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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Grãos de sabedoria




A grande maravilha do amor é o seu profundo e divino contágio. Por esse motivo, o Espírito encarnado, para regenerar os seus irmãos da sombra, necessita iluminar-se primeiro.

Emmanuel






Joaquim Barbosa - Merece o respeito do povo brasileiro



Joaquim Barbosa nasceu em Paracatu, noroeste de Minas Gerais.

É o primogênito de oito filhos. Pai pedreiro e mãe dona de casa, passou a ser arrimo de família quando estes se separaram.

Aos 16 anos foi sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público.

Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.

Foi Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (1976-1979), tendo servido na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia e, após, foi advogado do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) (1979-84).

Prestou concurso público para procurador da República, e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu mestrado e doutorado ambos em Direito Público, pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e 1993. Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Foi visiting scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000) e na Universidade da Califórnia Los Angeles School of Law (2002 a 2003). Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade.

Fonte: Wikipédia





Desiderata - voz de Cid Moreira



Essa mensagem é linda..e com a voz do Cid Moreira ficou simplesmente maravilhosa...!!!



Byafra Canta Sonho de Ícaro no Fantástico





Elton John- Candle In The Wind. with lyrics



Candle In The Wind Elton John

Goodbye Norma Jean
Though I never knew you at all
You had the grace to hold yourself
While those around you crawled
They crawled out of the woodwork
And they whispered into your brain
They set you on the treadmill
And they made you change your name

And it seems to me you lived your life
Like a candle in the wind
Never knowing who to cling to
When the rain set in
And I would have liked to have known you
But I was just a kid
Your candle burned out long before
Your legend ever did

Loneliness was tough
The toughest role you ever played
Hollywood created a superstar
And pain was the price you paid
Even when you died
Oh the press still hounded you
All the papers had to say
Was that Marilyn was found in the nude

Goodbye Norma Jean
From the young man in the 22nd row
Who sees you as something as more than sexual
More than just our Marilyn Monroe
Vela ao vento Elton John Revisar tradução
Adeus, Norma Jean,
Embora eu nunca a tenha conhecido
Você possuía o encanto de se manter de pé
Enquanto todos à sua volta rastejavam.
Como cupins saídos das madeiras,
E sussuravam para a sua mente,
E a colocaram numa esteira, dando voltas
E a fizeram mudar de nome.

E me parece que você viveu sua vida
Como uma vela ao vento,
Sem saber onde se agarrar
Quando a chuva chegava.
E eu adoraria tê-la conhecido
Mas eu era só um garoto,
Sua vela queimou muito antes
Da sua lenda se apagar.

A solidão era difícil,
Foi o papel mais difícil que você encenou.
Hollywood criou uma superstar
E a dor foi o preço que você pagou.
Até mesmo quando morreu
A imprensa ainda lhe explorou -
Tudo que os jornais tinham a dizer
Foi que Marilyn foi encontrada morta nua.

Adeus, Norma Jean,
Do jovem que aos 22 anos
Lhe enxerga como algo muito mais que sexual,
Muito mais do que apenas nossa Marilyn Monroe.




Genesis - Follow you, follow me (1978)



Legendary single from the album "...And Then There Were Three..." (1978)

Follow You, Follow Me

Genesis


Follow You, Follow Me

Stay with me,
My love I hope you'll always be
Right here by my side if ever I need you
Oh my love

In your arms,
I feel so safe and so secure
Everyday is such a perfect day to spend
Alone with you

I will follow you will you follow me
All the days and nights that we know will be
I will stay with you will you stay with me
Just one single tear in each passing year

With the dark,
Oh I see so very clearly now
All my fears are drifting by me so slowly now

Fading away

I can say
The night is long but you are here
Close at hand, oh I'm better for the smile you give
And while I live

I will follow you will you follow me
All the days and nights that we know will be
I will stay with you will you stay with me
Just one single tear in each passing year there will be

I will follow you will you follow me
All the days and nights that we know will be
I will stay with you will you stay with me
Just one single tear in each passing year...

Seguirei Você, Você Me Seguirá?

Fique comigo,
Meu amor eu espero que você sempre seja
Aqui mesmo, do meu lado sempre que eu precisar de você
Oh meu amor

Em seus braços,
Oh eu me sinto tão salvo e tão seguro
Todo o dia é um dia perfeito para se passar
Sozinho com você

Eu seguirei você, você me seguirá?
Todos os dias e noites que nós sabemos que teremos
Eu ficarei com você, você ficará comigo?
Apenas uma única lágrima por cada ano passado

Com a escuridão,
Oh eu vejo você claramente agora
Todos meus medos estão fugindo lentamente por mim
Diminuindo

Eu posso dizer
A noite é longa mas você está aqui
Ao alcance das mãos, oh eu estou melhor devido ao sorriso que você deu
E enquanto eu viver

Eu seguirei você, você me seguirá?
Todos os dias e noites que nós sabemos que teremos
Eu ficarei com você, você ficará comigo?
Apenas uma única lágrima por cada ano passado

Eu seguirei você, você me seguirá?
Todos os dias e noites que nós sabemos que teremos
Eu ficarei com você, você ficará comigo?
Apenas uma única lágrima por cada ano passado





Tim Maia Leva






Reflexão Cid Moreira



O amor de Deus é incondicional, mesmo quando pensamos que Deus está longe ele se mostra que está mais perto do que possamos imaginar.
Reflita com esse vídeo a respeito de sua vida, e a respeito de Deus.




Coldplay - Paradise



Paradise Coldplay
When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
So she ran away in her sleep

And dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Every time she closed her eyes

Ooohh

When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
And bullets catch in her teeth

Life goes on
It gets so heavy
The wheel breaks the butterfly
Every tear, a waterfall
In the night
The stormy night
She closed her eyes
In the night
The stormy night
Away she flied

And dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

She dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

La-la-la-la-la

Still lying underneath the stormy skies
She said oh-oh-oh-oh-oh-oh
I know the sun's set to rise

This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Ooohh

This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Ooohh, oohh...
Paraíso Coldplay Revisar tradução
Quando ela era apenas uma garota
Ela tinha expectativas com o mundo
Mas isso voou além de seu alcance
Então ela fugiu em seu sono

E sonhou com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Toda vez que ela fechava os olhos

Ooohh

Quando ela era apenas uma garota
Ela tinha expectativas com o mundo
Mas isso voou além de seu alcance
E balas foram pegas com seus dentes

A vida continua
Fica tão pesada
A roda corrompe a borboleta
Cada lágrima, uma cachoeira
Na noite
Na noite de tempestade
Ela fechou os olhos
Na noite
Na noite de tempestade
Ela voou para longe

E sonhou com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Ela sonhou com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

La-la-la-la-la

Ainda deitada debaixo do céu tempestuoso
Ela disse oh-oh-oh-oh-oh-oh
Eu sei que o sol está pronto para nascer

Isso poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Isso poderia ser o para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Isso poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Isso poderia ser o para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Ooohh

Isso poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Isso poderia ser o para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Ooohh, oohh ...

http://www.vagalume.com.br/coldplay/paradise-traducao.html#ixzz25AAjQSre




Por uma psique menos egoica _ Celso M. da Cruz Lima







Por uma psique menos egoica ou:
Depois de abraçar Jung, falei com Lacan, que me disse:
- Quando se está apaixonado, se é louco…
Eles te virão oferecer o ouro da Terra
E tu dirás que não.
A beleza…
E tu dirás que não.
O amor
E tu dirás que não, para sempre.
Eles te oferecerão o ouro d’além da Terra
E tu dirás sempre o mesmo.
Porque tens o segredo de tudo
E sabes que o único bem é o teu.
Cecília Meireles
Cântico XIV

Conversando à beira do mar com uma amiga psicanalista, obtive dela a seguinte avaliação:
- Os junguianos são pretensiosos.

