo oral feito no
banheiro de um restaurante?
Módulo -- Os 7 prazeres capitais -- pecados e virtudes hoje
O
afã de normar classificou como 7 os pecados que levam o homem à
perdição. São capitais, pois pertencem à categoria de erros que geram
novos erros. Eles apresentam, de muitas formas, caminhos para
compreender as pessoas e seus comportamentos mais usuais. O ciclo
discute ações humanas sob o prisma de especialistas em diversas áreas.
Pecar seria um desvio da nossa natureza ou a virtude em si é que nos
afastaria do que somos de fato? A virtude seria a exceção e uma
construção de moralistas e o pecado seria nosso "natural"? O prazer de
pecar e o afã de normar orientam este ciclo.
Luiz Felipe Pondé é
filósofo, doutor em Filosofia Moderna pela USP/Universidade de Paris e
pós-doutor pela Universidade de Tel Aviv, Israel. Professor da PUC-SP e
da FAAP, é colunista da Folha de S.Paulo e autor dos livros Do
pensamento no deserto, Conhecimento na desgraça, O homem insuficiente
(todos pela Edusp), Crítica e profecia (pela Editora 34) e do
best-seller Contra um mundo melhor, publicado pela Leya em 2010.
Assista aqui: Palestra - A castidade impossível, a luxúria maldita
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