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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Parai de vos coçar





Adoro certas reportagens que passam na televisão. Sobretudo
aquelas que nos familiarizam com os povos longínquos e com as
suas tradições.

Recordo-me ter visto um dia uma destas emissões inteiramente
dedicada aos monges budistas e à prática da meditação.
Víamo-los sentados durante horas - muitas vezes em posições
bastante desconfortáveis - fechando os olhos perdidos nos
seus pensamentos, em plena comunhão com não sei o quê...

O jornalista, tão incrédulo como o espectador que eu era,
pergunta a um dos monges saído do seu êxtase o segredo de uma
tal concentração. E o monge respondeu com um sorriso comovente:
"Abstenho-me de me coçar".

A reportagem não dizia mais nada sobre esta interessante
técnica de meditação. Mas o monge tinha-me indicado o caminho
e eu quis ir mais longe. Comprei uma quantidade de livros sobre
o assunto, o que me permitiu criar uma prática muito pessoal
baseada sobre o controlo de alguns dos nossos gestos.

Comece por reparar nos movimentos do seu corpo quando não
se sente à-vontade. Eu, nessas alturas, coço a orelha,
esfrego a sobrancelha esquerda ou ajusto o colarinho quando
nem sequer me causa comichão.

O preceito consiste em não tentar mudar seja o que for,
não criticar o que quer que faça, mas limitar-se a observar
estes gestos.

O simples facto de tomar nota da maneira como tentamos
evitar a ausência de base, de solidez, de confiança é um
meio eficaz para entrar em contacto com o que nos falta.

Quando notar estas pequenas manias, tente abster-se de
as fazer, ou seja, não passe ao acto de uma maneira impulsiva.
Porquê? Porque estes tiques nervosos distraem-no daquilo que
é importante, desviam-no do problema.

Ao abster-se de agir, poderá ver que existe algo entre
o aparecimento do desejo - da agressão, da solidão ou seja
o que for - e qualquer acção que você faça como resultado
deste sentimento.

Eis como concebo a "abstinência" no quotidiano. Este é o
meu método, mas pode inspirar-se nele para criar a sua própria
técnica de meditação.

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Há em nós algo do qual não queremos fazer a experiência e do
qual nunca fazemos a experiência porque temos pressa em agir.

Na nossa vida normal, por detrás de todas as tagarelices,
por detrás de todos os movimentos não desejados, por detrás de
todas as pulsões, há uma ausência fundamental de terreno sólido.

Ela está ali, a fervilhar constantemente. Fazemos essa
experiência sob a forma de agitação e de imitação. Fazemos
essa experiência sob a forma de medo. Ela provoca a paixão,
a agressão, a ignorância, a inveja e o orgulho...

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"Aquele que se entrega a meditações claras encontra rapidamente
a alegria em tudo o que é bom"
Buda
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