Feita assim, de repente, a afirmação pareceu-me, além de radical, incompreensível. Iniciando minha formação em psicologia analítica, não tinha eu, então, argumentos consistentes para me confrontar de imediato com tal crítica. Preferi ficar em silêncio, enquanto mar e areia se encontravam em um novo abraço. Depois, continuamos a falar de psicanálise. Afinal, eu acabara de encerrar minha convivência de cinco anos com uma instituição lacaniana para mergulhar no universo junguiano. A decisão, um tanto difícil, era, porém, uma questão de conforto e coerência com minha análise junguiana.

- Freud, Lacan, Jung… Não há entre estes autores quem seja melhor que o outro – dissera minha orientadora na instituição lacaniana. – Também os escolhemos por uma questão de subjetividade e estilo pessoal no trabalho.

Diferentemente do julgamento crítico de minha amiga, também lacaniana, preferi o estilo ponderado de minha orientadora. Se fosse responder hoje àquela pergunta feita à beira do mar, indagaria: “Pretensiosos…? Mas logo os junguianos, que parecem tanto se preocupar com as inflações do ego?”. Contudo, imediatamente me lembraria da entrevista dada por Jung antes de morrer em 1961. John Freeman, da BBC, querendo saber sobre a crença em Deus no passado e no presente do entrevistado, pergunta-lhe:

E você acreditava em Deus?
Oh, sim.
E acredita agora em Deus?
Agora? [Pausa] Difícil de responder. Eu sei. Eu não preciso acreditar. Eu sei. (McGUIRE, 1993, 428, tradução do autor).

Num primeiro momento, pode-se ter a impressão de arrogância e pretensão frente a esta última resposta. Estaria Jung dizendo que não havia necessidade de intermediários entre ele e a experiência de Deus como, por exemplo, a ciência ou mesmo uma religião? Com certeza, a sabedoria não é patrimônio exclusivo dos junguianos e minha orientadora lacaniana mostrou que também existem sábios do lado de lá. Pelo bem e pelo mal, por causa de uma vírgula, o ser humano pode fazer a guerra. Um pouco para lá, um tanto para cá e a bomba explode, o Mar Vermelho não se abre, a mão esquerda faz o que a direita ignora. Na verdade, não precisamos ser junguianos nem lacanianos para corrermos o risco da inflação e da pretensão. Basta sermos apaixonados ou, para usar um termo que Jung usava, basta termos “pressupostos básicos”. No entanto, o que é ser ou estar apaixonado, o que são pressupostos básicos e o que uma coisa tem a ver com a outra?

(Clarke (1993, 133-135)) ajuda-nos a esclarecer a questão dos pressupostos e cita Jung entre aspas:

A superação da visão medieval pela moderna, para Jung, resultou não da força esmagadora de argumentos em seu favor, mas do que equivale a uma mudança de moda. No início do período moderno, ponderou, aproximadamente na época da Reforma e da Revolução Científica nos séculos XVI e XVII, ocorreu uma “catástrofe espiritual”, “uma mudança sem igual na maneira de o homem encarar o mundo” na qual uma “metafísica da mente foi suplantada por uma metafísica da matéria”… Para Jung, a visão pré-científica do mundo, que atribuía um lugar importante e talvez primordial à mente e ao espírito não era menos racional que a nossa. Nenhuma das duas pode ser validada sobre fundamentos lógicos ou empíricos. Ambas repousam no que R.G. Collingwood chamou de “pressupostos absolutos”, que são aceitos ou rejeitados, mas não podem ser provados. A suposição básica de Jung era a de uma “psique autônoma” e a realidade da psique era sua “hipótese de trabalho”. Esse procedimento, alegou, não é mais fantástico do que postular matéria e, na verdade, qualquer uma envolve suposições metafísicas não comprovadas, porque, quanto à realidade da matéria final, nada podemos saber.

A respeito disso, Jung afirmava: “O contraste entre Freud e eu retroage a divergências essenciais em nossos pressupostos básicos” (CLARKE, 1993, 21). E escreveu em uma carta a Freud: ”Minha criação, minha ambiência e minhas premissas científicas são inteiramente distintas das suas” (McGUIRE, 1993, 14). No caso de Deus, porém, desde que Jung teve o pensamento compulsivo de que Deus, sentado no céu em um trono de ouro, evacuava sobre o teto de sua própria igreja (JUNG, 1963, 45-48), pode-se pensar que não se trata de meros pressupostos, mas da vivência singular de uma contínua experiência interior com o sagrado. Assim, ele pareceu explicar melhor em outra ocasião:

Tudo que aprendi levou-me passo a passo a uma inabalável convicção sobre a existência de Deus. Eu só acredito naquilo que sei. E isso elimina a crença. Portanto não baseio a Sua existência na crença, eu sei que Ele existe. (McGUIRE, 1993, 251).

Sabidamente Jung dava importância fundamental ao sentimento religioso, concebendo mesmo no homem um instinto de religiosidade e concedendo ao inconsciente um lugar sagrado, ou o lugar do sagrado em torno do qual se constituem as religiões.

… devo esclarecer que na medida do possível não prego minha crença. Quando me perguntam a respeito, defendo minhas convicções, que não vão além daquilo que considero meu saber. Estou convencido daquilo que sei. Tudo o mais é hipótese. Quanto ao resto há um sem número de coisas que deixo entregue ao desconhecido… Em minha opinião e sob o ponto de vista da verdade psicológica, qualquer teoria científica, por mais sutil que seja, tem em si mesma menos valor do que o dogma religioso, e isto pelo simples motivo de que uma teoria é forçosa e exclusivamente racional, ao passo que o dogma exprime, por meio de sua imagem, uma totalidade irracional como a experiência psíquica. (JUNG, 1999, § 79).

Talvez caiba mais pensar que, antes de tudo, como adepto da chamada psicologia profunda, empirista assumido e fenomenologista, Jung defendia a inclusão fundamental e inalienável do inconsciente, das emoções e da irracionalidade na experiência humana, fosse esta científica, religiosa ou não. Pelos pressupostos, sejamos cientistas, artistas, políticos, religiosos, filósofos ou psicólogos, podemos sempre pecar na fartura e na miséria, na falta e no excesso, na onipotência e na castração, no amor e no ódio. De fato, parece que se não for assim, nada somos e nada fazemos. Não há sombra sem luz. Não há luz sem sombra. No entanto, se estruturamos nossa consciência na elaboração de nossos complexos inconscientes, não temos necessariamente que viver mergulhados na lama da ignorância. Agora, a forma escolhida por Jung para superar a ignorância não foi a de uma consciência que tenta excluir o inconsciente, mas que, pelo contrário, prefere incluí-lo: “E assim, vocês têm de aprender a se tornarem inconscientes de modo decente” (JAFFÉ, 1995, 149). Foi o que, um dia, disse a seus alunos.

Sempre me impressionaram os filmes que tentam mostrar o funcionamento de nossos processos neurofisiológicos, como o código genético. Neles vemos as imagens das bases formadoras de aminoácidos movendo-se e encontrando-se autonomamente, encaixando-se peça a peça, como que dirigidas por uma consciência invisível. Rastros da vida que podemos captar e testemunhar, mas o que dizer deles além de nossas teorias e tecnologia? Jung afirmou que há aspectos inconscientes de nossa percepção da realidade e, portanto, não podemos conhecer a natureza extrema da psique “pois a psique não pode conhecer sua própria substância”(JUNG, 1972, 23). Segundo ele, tampouco conhecemos a natureza extrema da matéria. “O alquimista experimentava sua projeção como propriedade da matéria, mas sua experiência, na realidade, era do seu próprio inconsciente”. (IDEM, 1994, § 345).

