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- Acorde! - disse uma vozinha fina. Tommy acordou e sentou-se. Ao pé da cama viu um menino da sua idade, todo de branco, como neve fresca. Tinha os olhos muito brilhantes e olhava direto para Tommy. - Quem é você? - perguntou Tommy. - Eu sou o Ano Novo! - disse o menino. - Hoje é o meu dia, e trouxe para você páginas novas. - Que páginas? - perguntou Tommy. - Páginas bem novinhas, pode ter certeza! - disse o Ano Novo. - Tenho ouvido más notícias de você pelo meu pai… - Quem é o seu pai? - perguntou Tommy. - O Ano Velho, é claro! - disse o menino. - Ele falou que você fazia perguntas demais, e estou vendo que ele tinha razão. Ele também me disse que você guarda rancor, que às vezes belisca sua irmã mais nova e que, um dia, você jogou seu livro da escola no fogo. Agora, tudo isso tem que acabar! - Ah, é mesmo? - disse Tommy. Ele ficou tão espantado que nem sabia o que dizer. O menino fez que sim com a cabeça. - Se não parar - disse ele - , você só vai piorar a cada ano, até virar o Homem Horrível. Você quer ser o Homem Horrível? - N-não! - disse Tommy. - Então você tem que parar de ser um menino horrível! - disse o Ano Novo. - Pegue as suas páginas! E estendeu um maço do que parecia serem folhas de caderno, todas completamente brancas, como suas roupas. - Todo dia, vire uma dessas páginas - disse - e logo você será um menino bom em vez de horrível. Tommy pegou as folhas de papel e ficou olhando. Em cada uma, estavam escritas algumas palavras: "Ajude sua mãe e seu pai!" "Cate seus brinquedos!" "Pare de sujar o chão de lama!" "Seja bom para sua irmãzinha!" "Não brigue com o Billy Jenkins!" - Ah, não! - gritou Tommy. - Eu tenho que brigar com Billy Jenkins! Ele falou que… - Adeus! - disse o Ano Novo. - Vou voltar quando estiver velho, para ver se você foi um bom menino ou um menino horrível. Lembre-se: Se bom ou horrível vai ser, Só você pode resolver. Ele virou-se e abriu a janela. Um vento frio soprou, varrendo as folhas das mãos de Tommy. - Pare! Pare! - gritou ele. - Diga-me… Mas o Ano Novo tinha ido embora, e Tommy viu sua mãe entrando no quarto. - Meu filho! - disse ela. - O vento está desarrumando tudo! - Minhas páginas! Minhas folhas! - gritou Tommy. Pulando da cama, procurou pelo quarto todo, mas não achou nenhuma. - Não tem importância - disse Tommy. - Consigo ir virando-as do mesmo jeito, e juro que vou. Não vou virar o Homem Horrível. E não virou mesmo.
Do livro: O Livro das Virtudes II - O compasso moral William J. Bennett - Ed. Nova Fronteira
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