Quando lidamos com a psique, também projetamos o mesmo inconsciente sobre ela, mas Freud e Jung tiveram pontos de vista considerados tão diversos a este respeito que parece haver um tipo de inconsciente para cada modalidade de consciência. Pergunto se não cabe também sugerir que, de algum modo, todos os caminhos podem levar a Roma e que as teorias psicológicas refletem buscas e paixões do ego que, com o tempo, acabam sendo mais bem elaboradas e até mesmo substituídas. Tal como se diz: depois da paixão pode vir o amor, ou não. Talvez não seja disparate ou heresia dizer que se pode entender melhor Lacan depois de estudar Jung. E vice-versa. Paradoxal? É em Jung que aprendemos que a relação entre a consciência e o inconsciente (ego/Si – Mesmo) é um paradoxo. Sabe-se que ele se preocupou com o estudo dos tipos psicológicos muito para entender os vieses das paixões humanas, tal como as sentiu em sua dolorosa individuação frente a Freud. Foi assim que construiu uma psicologia através da integração dos pontos de vista não apenas de Freud, como também de Adler e outros.

… quanto mais o conhecimento penetra na essência do psiquismo, maior se torna a convicção de que a multiplicidade de estratificações e as variedades do ser humano também requerem uma variedade de pontos de vista e métodos, para que a diversidade das disposições psíquicas seja satisfeita. (IDEM, 1998, 11).

Se em Jung podemos ver os tipos psicológicos como parâmetros da subjetividade/objetividade da personalidade, o mesmo se pode dizer dos registros psicológicos lacanianos, o real, o simbólico e o imaginário, ou seja, o sujeito do Inconsciente visto a partir das diferentes instâncias do psiquismo “psicanalítico” – o id, o superego e o ego, respectivamente. Tal como aconteceu com a psicologia analítica desde o início, a psicanálise acabou por conceber sistemas psíquicos de certa forma personificados ou subjetivados, guardadas as diferenças conceituais e, pelo visto, tipológicas entre ambas. A marcação que se faz neste texto sobre tais paralelos não é para negar a necessidade das polarizações e diferenças na evolução da consciência e das teorias, ao contrário. No entanto, penso que o ego e a consciência em geral terminam por institucionalizar suas teorias e pontos de vista, mesmo quando estes chegam a conclusões que sutilmente se tangenciam e, em minha opinião, deviam dialogar. Não é à toa que não tenhamos uma psicologia mais integrada, mas psicologias e psicanálises que, via de regra, contrapõem-se indefinidamente como portadoras de verdades exclusivas e quase absolutas.

A ciência contemporânea, ou pelo menos parte dela – a física quântica, por exemplo – tem igualmente incluído a subjetividade em seus modelos teóricos e até mesmo compartilhado trabalhos com junguianos – veja-se, por exemplo, o escrito “Os opostos na Física Quântica e a Psicologia Junguiana”, de Victor Mansfield e J. Marvin Spiegelman (1991). Quando se faz tal movimento, relativiza-se a consciência e admite-se a participação das incertezas na experiência científica. Abre-se passagem para o que se denomina linguagem simbólica – a linguagem do Inconsciente ou do desconhecido. Jung definiu símbolo como “a melhor descrição, ou fórmula, de um fato relativamente desconhecido; um fato, todavia, postulado como existente” (JUNG, 1991 § 903). “O símbolo tem um aspecto inconsciente mais amplo, que nunca é precisamente definido ou de todo explicado. Ele conduz a mente a idéias que estão fora do alcance de nossa razão”. (IDEM, 1972, 20-21). Estas considerações trazem a preocupação com preservar a natureza do símbolo dos significados profanos da consciência. O símbolo em Jung é numinoso, sagrado, criador de consciência e não criado pela consciência. A especificidade desta abordagem simbólica é essencial à psicologia analítica e enfatiza a autonomia, a singularidade e a realidade do que Jung chamou de psique objetiva. Outros autores também tocaram no assunto por outra via:

Quando vocês vêem um arco-íris, vêem algo de inteiramente subjetivo… E, entretanto graças a um aparelho fotográfico, vocês o registram de modo inteiramente objetivo. Então, o que é isso? Não sabemos mais muito bem, não é, onde está o subjetivo, onde está o objetivo. Ou não seria que temos o hábito de colocar no nosso compreendedorzinho uma distinção muito sumária entre o objetivo e o subjetivo? O aparelho fotográfico não seria um aparelho subjetivo, inteiramente construído com a ajuda de um x e de um y, que habitam o domínio em que vive o sujeito, quer dizer, o da linguagem? (LACAN, 1994, 93).

Antes de Lacan, Freud também tropeçou com os mesmos paradoxos da psique através do que chamou “compulsão de repetição”, ou seja, a tendência do paciente a repetir na relação com o médico as vivências ou sentimentos sofridos, reais ou fantasiados. Pode-se estranhar que prefira, assim, o desprazer (gozo) ao prazer (desejo):

O que a psicanálise mostra-nos na transferência dos neuróticos pode ser encontrado nas pessoas não neuróticas, dando-nos a impressão de um destino que as persegue, de uma influência demoníaca que rege sua vida” (FREUD, O.C., III, 2516).

Fazer referência ao demoníaco em psicologia analítica é reconhecer no Inconsciente o espaço do númeno e do sagrado. Todavia, a psicanálise não fala dos deuses vivos da mitologia na experiência psíquica de todos os tempos, pois prefere calçar a autonomia do inconsciente na natureza da estrutura da linguagem. De qualquer forma, não é difícil verificar que entre todas as psicologias, ou pontos de vista psicológicos, o de Jung e o de Freud, particularmente quando revistos pelas leituras de Hillman e Lacan, respectivamente, constituem as vias que se preocupam de modo especial com a autonomia do Inconsciente frente à unilateralidade da consciência. Sabe-se que Hillman criticou os usos variados da palavra self nas teorias psicológicas: “Tentei também evitar que o termo mais pernicioso de todos, self se insinuasse em meus parágrafos. Essa palavra tem uma boca grande” (HILLMAN, 1997, 49) e Lacan temia a transformação da psicanálise em psicologia do ego, ambos preocupados em preservar o Inconsciente e sua autonomia singular das normatizações do ego e da unilateralidade da consciência.

De qualquer forma, a originalidade da ciência e do pensamento junguiano está, em grande parte, na atitude respeitosa da metodologia com o objeto estudado, em particular com seu sentido de inteireza. Uma abordagem quase poética, um tanto amorosa, que tende mais para o ritual religioso e a encenação mítica do que para a abstração científica e racionalista. Pode-se até mesmo dizer que se trata de um autor atravessado pelo mito de Eros e Psique. “Dissolve a matéria em sua própria água” diriam com ele, concreta e simbolicamente, os alquimistas. As teorias de Jung parecem nascer do próprio tecido da psique que revela, ela mesma, seus princípios. E o autor ainda explica através de sua obra mais “óbvia”:

Por existirem inúmeras coisas fora do alcance da compreensão humana é que freqüentemente utilizamos termos simbólicos como representação de conceitos que não podemos definir ou compreender integralmente. Esta é uma das razões por que as religiões e a arte empregam uma linguagem simbólica e expressam-se através de imagens. (JUNG, 1972, 21).

Na verdade, esta concepção de símbolo expressa uma atitude que o levou a considerar a existência de uma estrutura coordenadora do psiquismo, o Si-Mesmo ou o Arquétipo da Inteireza ou totalidade da função psíquica: “escolhi o termo ‘si-mesmo’ para designar a totalidade do homem, a soma geral de seus conteúdos consciente e inconsciente”. Um conceito avaliado não apenas por Hillman:

“No momento em que escreveu o mais significativo de sua obra, a fantasia de reconstituição da psique humana – fantasia do ‘grande homem’ (cujo protótipo era Goethe), da totalidade da psique redesenhada a partir do Self, arquétipo central da personalidade, era vista como possível. O mundo que habitamos hoje definitivamente é outro. Não há lugar para uma psique que tenha como meta a unidade, a totalidade – ainda que ancorada no Self e não no eu, como propunha Jung. (MARONI, 30).

Por mais imagens que possa ter a noção de Si-Mesmo ou Self, incluindo a fantasia do ‘grande homem’, talvez Jung não a “propôs” como um modelo para o ser humano, mas apenas localizou na alma do homem de todos os tempos uma tendência psíquica arquetípica para a inteireza ou totalidade. Trata-se de uma função simbólica, não histórica, ou filosófica e muito menos concreta. É viável supor que, por razões semelhantes, ainda que em contextos conceituais distintos, Lacan enfatizou em Freud a diferença entre eu-ideal e ideal do eu. A primeira, função imaginária, egóica; a segunda, função simbólica, superegóica. Por exemplo, para fundamentar a questão do Édipo e da castração, Freud (sujeito do Inconsciente) recorreu ao mesmo tempo à noção do pai selvagem e castrador da horda primitiva (imaginário) e à triangulação (número três) característica da situação edípica (simbólico). A primeira, imaginada e proposta; a segunda, dada e localizada, ainda que ambas a partir da cultura.

A palavra símbolo vem do Grego symbolon. Symbola são duas partes de moeda que são dadas a duas pessoas que fazem um acordo entre si. Cada uma preserva uma parte. Symbalo, o verbo, significa “juntar, unir”. Quando os dois pedaços da moeda são novamente unidos pelas partes contratadas, a totalidade é restaurada e a identidade afirmada. Um símbolo, então, torna a juntar dois pedaços separados em uma totalidade original, matéria e espírito. Esta totalidade unida porta a realidade da alma. (STEIN, 1999, 89).

Além da origem etimológica singular, Jung buscou o paralelo de sua visão simbólica na linguagem hermética, esquecida, desvalorizada e igualmente simbólica dos alquimistas. Considerava que os arquétipos representam a essência e a vida de uma alma não individual, inata em cada indivíduo, cuja personalidade, porém, não pode modificar, nem dela se apoderar. “É uma mesma alma no indivíduo isolado, em muitos, ou em todos os indivíduos. Da mesma forma que o mar é portador das suas ondas, esta alma universal é a condição prévia de toda a psique individual”. (JUNG, 1990, § 354). A opus alquímica estava relacionada com os poderes espirituais e divinos, mas o alquimista alternava em seu diálogo interior as presenças invisíveis de Deus, dele próprio ou de seu anjo benigno. Tratava-se de algo que se apresentava de modo mais próximo, concreto e íntimo do que um deus nas alturas, pois, para Jung:

Essa ‘prima materia’, ou ‘lapis philosophorum’, há séculos procurada e nunca encontrada, está no próprio homem, como intuíam acertadamente os alquimistas. Apenas, ao que tudo indica, este conteúdo nunca vai ser descoberto e integrado diretamente, mas só através da projeção (IDEM, § 383).

As imagens projetadas do alquimista eram projeções da alma, imagens e processos arquetípicos e “não devemos de forma alguma encará-los como fantasmas insubstanciais a modo de imagens da fantasia, mas como algo corpóreo dotado de um ‘corpus sutil’ de natureza semi-espiritual” (IDEM, O.C XII § 394). Jung explica que por não existir naquela época uma psicologia empírica da alma era fatal que reinasse um tal concretismo: tudo que o que era inconsciente projetava-se na matéria, isto é, vinha de fora ao encontro do ser humano, como é o caso do Symbola dos gregos, onde o físico e o psíquico fundem-se numa unidade indivisível. Logo, se o símbolo em Jung está estreitamente ligado a sua noção de Si-Mesmo, não se está falando de meras representações psíquicas ou de usuais concepções propostas pelo ego, mas da realização do Si-Mesmo através do ego ou da transformação de energia psíquica por meio dos símbolos, que tentam ligar ou re-ligar os processos inconscientes à consciência.

O espiritual também aparece na psique como um instinto, e mesmo como verdadeira paixão, como “um fogo devorador”, segundo a expressão de Nietzsche. Não deriva de outro instinto, como nos quer fazer crer a psicologia dos instintos, mas é um princípio sui generis, uma força específica e necessária da força instintiva. (IDEM, 1983, § 108).

Em Psicologia da Transferência, Jung utiliza o Rosarium Philosophorum, um texto alquímico acompanhado de vinte figuras, para colocar seu ponto de vista a respeito da transferência. Este conceito freudiano refere-se ao vínculo entre a criança e seus país, cujos aspectos incestuosos e inadequados o neurótico insiste em preservar, transferindo-os para outras pessoas, incluindo o analista. Trata-se do amor transferencial no relacionamento pessoal e patológico. A interpretação de Jung não exclui estes aspectos, mas também aponta para a existência de uma dinâmica do inconsciente coletivo que traz o amor, a paixão e a loucura como elementos a priori da transferência: a projeção do arquétipo da coniunctio. (LIMA, 2010). Assim, o próprio vínculo incestuoso com os pais já estaria potencialmente previsto na projeção do arquétipo.

A coniunctio é uma imagem apriorística. Desde os primórdios ocupa um lugar da maior relevância no desenvolvimento do espírito humano. Remontando à sua origem, vamos encontrar dentro da alquimia, duas fontes das quais derivam essas idéias: uma cristã, outra pagã. A fonte cristã é incontestavelmente o ensinamento do Cristo e da Igreja, o do ‘sponsus et sponsa’ (esposo e esposa), sendo que a Cristo cabe o papel de Sol e à Igreja, o de Luna. A fonte pagã é o Hierosgamos (a hierogamia), por um lado e, por outro, a união conjugal do místico com a divindade. (JUNG, 1999, § 355).

Na mesma obra, Jung fala das figuras do rei e da rainha que aparecem nas gravuras do texto. A opus alquímica era, muitas vezes, realizada em conjunto, por um homem e por uma mulher, o adepto e a sóror. Tomando-se como modelo simbólico esta realização conjunta, a díade rei-rainha que se vê em tais gravuras representa as projeções da anima e do animus dos executantes do processo, ou seja, a projeção de um relacionamento entre o lado feminino e inconsciente do homem e do lado masculino e inconsciente da mulher. Mais completamente, o trabalho alquímico sobre a matéria reflete, segundo Jung, a resultante psíquica de um relacionamento quaternário cruzado formado pelas consciências e inconscientes do adepto e da sóror. Como se tratava de um processo projetivo cuja natureza última desconheciam, ao mesmo tempo em que a intuíam, pode-se dizer que havia uma motivação inconsciente para trazer à consciência o lado feminino do adepto e o lado masculino da sóror, realizando a integração de opostos na personalidade. Isto é o que Jung chamou de processo de individuação, a discriminação dos aspectos do inconsciente coletivo que se acham amalgamados com a individualidade psíquica.

Ele explica esta motivação inconsciente para tal processo através do significado espiritual da libido sexual que Freud situou na raiz do complexo de Édipo e também recorre a suposições de natureza sócio-antropológica para justificá-la. Na libido edipiana ou incestuosa “escondem-se… os sentimentos mais imorais e ao mesmo tempo mais sagrados, que constituem a multiplicidade indescritível e inexplicável das formas de relacionamento humano e as revestem de compulsividade” (IDEM, 49). Tratar-se-ia de sentimentos secretos, constrangedores, intensos e cheios de ternura, pudicos e vergonhosos. A libido de parentesco procura manter a família unida e, analogamente à libido sexual freudiana, revela em seu aspecto incestuoso a intensidade atraente dos sentimentos mais íntimos. Partindo destas concepções ao mesmo tempo parecidas, mas diferenciadas de libido, tem-se dois resultados também diferentes, mas paralelos e muitas vezes tangenciais com relação ao percurso de Eros no psiquismo.

Na psicanálise, Eros parte identificado ou caminhando lado a lado com a libido dita sexual, infantil e perverso-polimorfa, constituída por pulsões desencontradas. O desenvolvimento psicossexual inicia-se através do relacionamento mãe-bebê, onde o olhar da mãe provê a criança de uma ilusão de unidade e satisfação plena. Trata-se do domínio do eu-ideal, configurando o registro do imaginário: o bebê só quer ser cuidado e alimentado e a mãe só quer cuidar. Caracterizado pela idéia ilusória da satisfação plena, o eu ideal não encontra tal satisfação e nem se encontra nos objetos externos, que também podem frustrá-lo, destruindo sua ilusão de plenitude. Como esta ilusão lhe é necessária e constituinte, resta-lhe a saída de recriar seus objetos, internalizando-os através da representação na fantasia. Esta representação é uma nova forma do eu ideal – o ideal do eu – um estado psíquico que é um meio termo entre o eu ideal e o objeto externo, conservando-se o eu e o narcisismo sem que se desista do objeto, que é o outro. Caso não se consiga completar a operação toda, o eu fica reduzido ao estado de eu ideal, sendo tomado ou destruído pelo objeto. Em outras palavras, o narcisismo primário é a unificação das pulsões parciais sob a demanda e o cuidado dos pais, impondo-se a necessidade de um esforço psíquico para se separar deles e individualizar-se. O ideal do eu é a instância diferencial, que leva ao narcisismo secundário com a participação do eu e a inclusão do amor e da agressividade em uma dinâmica de fusão e separação.

Fonte das identificações com o outro, o ideal do eu é o precursor do supereu – instância simbólica por excelência. Freud utiliza muitas vezes estes termos como sinônimos, mas, ao que parece, destaca a função do ideal do eu para realçar dois movimentos diferentes no desenvolvimento psíquico com referência ao eu e ao supereu. No primeiro, o eu promove suas identificações com o objeto para fazer dele algo idêntico a si mesmo e tentar controla-lo através da fantasia e, no segundo, assimilando o objeto, o eu internaliza a lei que dá o limite representado pela existência do outro. São dois tempos: um de fusão e identificação e outro, de separação, afastamento e discriminação. Um, na via imaginária e narcísica, outro, na via simbólica que viabiliza a alteridade. Ao final deles, grande parte da sexualidade infantil é reprimida, retornando compulsoriamente na forma de amor narcísico ou apaixonado. A convivência humana e o amor só se tornam possíveis através da lei que leva ao acordo, expresso pela via simbólica da linguagem. O amor narcísico, porém, tem o poder de subverter a função simbólica e há momentos em que temos a impressão de encontrar exatamente o que desejamos, tal “como era ‘vivenciado’ na relação mãe-bebê”. O outro se coloca no lugar de nosso desejo e/ou nós nos colocamos no lugar do desejo do outro. Trata-se da paixão, ou seja “… quando se está apaixonado, se é louco, como diz a linguagem popular”. (LACAN, IDEM, 166).

Agora, é somente através de incessantes movimentos de identificação/fusão e discriminação/separação que se pode chegar a um conhecimento de si mesmo e do outro. “É o que faz para o sujeito a necessidade do que chamarei amor” (IDEM, 202). É nesta busca compulsiva de si mesmo no outro, através de um caminho que vai do narcisismo primário ao secundário, do eu ideal ao ideal do eu, do eu pleno em si mesmo para os objetos externos, passando pelos objetos da fantasia, que o sujeito pode superar ou transformar o desejo.

É preciso a uma criatura alguma referência ao além da linguagem, a um pacto, a um engajamento que a constitui, para falar propriamente, como um outro, incluído num sistema mais geral, ou mais exatamente universal, dos símbolos inter-humanos. Não há amor funcionalmente realizável na comunidade humana, se não é por intermédio de um certo pacto, que, seja qual for a forma que toma, tende sempre a se isolar numa certa função, ao mesmo tempo no interior da linguagem e no exterior. É o que se chama função do sagrado, que está para além da relação imaginária. (IDEM).

Assim, a via psicanalítica parece referir-se ao racalque como um impasse constitucional do sujeito na assimilação do ser. O sujeito é o resultado de sua constituição expressa pelo Id, ego e superego, dentro dos registros psíquicos do real, imaginário e simbólico. Contudo, o sujeito não é o ser. Invocando a frase de Freud, “Lá onde o id estava, o ego há de estar”, Lacan se pergunta se devemos interpreta-la no sentido de uma ampliação de consciência, da conscientização do inconsciente ou se devemos considera-la como significando um deslocamento do plano do sujeito para o plano universal da linguagem. Em suma, um deslocamento do plano do sujeito para o plano do ser em suas infinitas possibilidades simbólicas do mundo da linguagem. Por isso, conclui: “Lá onde o id estava – não acreditem que ele está lá. Está em muitos lugares”. (IDEM, 225).

O superego é uma instância de identificações simbólicas culturais, grupais, familiares e individuais, que limita as possibilidades simbólicas do ser, incluindo o amor e a paixão. Herdeiro do complexo de Édipo, ele “cinde o mundo simbólico do sujeito, corta-o em dois, numa parte acessível, reconhecida, e numa parte inacessível, interditada”. (IDEM, 226). O superego limita as possibilidades de realização do ser, recortando no universo simbólico apenas um fragmento. Esta interdição faz-se através do complexo de Édipo porque este “ocupa uma posição privilegiada na etapa atual da nossa cultura, na civilização ocidental”. (IDEM, 229) O sujeito é sempre chamado a situar seu desejo no simbólico, mas a exigência do complexo de Édipo “nem por isso nos dispensa de nos apercebermos de que outras estruturas do mesmo nível, do plano da lei, podem desempenhar, num caso determinado, um papel igualmente decisivo”. (IDEM, 230). Assim, apontando para a importância de outros mitos, além do de Édipo, na constituição psíquica, Lacan esclarece: “O que Freud nos mostra, pois, é isto – é na medida em que o drama subjetivo é integrado num mito que tem um valor humano extenso, e mesmo universal, que o sujeito se realiza”. (IDEM, 221).

Depois de percorrer inúmeras vezes o caminho do imaginário ao simbólico, do eu ideal ao ideal do eu, nomeando e reintegrando sua história imaginária e seus desejos angustiantes, nem por isso tudo está acabado, pois o sujeito “deve ir se reportar no sistema completado dos símbolos”. (IDEM, 230). No entanto, “… o homem contemporâneo se tornou singularmente inábil para abordar esses grandes temas. Prefere resolver as coisas em termos de conduta, de adaptação, de moral de grupo e outras banalidades”. (IDEM). Lacan termina diferenciando o amor no sujeito e o amor no ser. “O amor distingue-se do desejo, considerado como relação-limite que se estabelece de todo organismo ao objeto que o satisfaz. Porque seu ponto de mira não é a satisfação, mas o ser”. (IDEM, 314). Assim, “não se pode falar de amor senão onde a relação simbólica existe como tal”. (IDEM). Deve-se “distinguir agora o amor, como paixão imaginária do dom ativo que constitui no plano simbólico… o amor daquele que deseja ser amado, é essencialmente uma tentativa de capturar o outro em si mesmo, em si mesmo como objeto”. (IDEM). Ou seja, trata-se também de amor, mas amor narcísico, sofrido, que se satisfaz muito pouco com ser amado por seu bem.

“O amor, não mais como paixão, mas como dom ativo, visa sempre, para além da cativação imaginária, o ser do sujeito amado, a sua particularidade. É por isso que pode aceitar dele até muito longe as fraquezas e os rodeios, pode mesmo admitir os erros, mas há um ponto em que pára, um ponto que se situa a partir do ser – quando o ser amado vai muito longe na traição de si mesmo e persevera na tapeação de si, o amor não segue mais”. (IDEM, 315).

Finalizando o seminário sobre os escritos técnicos de Freud, Lacan faz menção à dialética do senhor e do escravo, válida para as relações em geral e para a relação analítica:

“O sujeito que pensa o pensamento do outro, vê no outro a imagem e o esboço dos seus próprios movimentos. Ora, cada vez que o outro é exatamente o mesmo que o sujeito, não há outro mestre exceto o mestre absoluto, a morte. Mas é preciso ao escravo um certo tempo para ver isso… Porque ele está bem contente de ser escravo, como todo mundo”. IDEM, 327).

Em Psicologia Analítica, o amor parte da libido de parentesco já mencionada e sua espiritualização como os complexos psíquicos da anima e do animus, representantes das forças arquetípicas e numinosas de reis, rainhas e divindades masculinas e femininas.

Na imagem da divindade, ela se encontra projetada de um modo manifesto, mas quando ela aparece em sua própria forma (psicológica), ela é introjetada:… é a ‘anima within’ (anima interior). É a sponsa (esposa) natural, ao mesmo tempo mãe, irmã, filha e esposa do homem desde a origem dos tempos; é essa companheira que a tendência endógama espera em vão encontrar na mãe ou na irmã. Exprime aquele anseio íntimo que, desde os tempos mais remotos, teve que ser sacrificado (JUNG, 1999, § 438).

Como se trata de um instinto, não há substituto para a libido de parentesco. Ela quer o vínculo humano e o parceiro de relacionamento apresenta-se inicialmente como sua via de realização, embora não constitua seu fim e tampouco seu meio exclusivo. Isto significa que, se por um lado, a projeção nunca será eliminada, por outro ela deve ser submetida à reflexão ou à meditação, como preferiam os alquimistas, “porquanto a relação com o Si-mesmo é ao mesmo tempo a relação com o próximo. E ninguém se vincula com o outro, se antes não se vincular consigo mesmo”. (IDEM, § 445). Este paradoxo é a questão central do amor humano: o homem é compelido a buscar no parceiro aquilo que no final está em si mesmo. Não é sem motivo que Eros é considerado um intermediário entre os deuses e os homens e tampouco são mera espuma as palavras de Orígenes: “Entende que és um outro mundo em miniatura; e que o sol, a lua e até as estrelas estão dentro de ti”. (IDEM, § 397).

A seqüência de acontecimentos que envolvem o rei e a rainha do Rosarium referem-se à transformação da consciência universal, mas esta transformação só é alcançada através da individualidade de sucessivos relacionamentos humanos. O processo reflete um encontro de prazer e sofrimento entre psiquismos que eventualmente sairão profundamente modificados pela vivência de Eros. Diz-se ‘eventualmente’ porque tais encontros podem ser vividos de modo inconsciente ou consciente durante a existência individual. No primeiro caso ele é vivido quase que exclusivamente através das projeções nos relacionamentos e, no segundo, ainda que se projete da mesma forma, existe uma atitude que incorpora um olhar reflexivo sobre o que é projetado no outro. O processo consciente é complexo e trabalhoso, pois busca encarar com consciência o sofrimento que sempre existe, consciente ou inconscientemente.

Se é preciso pagar pelo caminho errado, o certo também tem seu preço. Por mais que os alquimistas celebrem a ‘venerabilis natura’ (venerável natureza), trata-se de qualquer maneira de um ‘opus contra naturam’. É contra a natureza cometer um incesto e é contra a natureza não seguir uma forte atração… Aquele que se encontra a caminho da totalidade não pode escapar desta estranha suspensão representada pela crucifixão. Com efeito, ele encontrará infalivelmente aquilo que atravessa o seu caminho e o cruza, isto é, em primeiro lugar aquilo que ele não queria ser (a sombra), em segundo lugar, aquilo que não é ele, mas o outro (a realidade individual do tu) e em terceiro lugar, aquilo que é seu Não-eu psíquico, o inconsciente coletivo. (IDEM, § 469).

A dedicação e fascinação extremas do alquimista pela opus ficam mais compreensíveis quando se entende que ele lidava com as forças arquetípicas do domínio de Eros. No Rosarium Philosophorum estas forças aparecem na forma de um casamento sagrado – o hierosgamos – uma conjunção do rei e da rainha, ou a relação incestuosa entre os deuses e irmãos gêmeos Apolo e Diana. Não é por acaso que estes deuses também possuem o arco e a flecha. Ambos estão ligados pelo amor incestuoso que se refere à ligação com o que há de mais próximo ao homem e que é ele mesmo. Este amor incestuoso constitui a base dos relacionamentos afetivos, levando homens e mulheres a procurar, respectivamente, a anima na mãe, na irmã e nas mulheres em geral e o animus no pai, no irmão e nos homens em geral. A coniunctio do rei e da rainha revela-se, portanto, uma união ilegítima e incestuosa por princípio, já que sua natureza última expressa a união do ser consigo mesmo, ou seja, a individuação ou a auto-realização.

O objetivo essencial do ‘opus psychologicum’ é o desenvolvimento da consciência, isto é, em primeiro lugar, a tomada de consciência dos conteúdos até então projetados. Esse esforço leva pouco a pouco ao conhecimento do outro, bem como ao conhecimento de si e assim, a distinguir o que a pessoa é na realidade daquilo que nela é projetado ou o que ela fantasia a seu respeito. Neste processo estamos tão empenhados em nosso próprio esforço que mal percebemos a que ponto a ‘natureza’ nos impele e nos ajuda; em outras palavras, mal percebemos o quanto o instinto está interessado em atingir esse nível superior de consciência. (IDEM, § 471).

Em linhas gerais, a via alquímica de transformação, retratada nas pranchas do Rosarium Philosophorum, coincide com o processo de individuação, pois “descreve um modelo de transformação que ocorre continuamente no inconsciente enquanto ele se esforça para criar um si-mesmo em um tempo de vida”. (SALANT, 1998, p. 175). Isto significa aproximar o ego consciente do inconsciente realizando a integração de aspectos do inconsciente pessoal e coletivo que não estão presentes na consciência individual. Como o individuo é parte de uma coletividade, a individuação não apenas transforma sua própria consciência como também a consciência enquanto valor universal de todos os homens e de todas as épocas.

No entanto esta meta não será atingida, se o homem não se puser livremente a seu serviço. Para os alquimistas, o ‘artifex’ (artífice) da obra é o servidor, e não é ele, mas sim a natureza que leva à perfeição. Contudo, isso exige vontade e saber por parte do homem. Faltando essas duas coisas, o impulso em direção à consciência permanece preso ao nivel do simbolismo primitivo e apenas perverte aquele desejo de totalidade. Este, para realizar seu objetivo, precisa de todas as partes da totalidade, inclusive as que são projetadas em um tu. É aí que o artífex vai procurá-las, a fim de reconstituir aquele casal régio que está presente na totalidade de todo ser humano, ou seja, aquele homem primordial bissexuado ‘que se basta a si mesmo’. Quando esse instinto se manifesta, ele aparece primeiro disfarçado no simbolismo do incesto, pois o feminino mais próximo de um homem é sua mãe, sua mulher ou sua filha, quando ele não o procura dentro de si. (IDEM).

O Rosarium Philosophorum descreve o percurso a caminho da totalidade através de uma seqüência de operações alquímicas cujas substâncias impuras são personificadas pelo encontro entre o rei e a rainha. Este encontro representa o início de qualquer relacionamento no qual a sombra, a realidade individual do tu e o inconsciente coletivo acham-se amalgamados, ou seja, inconscientes e indiscriminados, condição que é representada simbolicamente pela relação incestuosa entre os parceiros. Tais aspectos deverão ser trazidos à consciência e discriminados. Em outras palavras, a totalidade já existe de forma inconsciente, mas o Si-mesmo quer realizar-se conscientemente na vida através do ego. Tornar consciente um conteúdo do inconsciente é um acontecimento que modifica ambas as instâncias psíquicas, refletindo na consciência a atividade compensatória do inconsciente. Logo, ainda que em essência o Rosarium refira-se a um processo inconsciente, configura-se através dele a idéia de um casamento entre a consciência e o inconsciente e este casamento, ainda que desejado, é incestuoso e traz consigo um desequilíbrio do ego face às propostas sempre mais abrangentes do Si-mesmo. O ego é instigado a rever-se a todo o momento, renunciando às estruturas conseguidas com grande esforço e cedendo à renovação. Jung dizia que a vivência do Si-mesmo é uma derrota para o ego, sendo acompanhada por estados de excesso, inflação, desorientação, culpa, mortificação, desmembramento e loucura.

Em todo caso, a integração de conteúdos que sempre estiveram inconscientes projetados significa uma grave lesão do eu. A alquimia exprime este fato através dos símbolos da morte, ferimento, envenenamento, ou então através da estranha idéia da hidropisia, representada… pela ingestão excessiva de água pelo rei.(IDEM, § 472).

Em qualquer dos percursos apresentados é evidente a importância fundamental da atitude ou estado do ego no relacionamento com a totalidade psíquica. Na psicanálise, a oscilação entre o eu ideal e o ideal do eu determina o maior ou menor grau de repressão e conseqüente realização do ser no desenvolvimento psíquico. O incessante vai-e-vem das identificações e desidentificações do ego constitui um movimento contínuo de fusões e separações para lidar com um narcisismo que levou à concepção de um inconsciente reprimido. O amor e o ódio ficam fora do circuito pulsional, como categorias à parte. Em psicologia analítica, ainda que a questão narcísica não determine tão intrínsicamente a natureza do inconsciente, a atitude do ego e do estado de consciência são fundamentais para a realização do Si-Mesmo e, portanto, da potencialidade psíquica. O ego deve elaborar a sombra e a identificação com o inconsciente coletivo para de fato relacionar-se consigo mesmo e com o outro. Antes disso, trata-se de paixão, um estado compulsivo, mas necessário, que corresponde ao amor narcísico considerado por Lacan. De um modo extremamente próximo à elaboração final feita pela psicanálise, Salant sintetiza os movimentos do processo:.

“Deve-se aprender como entrar e sair do campo de união; e até que se adquira experiência suficiente para lidar com a área, não se entrará inteiramente, permanecendo-se narcisisticamente isolado ou, então, tentar-se-á entrar para ser engolido de imediato pelas energias magnéticas do campo, fundindo-se a elas. O empreendimento completo é extremamente doloroso, pois antigos laços são abertos e saltam no processo. Contudo, descobre-se o próprio caminho somente através de repetidas excursões no território e, através do sofrimento, os laços feridos podem ser propriamente curados com o tempo. (LIMA, 2010 apud SALANT 1998).

Trata-se dos movimentos intermitentes e compulsivos que resultam na assimilação dos complexos através da projeção (fusões -identificações) e em sua contínua elaboração na consciência mediante a reflexão (separações -desidentificações). O processo todo leva a sucessivas mortes e renascimentos do ego através da seqüência coniunctio-nigredo-albedo-rubedo, tal como é ilustrada no texto alquímico Rosarium Philosophorum, utilizado por Jung em Psicologia da Transferência. Neste ponto, a psicologia analítica pareceu-me ser extremamente feliz por trazer à consciência a possibilidade da morte do ego como símbolo de transformação. A meu ver, a coniunctio anima-animus nela presente expressa a própria natureza do símbolo na concepção junguiana, revelando-se particularmente como prima-materia da elaboração dos princípios do Eros e do Logos, respectivamente responsáveis pelas aproximações-identificações-fusões e distanciamentos-separações-desidentificações nas relações humanas.

Isto pode não ser tudo, mas já é um tanto. Assim como Jung foi em busca dos esquecidos alquimistas, um dia talvez saiam em busca de um esquecido Jung. Os dias atuais com freqüência parecem apontar na direção de um tempo cada vez mais carente de ritos, mitos e poesia, rumo à massificação tão temida pelo médico suiço. No entanto, pode ser que tal não aconteça. Um dia destes, em uma atividade não muito “profunda”, mais precisamente fazendo uma esteira na academia, assisto pela MTV um gordinho americano, adolescente, limpando a casa com um aspirador de pó. De repente, ele cutuca algo embaixo do sofá e apanha-o. Era uma estranha metade de prato, cortada irregularmente ao meio. Vê que aquilo brilha e pulsa, mas, não sabendo o que significa, abandona-o sobre a mesa. Logo depois, porém, encontra a outra metade em outro canto da sala e junta as duas partes reintegrando o prato inteiro. O brilho emitido pelo objeto foi agora maior. Mesmo assim, ele não capta o significado daquilo e joga o prato no lixo. No dia seguinte, lê pelo jornal que um gari ao recolhê-lo havia ficado rico, ganhando na loteria. O gordinho maldiz intensamente a própria ignorância. Todavia, na manhã do outro dia, fica sabendo que o gari havia morrido por ter um raio lhe caído sobre a cabeça. O aparelho de TV da academia estava sem som, mas, aparentemente, nada é mencionado a respeito do Symbalo. No entanto, ele estava ali, vivo e pulsante no clipe do Andy Milonakis Show…

… não se trata de provar a existência da luz, e sim de que há cegos incapazes de saber que seus olhos poderiam enxergar (JUNG, 1994 § 14).

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLARKE, J.J. (1993). Em busca de Jung. Rio de Janeiro, Ediouro.
EDINGER, E.F. (1990). Anatomia da Psique. Cultrix, São Paulo.
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JUNG, C. G. (1999). Ab-reação, análise dos sonhos, transferência. O .C. XVI/2. Vozes, Petrópolis.
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JUNG, C. G. Memórias, sonhos e reflexões. Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
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LACAN, J. (1994). Os escritos técnicos de Freud. Livro 1. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro
LIMA, C. (2003). O Amor, seu tudo, seu nada: ânsia íntima da alma.Rio, SBPA.
LIMA, C. (2010). Quando o amor não pode existir, tampouco inexistir. Junguiana 28/1.
MANSFIELD, V. e SPIEGELMAN, J. M. (1991). Os opostos na Física Quântica e a Psicologia Junguiana. Journal of Analythycal Psychology, n° 36, 267-287).
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MEIRELES, C. (2003). Cânticos. Coleção Veredas, Editora Moderna, Rio de Janeiro.
SALANT, N. S. (1998) The Mysteryof Human Relationship. Alchemy and the Transformation of the Self. New York, Routledge.
STEIN, M. (1999). The reality of soul. Junguiana, São Paulo.

o tem um aspecto inconsciente mais amplo, que nunca é precisamente definido ou de todo explicado. Ele conduz a mente a idéias que estão fora do alcance de nossa razão.


Fonte: sbpa-rj.org.br/




A Camisa De Um Homem Feliz



Um califa sofrendo de uma doença mortal, estava deitado sobre almofadas de seda. Os raquins, os médicos de seu país, congregados ao seu redor, concordaram entre si em que apenas uma coisa poderia conceder cura e salvação ao califa: colocar sob sua cabeça a camisa de um homem feliz.

Mensageiros em grande número saíram buscando em toda cidade, toda vila e toda cabana, por um homem feliz. Mas cada pessoa por eles interrogada nada expressava senão tristeza e preocupações.

Finalmente após ter abandonado toda a esperança, os mensageiros encontram um pastor que ria e cantava enquanto observava seu rebanho.

Era ele feliz?

" Não posso imaginar alguém mais feliz que eu", disse o pastor rindo-se.

"Então, dê-nos tua camisa" gritaram os mensageiros.

Mas o pastor respondeu: "Eu não tenho nenhuma camisa!".

Essa notícia patética, de que o único homem feliz encontrado pelos mensageiros não possuía uma camisa, deu o que pensar ao califa.

Por três dias e três noites ele não permitiu que nenhuma pessoa se aproximasse dele.

Finalmente no quarto dia, fez com que suas almofadas de seda e suas pedras preciosas fossem distribuídas entre o povo e, conforme conta a lenda, daquele momento em diante o califa outra vez ficou saudável e feliz.

Do livro: O Mercador e o Papagaio -
Histórias Orientais como Ferramentas em Psicoterapia
Com cem exemplos para a educação e a auto-ajuda
Nossrat Peseschkian - Papirus Editora






Pat Boone - I'll See You In My Dreams (1962)




I'll See You In My Dreams
Pat Boone


I'll See You In My Dreams
I'll see you in my dreams
And I'll hold you in my dreams
Someone took you right out of my arms
Still I feel the thrill of your charms

Lips that once were mine
Tender eyes that shine
They will light my way tonight
I'll see you in my dreams

Oh, someone took you right out of my arms
Still I feel the thrill of your charms

Lips that once were mine
Tender eyes that shine
They will light my way tonight
I'll see you in my dreams




I'll See You In My Dreams (Tradução)
Te verei em meus sonhos
E lhe abraçarei em meus sonhos
Alguém tirou-te de meus braços
Ainda sinto o arrepio de seus toques

Lábios que uma vez foram meus
Olhos ternos que brilhavam
Eles iluminarão meu caminho esta noite
Te verei em meus sonhos

Oh, alguém tirou-te de meus braços
Ainda sinto o arrepio de seus toques

Lábios que uma vez foram meus
Olhos tenros que brilhavam
Eles iluminarão meu caminho esta noite
Te verei em meus sonhos

Gustavo Del Negro



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Grãos de sabedoria




Bem sem Luz
A partir do momento em que praticamos o mal, este surge como uma espécie de dever. A maior parte das pessoas tem o sentimento do dever para com certas coisas más e outras boas. Um mesmo homem sente como um dever vender tão caro quanto pode e não roubar, etc. O bem entre esses está ao nível do mal, um bem sem luz.

Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'





A Promiscuidade Tira a Vontade




O que é a experiência? Nada. É o número dos donos que se teve. Cada amante é uma coronhada. São mais mil no conta-quilómetros. A experiência é uma coisa que amarga e atrapalha. Não é um motivo de orgulho. É uma coisa que se desculpa. A experiência é um erro repetido e re-repetido até à exaustão. Se é difícil amar um enganador, mais difícil ainda é amar um enganado.
Desengane-se de vez a rapaziada. Nenhuma mulher gosta de um homem «experiente». O número de amantes anteriores é uma coisa que faz um bocadinho de nojo e um bocadinho de ciúme. O pudor que se exige às mulheres não é um conceito ultrapassado — é uma excelente ideia. Só que também se devia aplicar aos homens. O pudor valoriza. 0 sexo é uma coisa trivial. É por isso que temos de torná-lo especial. Ir para a cama com toda a gente é pouco higiénico e dispersa as energias. Os seres castos, que se reprimem e se guardam, tornam-se tigres quando se libertam. E só se libertam quando vale a pena. A castidade é que é «sexy». Nos homens como nas mulheres. A promiscuidade tira a vontade.Uma mulher gosta de conquistar não o homem que já todas conquistaram, saquearam e pilharam, mas aquele que ainda nenhuma conseguiu tocar. O que é erótico é a resistência, a dificuldade e a raridade. Não é a «liberdade», a facilidade e a vulgaridade. Isto parece óbvio, mas é o contrário do que se faz e do que se diz. Porque será escandaloso dizer, numa época hippificada em que a virgindade é vergonhosa e o amor é bom por ser «livre», que as mulheres querem dos homens aquilo que os homens querem das mulheres? Ser conquistador é ser conquistado. Ninguém gosta de um ser conquistado. O que é preciso conquistar é a castidade.

Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'





O Lado Obscuro de cada um de Nós



Passou no seu casamento por aquilo que é quase um facto universal - os indivíduos são diferentes uns dos outros. Basicamente, constituem um para o outro um enigma indecifrável. Nunca existe acordo total. Se cometeu algum erro, esse erro consistiu em ter-se esforçado demasiadamente por compreender totalmente a sua mulher e por não ter contado com o facto de, no fundo, as pessoas não quererem saber que segredos estão adormecidos na sua alma. Quando nos esforçamos demasiado por penetrar noutra pessoa, descobrimos que a impelimos para uma posição defensiva e que ela cria resistências porque, nos nossos esforços para penetrar e compreender, ela sente-se forçada a examinar aquelas coisas em si mesma que não desejava examinar. Toda a gente tem o seu lado obscuro que - desde que tudo corra bem - é preferível não conhecer.Mas isto não é erro seu. É uma verdade humana universal que é indubitavelmente verdadeira, mesmo que haja imensas pessoas que lhe garantam desejar saber tudo delas próprias. É muito provável que a sua mulher tivesse muitos pensamentos e sentimentos que a tornassem desconfortável e que ela desejava ocultar de si mesma. Isto é simplesmente humano. É também por este motivo que tantas pessoas idosas se refugiam na própria solidão, onde não serão incomodadas. E é sempre sobre coisas de que elas não desejariam estar muito cientes. O senhor não é, obviamente, responsável pela existência destes conteúdos psíquicos. Se, apesar disto, ainda for atormentado por sentimentos de culpa, reflicta então sobre os pecados que não cometeu e que gostaria de ter cometido. Isto poderá eventualmente curá-lo dos seus sentimentos de culpa relativamente à sua mulher.

Carl Jung, in 'Cartas'





 
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